29.7.10

Labirintos internos





Eu me considero "tímida". Assim mesmo, entre aspas, porque sou cheia de mistérios insondáveis, de questionamentos caretas, atitudes internas e ao mesmo tempo aberta às novidades e a espontaneidade diante da vida. Eu sempre olho nos olhos e em alguns casos sustento ou desvio o olhar. É quando a timidez se apresenta com ou sem aspas... 


Vivo e sobrevivo envolvida nas minhas questões, nesse mundo imenso e cheio de detalhes que criei para mim dentro do peito ou no recôndito da memória. Existe um lugar em mim, um lugar assim de se estar. Existem labirintos tantos, tortos, nesse meu universo particular... 


Tenho dedicação à palavra escrita e fascinação pela palavra dita. A palavra dita a tempo certo e escrita em termos exatos. Chaves para acessos das variáveis idiossincrasias. Tenho dedicação por escrever, tanto quanto tenho dedicação por mim. Pouca até, diante de tanto desejos incontestes e inconfessos. Escrever é dom, fardo, sina. Pensar é escrever com mente em tintas de fumaça não-espessa: some na leveza de um instante; marca na velocidade de um átimo. 


Escrevo para libertar fantasmas; escrevo para aprisionar momentos que se vão antes que se percam. Vivo para ser registro e deixo marcas que aspiro indeléveis em sua bondade expressa - pelo menos na intenção de querer ser sempre melhor ou querer sempre o melhor de mim, de ti, de nós. 


As suas palavras colorem o meu dia e transformam a minha realidade interna e a aparência externa - na consequência da ação involuntária. As suas palavras preenchem meus labirintos e me norteiam à real direção: ser alguém melhor, maior em espaços internos, mais valente, mais forte, mais consistente. As suas palavras me transformam em frases, que transformam pessoas. Sou amada por elas: as pessoas transformadas, as palavras transportadas. Sou.      


   

28.7.10

Eu não cismo com o coração

Acho o cúmulo alguém acreditar que eu possa cismar com uma pessoa que está na minha vida e para quem abro o meu coração sistematicamente. Meu coração é um terreno que cabe muitos, mas poucos tem acesso amplo e irrestrito, porque conservo os meus mistérios, como quem guarda um tesouro raro. Eu não cismo com as pessoas. Cada um tem a sua escala de valores dentro de mim e ninguém é mais ou menos. Mais ou menos é preguiça de classificar as pessoas e eu valorizo a troca que tenho com cada um que passa e deixa algo. Outros apenas passam e não são mais ou menos, são passageiros com os quais também não cismo. Eu não cismo com pessoas ou sentimentos, eu cismo com ideias e ideias se perdem, se transformam ou se executam, que por assim dizer é uma forma de se transformar em algo palpável. Quem está na minha vida tem peso e é ou não é de forma bem definida. Eu não cismo com o coração, ok?

Ouvi hoje





Tive esse diálogo hoje e achei a frase genial!


- Pô, perdi o sono essa noite!


- Não se preocupe, você o encontra ao longo do dia...


Hahahahahaha
"Tai" a maior verdade :)





News Copa




Três matérias especiais estão saindo do F-O-R-N-O! Foi uma espécie de série de reportagens que tem como elo o meu querido Copacabana Palace, lugar tão lindo, tão emblemático e palco de grandes eventos que já cobri.


Para que gosta de acompanhar o lado A:

1) Casar no Copacabana Palace é um desejo apoteótico


2) Uma noite no Copa é alternativa possível


3) Cenas de um casamento no Copacabana Palace

27.7.10

The way I like it






A Voz do Coração

Muitas vezes parece-me glorioso ouvir um coral de cinquenta ou cem vozes em que há harmonia. Mas, quando há uma pessoa desafinada, posso ouvir aquela terrível voz prejudicando o coral todo. Minha vontade é que o desafinado fechasse a boca. Entretanto, muitas vezes, aquele que está cantando fora do tom pensa que a sua execução está maravilhosa. Ele não consegue ouvi-la, mas os outros conseguem...


