Fico tão triste de ver como a literatura nacional é desprestigiada... Pode parecer que estou legislando em causa própria, diante de outras tantas dificuldades pelas quais o nosso país passa... Não quero comparar saúde e alimentação com cultura e educação; mas, veja bem, cada item tem importância inequívoca e percentual na formação do ser humano em sua completude e necessidade. Não podemos esperar viver com mais de um e menos de outro item gerador da vida, porque o desequilíbrio gera a sobrevivência e não a vivência em sua potencialidade total e correta.
Esse desabafo tem motivo. E nome engraçado também. Jabuti. Isso lá é nome de premiação de grande importância? Pois assim é chamado o “Oscar da Literatura Brasileira”: Prêmio Jabuti. Na época da escola, eu pensava que era prêmio de literatura infantil, porque jabuti é tartaruga e tartaruga anda devagarzinho... E na minha mente de criança, literatura infantil era para quem estava começando na incrível carreira de escritor, portanto, começando devagarzinho... Ganhando um Jabuti, para (quem sabe?) depois tentar um prêmio leopardo ou leão, como já existe.
Curiosidade: O jabuti é a designação vulgar dos répteis do gênero Chelonoidis da ordem dos Quelônios.
Pois então... Essa semana saiu o resultado do Prêmio Jabuti. Cada escritor ganhou o maravilhoso prêmio de... R$ 3 mil reais (chora bebê). Mas você pode replicar: “são 21 categorias”. E daí? Cada trabalho inscrito no prêmio tem que pagar a módica quantia de R$180,00. Esse ano, mais de 2500 obras foram apresentadas. Portanto... Não é uma premiação que se paga, mas há um investimento por parte de quem devia ser celebrado. E investimento alto, porque o autor só tem direito a 10% do total das vendas dos livros, que é geralmente o correspondente aos seus direitos autorais. 3 mil é uma piada. BUT... Mo dia 4 de Novembro vamos conhecer os vencedores na categoria Ficção e Não- Ficção, que embolsarão 30 mil reais. Òooooo
Entrevistei uma vez a Lygia Fagundes Telles e me apresentaram como a vencedora do Prêmio Jabuti. Começo de carreira, eu mais tonta que peru bêbado em véspera de Natal, ficava olhando aquela mulher simples, cujos bajuladores se gabavam de um prêmio com nome tão sem sentido (para mim). Depois entrevistei a Nélida Piñon. Ano 2005. Ela arrebatou o Prêmio Príncipe das Astúrias, na Espanha. Aí sim, digno. Será que as letras só hão de ser valorizadas no Velho Continente? Para onde caminhará um país dito em Desenvolvimento, se ele não investe no desenvolvimento da mente, da inteligência, do conhecimento, da educação?