 Em seu livro “Minha Força Diária”, Samuel Doctorian falava sobre a importância da unidade no corpo de Cristo (a igreja) e usou uma ilustração a respeito de um coral para dar ensejo à mensagem. Sempre leio esse livro, que traz pequenas lições cotidianas, antes de dormir e foi justamente esse trecho que me tirou do lugar comum. Vou voltar mais uma vez no tempo e pegar emprestado o tema que a Aline (Step Tops To Be) levantou para o blog: solidariedade.

Não sei se já contei por aqui, mas durante muito tempo eu fiz parte de um coral (de vários ao longo da vida e de nenhum atualmente). Minha voz e ouvidos foram sendo treinados para a música desde muito pequena: cinco ou seis anos. Harmonia, melodia e ritmo. Quando tinha nove anos, comecei a ganhar pequenos solos em trechos de músicas, mas só vim a ter coragem de soltar mesmo a voz anos mais tarde. Gosto de canto coral, de atividades em grupo.

Já pós-adolescente, fazia parte de um coral que era composto, em sua maioria, por gente décadas (duas ou três) mais velha que eu. Para mim nunca foi um problema estar entre pessoas mais experientes. Na verdade, achava (e acho) um barato. E em coral, principalmente com gente mais velha, a palavra que reina é solidariedade.

Com vozes, digamos, mais desgastadas ao longo do tempo, é natural que aconteça o que o trecho que separei lá em cima destaca. Um instrumento quando usado em demasia, tende ao desafino. Aconteceu comigo, claro. Não era eu quem desafinava, que fique claro também (uia!). Nosso coral era ótimo, um clima terapêutico imbuído de música, que eleva o espírito, e muita amizade, que enleva a alma. E uma ou outra pessoa que escorregava em sol maior. Com esplendor.

A Lúcia era assim: um coração enorme e uma caixa torácica poderosa, mas a afinação... E ela ficava bem ali perto de mim. Como sou baixinha, sempre era posicionada na parte da frente da fila de apresentação do coro. A Lucia se postava ao lado direito na segunda fila. Ela praticamente cantava dentro do meu ouvido e tinha a voz forte. E desafinada, coitada. A maestrina tentava e a coisa não fluía. Mas a Lúcia sempre foi uma guerreira.

Um dia, totalmente na camaradagem, resolvi me postar ao lado dela. Passei a cantar dentro do seu ouvido. A gente não era do tipo que sabia ler plenamente uma partitura, mas eu ia com o dedo mostrando o sobe e desce das bolinhas, que marcavam as notas. Eu e a Lúcia ríamos a beça disso. Ela era a mãe de dois grandes amigos à época.

Acho que ela nunca aprendeu o do-ré-mi-fá, mas e daí? Cantar enlevava seu espírito e nos garantia uma ótima companhia. Anos mais tarde, ela descobriu que estava com câncer. E a música, muito mais que diversão ou louvor, passou a ser parte de um processo terapêutico. Lúcia cantou até o fim e antes de ir deixou clara a sua gratidão, contando aos meus pais que eu a ajudava a levar a sua voz até o céu, perto de Deus.

A Lúcia se foi já faz anos. Mas a sua história permanece como mostra de que solidariedade desinteressada – e que, portanto, só assim é solidariedade – redunda em benesses muito maiores que aquela que a gente possa vir a imaginar – porque esperar retorno também é uma espécie de desvirtuação da solidariedade, embora a gente aja como se ela fosse inerente.

Mas hoje, quando vejo um coral, lembro dela. E quando alguém desafina, eu não me aborreço. Sorrio para cima. Porque a voz dela, fosse como fosse, sempre estaria bem perto de Deus, porque a Lúcia cantava com o coração.

Roinc

Há quem volte a ser criança colecionando álbum de figurinha da Copa.
Hoje voltei a ser criança com um presente trazido pelo meu Pai:


"Bem ali em cima da mesa ele estava. 
Paradinho me esperava
Ele, tão bonitinho:
O meu cofre de porquinho" :)



26.7.10




"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens" - Fernando Pessoa

Valha

Ai gente...
Quer escrever alguma coisa que valha a pena.
Só anda pensando coisas do cotidiano e não quero fazer disso aqui um diário, embora o seja.
Hoje recebi um NÃO de uma coisa que queria muito.
Sabe o que fica?
A certeza de que este ainda não é o caminho;
A paz de se estar onde Deus quer que eu ande;
A tranquilidade de entendeu que não sou eu que controlo o tempo;
A razão para continuar sonhando.
Não estou triste.
Só estou na estrada.

Um selinho



Recebi esse SELO da minha querida Joss  com um carinho imenso. Não gosto de corrente, mas gosto de carinho e consideração. E os tenho de sobra também. Esse SELO quer dizer que: "Este Blog merece um troféu". Que bom!


Assim como ela, digo que a qualidade quem ajuda a fortalecer são vocês. Tento fazer melhor, porque sei que têm olhos para me ler e que tem mentes para refletir juntinho - concordando ou não com a premissa, já que aqui é o espaço para a troca de ideias e respeito.


Bom, de acordo com as regras da blogosfera, ao se ganhar um selinho, deve-se repassá-lo para dez pessoas. Eis a minha lista:


News: Matheus Costa


Matheus Costa aos 12 anos:
"ainda nao dei o meu primeiro beijo"

25.7.10

Dorzinhas



A última viagem que fiz foi para Maceió no começo do ano (contei para vocês / Foto by Onça). Meu corpo clama por férias e basta eu negligenciar o descanso, por força maior, que ele grita e me joga de cama de uma maneira nada satisfatória. Motivos de força maior que a mente posso arquitetar: os mistérios do corpo humano.

24.7.10

Press

Foto: Léo Ramos para o Delas


Queridos, mais uma matéria bacana que eu fiz. Dessa vez fui me encontrar com a vice-presidente da Clinique, uma rede de cosméticos e produtos dermatológicos que está em mais de130 países. Conversamos em inglês, o que sempre me deixa muito feliz, porque me dá a chance de treinar mais um pouquinho. Ganhei um convite para tomar café com ela quando for a NY! Que fofa. Espero que gostem da matéria: Uma bela pele pode ser criada!

21.7.10

And the Oscar...



"Viver é a coisa mais rara do mundo.
A maioria das pessoas apenas existe"
- Oscar Wild


20.7.10

19.7.10

Para DeK: a generosa corajosa



Nas Pedaladas de Aceito Pela Sociedade, a DeK me escreveu:

Bibi, atrasada mas presente..rs Talvez eu seja bem radical, ok? Não chego ao ponto de achar necessário, mas,sim, normal.


E não falo isso sem embasamento nenhum nãooooo. Falo, infelizmente ou não com certa propriedade... com experiência mardita, doída, sofrida mesmo, de quem já viveu uma traição, perdoou, viveu de novo e até desistiu de um casamento.. que 'cousa'. Nada fácil e orgulhoso, mas por isso, digo agora que, pra mim, não é mais novidade.


Depois disso,parei de pensar se é certo ou errado. Tentei ser prática pra sofrer menos ou não sofrer mais por esse motivo. As pessoas têm o direito de ser feliz, de sentir prazer, de viver em busca disso? Ok. Aceito! É assim que penso hoje, que vejo a minha história com um ex que ainda faz parte da minha vida como alguem que especial durante mais de oito anos. Nada de mágoas, juro!Ele foi em busca daquilo que não tínhamos.


Concordo com a questão da lealdade porque talvez ele tenha me machucado da pior forma: além de trair, sustentou. Já me disseram que o problema maior da traição é o CIRCO ARMADO. É tudo que se faz para trair.. concordo com CarolD: é deixar a 'cama' atrapalhar um relacionamento duradouro. Agora, se a coisa que no início era só pele, durou dias, semanas,meses.. se a cama virou sentimento, acho que a pessoa tem o direito sim de tentar ser feliz com outro alguém. Repito- tentando fazer isso da melhor maneira.. se é que é possível. Mas acho que é sim.


Se me permite, não me considero mais uma moradora desse conto de fadas. Felizmente ou não, passei pro outro lado.. digo que tive acesso ao mundo real. E acredite: não sei se quero que as pessoas conheçam esse mundo. Não sei, por exemplo, se contaria uma traição. É uma dor quase insuportável. Fica aí mais uma questão....

MINHA RESPOSTA

Dek:



Não importa quando, o importante é estar presente sempre.
Outra questão que levanto aqui não é a de que existe um lado certo ou um lado errado: o que existe é o ponto de vista de cada um com suas opiniões e histórias que ao serem compartilhadas aqui – o que eu acho de uma grandeza e generosidade imensas – devem ser respeitados por mim. E eu respeito a sua história.


Acho triste (doido) ser traída. Acho ainda mais triste (vergonhoso) trair. São dores diferentes, mas são dores em potencial. São abdicações de algo que é caro, mas a sociedade nos força a achar que é algo apenas circunstancial.

E não digo ai que estejamos livres do mau passo. Ninguém está. Cabe a cada um de nós vigiarmos os nossos próprios caminhos e escolhas, entende? Ainda creio na máxima: “não fazer ao outro aquilo que não quero que seja feito comigo” ou ainda naquela de “mostrar a outra face”. E nessa segunda frase, não é mostrar que você pode fazer diferente apenas, mas também mostrar que a sua vontade pode prevalecer diante da força dos acontecimentos em contrário. Respeitar o outro é respeitar a si mesmo e vice-versa. E nesse respeito cabem todas as questões que regem o código da sua vida. Ninguém é igual, mas você tem que ser você essencialmente. E não abrir mão disso! Mas estar aberta para avaliar novas possibilidades, podendo dizer sim ou não. E quando a gente descobre que pode dizer NÃO... Ah, essa é uma descoberta fabulosa também!

Perdoar é algo tão transcendente. Eu tenho a maior facilidade de desculpar, mas cismo de não esquecer com tanta facilidade. Uma característica, eu diria. Traição (de laços romântico-afetivos) não é novidade mesmo... Mas reitero a ideia que a gente só deve aceitar o fato se vier mesmo do coração e não daquela razão que nos aproxima de um fato generalizado.

Gosto quando você usa a frase: “Tentei ser prática pra sofrer menos ou não sofrer mais por esse motivo”. Eu tento sistematicamente sofrer menos pelas coisas. É então que começa um treino enorme de mente e coração. Mas não quero crer que para sofrer menos eu tenha que abrir mão de sentir, de ser espontânea, profunda, coerente e fiel ao outro e aos meus princípios. E mesmo pensando dessa forma, não me coloco no pedestal do Olimpo (Όλυμπος) daqueles que estão livres de maus passos. Mas quero crer que estarei sempre disposta a voltar para a estrada que considero a certa, a minha.

Não sei bem se moro em “Contos de Fadas” como muitos acham e eu escrevi; não quero crer que viva em um laboratório de condições ideais de temperaturas e pressões controladas... Só quero ser personagem da minha história e não daquelas contadas por outros.

Kyra Gracie

Kyra Gracie na praia do Recreio, Rio. Foto: Selmy Yassuda 

Essa foi uma daquelas matérias muito boas de se fazer (e você pode encontrar no Delas). A Kyra Gracie é um assombro no tatame: tetracampeã mundial de jiu-jitsu. E se lutando ela é uma fera de garras rosas afiadas, no trato one-o-one ela é uma pessoa doce e bastante tímida. Nos encontramos na casa dela e foi um dia frio no clima (eu fui para a praia de botas e casaco de lã e ainda morri de frio, enquanto a moça posava em clima de alto verão com sorriso no rosto), mas com um calor de um bom encontro. A entrevista começou meio tensa, mas virou um grande bate papo. No final ela disse: "foi a melhor entrevista que já dei". Isso me faz bem. Espero que vocês gostem :)

18.7.10

A Sala de Espera




Perguntei nesse post assuntos sobre os quais os Ciclistas poderiam se interessar. Talvez fosse uma tentativa de voltar a fazer crônicas que não necessariamente tivessem a ver comigo. Mas sabe de uma coisa? Viver também é contar histórias: aquelas que a gente vai experimentando, por estar mais atenta a um tema, ou aquelas que passaram e por um dado de realidade acabam por voltar à memória.


Pois bem... Nesse post a Aline (Step Tops To Be) levanta todo um questionamento sobre solidariedade. O desafio do tema é bom, porque eu gosto de alterar a lente da percepção do lugar comum... Ela queria que eu abordasse todo um questionamento amplo sobre a palavra. Não pude, no entanto. Sabe por quê? Esse blog não tem a pretensão de elaborar conceitos e questionamentos distantes ou inventar histórias que não sejam as acontecidas de alguma forma. O mais legal é que a vida está mesmo aí para provar que todo tema cabe, é viável e é possível, basta estar atento.

A última sexta-feira foi um dia bem atípico. Acordei bem mais cedo que o normal e fui fazer um exame chato. Precisava de um tempo curtinho de internação, sedação, exame e fim. Estava agitada demais, só que internamente. Por fora parecia calma e até sonolenta. A sala de espera estava cheia de gente. Pensei que fosse ser aquele calvário até chegar a minha hora... Daí vem a vida ensinar, que ser solidário é também dar chances à história do outro. Ouvi vários relatos de tanta gente interessante, que o tempo passou menos opressivo:

Um senhor de luva – achei a roupa estranha, mas ele contava que era diabético e que estava ali também para fazer hemodiálise. Era um cara divertido, apesar das agruras. Contava casos e dizia que não precisava de muito dinheiro, que ser feliz era só uma questão de fazer as escolhas certas.

A senhorinha – Já estava ali sentadinha quando eu cheguei. Falava pouco e baixo. Tinha o corpo muito magrinho, era toda miudinha. Quando a paciente gorda saiu da sala de exame, trôpega, ainda trocando as pernas, elas se sentaram lado a lado. A senhoria então falou pela primeira vez:

Senhorinha: Você está se sentindo bem?

Gorda: Estou sim, só um pouco tonta.

Bibi: A senhora está com medo do exame? Fica não, é simples...


Senhorinha: Não, minha filha. Eu já sou freguesa desse exame! Só achei que ela estava muito frágil e estou tentando ajudar...

E tentando ajudar, ela contou que tem 80 anos e que tem alguma coisa na coluna, algum tipo de hérnia, que se ela operar tem grandes chances de não mais voltar a andar. E ela contava, então, que ia vivendo como Deus queria, seguindo um tratamento que começou aos 40 anos de idade. Foi então que olhei para ela e vi tanta doçura em ajudar a outra; ela, tão mais frágil, que aquela a quem ela chamava de frágil...

O Pai – Não era o meu pai, que estava lá comigo, mas um pai como tantos outros que tem por ai (ainda bem). Devia ter quarenta e poucos anos, negro, atlético, simpático e contava estar arrepiado com a nova fase da filha: uma adolescente de 14 anos.

- Eu pergunto para ela se ela é bv (boca virgem) e ela ri na minha cara!

Ele contava isso com muito humor, mostrando que tentava encarar os novos dias. Disse que gostaria que ela fosse como antes, quando era toda agarrada com ele...

Bibi: E quando foi esse antes?


O Pai: Quando ela tinha cinco anos.


Hahaha
Disse a ele que crescer era inevitável. O óbvio, mas ele precisava ouvir. Disse que quando a gente é adolescente, os amigos passam a ter uma importância vital no nosso cotidiano, então, era natural ela trocar a família pelos amigos nos programas. A tendência era ela voltar quando a fase passasse. Pelo menos eu fui assim: me voltei mais para a família quando vi nascer em mim a necessidade e o desejo de formar uma.

A Mãe – Enquanto O Pai dava o seu depoimento, A Mãe se aproximou para trazer a tona a sua história também. Uma mulher bonita, 38 anos e três filhos: de sete, cinco e dez meses. O tipo de mulher que nasceu mesmo para ser mãe. Acredito em mulheres que tragam essa característica dominante em seu “DNA”. Ela não falava de problemas especificamente, mas falava de amor e levantava questões. Achava que a gastrite dela era em função dos três filhos pequenos. Também dizia, que quando o mais velho falava para ela “você é a minha princesa mais linda”, o mundo parecia parar. Eu pude experimentar um pouquinho da sensação pelos olhos dela. Ela dizia que tinha medo de vê-los crescer e que tinha a impressão de que ia pirar quando o mais velho começasse a namorar. Pensei que fazer projeções com filhos ainda pequenos angustia mesmo, porque à medida que eles vão crescendo, você vai experimentando e acomodando essas novas sensações de maneira mais palpável e real. Tudo que é hipotético demais soa mais complicado. Eu falei algo parecido a ela e acrescentei:


- Comecei a sair de casa sozinha, pegando ônibus para outro bairro, atravessando ruas e passarelas com 10 anos. A namorar sério aos 14 anos...


Ela ficou meio tensa, claro. Contudo, mostrei para ela que cada qual tem o seu tempo e que nem por isso eu havia me tornado alguém diferente, ruim, desgarrada, sei lá o que as mães pensam. Ela perguntou para o meu pai:


A Mãe: E o senhor deixava?


Pai: Eu nunca proibi meus filhos de fazerem nada, porque neles eu encontrava confiança de sobra.

Eu amei ouvir isso do meu Pai. Porque é parte da história da minha formação. Mesmo com tantos erros e acertos, acho essa uma característica tão bacana de dentro de casa: o poder da decisão com a orientação devida. E se algum dia eu quebrasse a cara ou estivesse “em vias de”, não rolava um “eu te avisei” ou “a culpa é sua”; pelo contrário, o consolo sempre esteve presente na minha relação com o meu Pai. E acho que isso foi determinante para que eu também desenvolvesse essa característica na minha vida. A solidariedade é característica latente no meu lar e na minha formação.

Então fui chamada para o exame. Estava agitada e a anestesia não pegava direito. A enfermeira começou a conversar comigo. Como isso não estava propriamente resolvendo, ela começou a afagar a minha cabeça e eu fui relaxando. Depois ela pegou a minha mão e eu não quis mais soltar.


Sempre foi disso o que precisei para enfrentar os problemas da vida: solidariedade, um bom papo, o afago que conforta e uma mão que me desse a firmeza de uma presença amiga.

16.7.10

Tua mão em mim


Tua mão em mim
Assim
como quem nada quer
Como quem tudo pede
E recebe
Territórios hostis
Me faz feliz
Conquista enfim
Me faz mulher
Tua mão em mim
Me toma inteira
Me invade
Me deseja
Me beija
Me deixa nua
Me leva à lua
E reage
Ao meu olhar
Ao meu encanto
Ao som suave
Do meu canto
Do meu gemido
No seu ouvido
Por seu tocar
Tua mão em mim
Me incendeia
É arrepio quente
É o momento ardente
É o pedido clemente
De quem anseia
Por um momento a mais
Por uma intenção além
Que me tire essa paz
Que a mim não convém

14.7.10

Quest




ALGUÉM
QUER
INDICAR
UM
TEMA?



101



Gente!
Já temos 101 Ciclistas Oficiais antes mesmo de batermos a meta de 50 mil visitas!
UHU!
Mandei um e-mail para conhecer a leitora one-o-one e espero por uma resposta!
Tô feliz assim mesmo :)

***
Amando fazer matérias de comportamento!

***
Amando o bom humor recente, mesmo em meio às adversidades...

***
Amando ligar para as minhas amigas e tendo um prazer absurdo em falar com elas!

***
Amando acordar cedo com tranquilidade e sem pressões internas ou externas e sem o "crows" dos pombos.

***
Amando saber que existem escritoras lendo o blog; que existem coleguinhas novas que já ouviram falar no BibideBicicleta; que existe aquele que acredita que um dia eu vou me tornar uma escritora em definitivo.

***
Amando me amar um pouquinho :)

Momento UEPA

Hoje, depois do almoço, fui bater perna com a colega de trabalho. Escolhemos uma rua que é cheia de lojas dos dois lados. A missão era encontrar uma bota da Dakota que ela estava louca atrás. Logo à frente vimos duas sapatarias: Stylus e Dissantini. Entramos na Stylus:

Bibi: Não estou vendo nada de couro por aqui.
Amiga: A loja está cheia, né? Deixa comigo!

Ela caminha resoluta até o vendedor e pergunta:

Amiga: Você trabalha com Dissantini aqui?
Vendedor: Só do outro lado da rua...

Desce o pano rápido!
Realmente seria muito difícil a Stylus trabalhar com produtos Dissantini!
Saí da loja morrendo de rir do engano dela, que só percebeu a mancada horas depois de deixar a loja!

13.7.10

listas

Essas coisas que acontecem... Aqui no Rio rolou uma ventania tão forte a noite passada, que uma janela foi simplesmente arrancada da parede no meu prédio. Achei isso uma coisa impressionante. Principalmente porque foi de dentro para fora! Ainda bem que não passava ninguém em baixo na hora. Pensei: se uma rajada de vento é assim, imagina a fúria de Deus!? Sempre penso isso em tempestades...

listas:
lingerie
livros (Fer, encomendei aquele que você indicou!)
sapato
liga para a comadre (que não me atende)
bota (estou louca pela cano baixo de salto que comprei)
trocar a bateria de dois relógios - R$ 15,00 cada!
camiseta
coca light
pão light
insulina
banana desidratada
procura loja (e não acha)
reserva o hotel
fecha a matéria
faz a entrevista
manda o email
afaga o pai
jantar a dois feito por ele
escreve no blog
dorme sozinha


Pode um box com os CDs dos Beatles custar R$ 1000,00? Pode, gente?!

Minha janela está começando a virar aeroporto de pomba. Alguém tem alguma receita de como espantar sem cometer uma atrocidade - o que sou terminantemente contra? Venho acordando com crow, crow, crow todos os dias! Acho que nem se a minha janela caisse, resolveria a questão! hohoho

12.7.10

100


Batemos a meta e chegamos ao Ciclista número 100 no Hall da Fama Ciclista!O cara que ocupa a tão dileta cadeira é o Menezes: um cidadão que exerce seu direitos lá no blog dele, joguem flores ou pedras! Um Carlos que tem um monte de nome e que investe tanto no vermelho, que até achei que fosse bombeiro (juro)! hahaha

Ter um blog é uma batalha tão grande, mas quem foi que disse que viver também não é? Falar de si, falar do outro e sem comprometer nenhuma das partes. Levantar questões com respeito a opinião alheia. Refletir. Ponderar. Escrever os dias, para que a vida não dê a sensação de estar passando vazia. Fazer sentido e encontrar sentido nas coisas. Ter responsabilidades consigo e com os demais. Não ser responsável pela escolha dos outros, porque cada um deve viver segundo os seus princípios e coerentes com as suas escolhas e mancadas. Mancadas fazem parte de todo repertório. Vive bonito e leve quem sabe rir de sim mesmo. E aprende muito quem presta atenção nas coisas externas, mas também - e muito - nas questões internas. 

Coragem para cativar 100 pessoas. Coragem para cativar muito além daquilo que se vê (e se escreve). Amar. Amar. Esse é um blog movido pelo amor.  

Pensando

Pesquisa de células tronco para que se o ato de se manter uma doença em bons níveis de "temperatura e pressão" é bem mais rentável e lucrativo? Gente, como podem existir remédios vitais mais caros que o salário mínimo? Eu tinha um médico que ele mesmo começou a vender obras de arte amealhadas pela vida para patrocinar pesquisas. Muito anos antes, ele memo escreveu um livro cujo título era: "equipes de  doença". Um visionário!

10.7.10

Aceito pela sociedade



Está cada vez mais difícil dar uma opinião sobre um assunto, porque hoje em dias as pessoas passaram a aceitar a relativização das coisas. Até ai, acho que tudo bem. A coisa começa a piorar e a mudar de figura, quando você não pode mais se dar ao direito de sustentar a sua própria opinião sobre um assunto, quando ela não está na "moda" ou dentro do que ainda é o aceitável "gosto popular". A resposta é "pau em cima".

São tantos os assuntos que acho até chato ficar inumerando. O homossexual, a separada, o libertino, a solteirona, o solteirão, a empregadinha, o corno, a dadeira... estereótipos de todos as estampas, fins e 'desprivilégios' que foram se alterando ao longo do tempo no quesito aceitação pessoal.

E tem também as questões que tangem os relacionamentos, que vão se alterando com o tempo e a maturidade, que certamente alteram a nossa visão em relação aos acontecimentos da vida. Eu ainda acredito que existam certas questões que são inegociáveis. Mas, veja bem, a minha visão tem que trabalhar no âmbito pessoal e ser restrita ao meu campo de atuação, porque o mote social hoje é a aceitação - obviamente até que opção do outro não venha a te ferir (física, moral ou psicologicamente).

Estou levantando essa questão e função da entrevista que a Carolina Dieckmann deu à revista "Isto É Gente", na qual fez as seguintes afirmações:


"existem coisas que você não pode viver com seu parceiro mas, ao mesmo tempo, seu relacionamento é tão mais importante que não vale a pena jogar tudo fora por causa de uma escapada... A lealdade é o bem mais precioso que podemos dar para uma pessoa. Então, a traição pode ser perdoável, possível e até necessária, desde que não quebre a lealdade, não exponha o parceiro nem interfira no casamento... Se a traição for motivada apenas pela necessidade de expandir a imaginação, algo que seja desculpável por você mesmo e que não quebre o compromisso na relação, você só está resolvendo um problema seu... Não é justo atrapalhar uma relação por causa de um desejo latente, que não cabe no sexo do casal. A gente fala que em quatro paredes vale tudo, mas quem disse que a gente tem coragem de satisfazer todas as nossas vontades? Às vezes existem coisas que você não pode viver com seu parceiro mas, ao mesmo tempo, seu relacionamento é tão mais importante que não vale a pena jogar tudo fora por causa de uma escapada... Em determinados casos, a traição pode salvar o relacionamento da pessoa, que está arrumando uma maneira de continuar junto e ser feliz, sem culpa. Mas tem que ser leal. Não acho legal quando o cara tem uma amante de quem realmente gosta e com quem vive uma relação paralela".

Quando eu era mais nova, eu achava que nunca perdoaria uma traição. Hoje, a minha visão sobre traição é completamente diferente, envolve outros aspectos que antes eu nem cogitava pensar. Ainda hoje eu não sei se perdoaria uma traição, mas já digo não sei... Só sei que sairia muito, muito machucada. E quem o faz não pensa no outro, mas só em dar vazão a um desejo particular. Sei que me machucaria mortalmente e sendo essas feridas mortais, muito profundas, não sei se o outro conseguiria viver com aquela nova pessoa que ele ajudou a transformar... Tudo hipotético, é claro.

A questão é: o nível dos relacionamentos mudou muito. Li esse depoimento da Carolina e fiquei me perguntando a quantas andam as relações de hoje em dia. E por mais que a sentença me pareça estranha, eu não posso sentenciar a pessoa que acredita que o pensamento é possível dentro da relação que ela leva. O que me dá medo, e nisso eu volto a repetir a bola que levantei na abertura desse texto, é que as pessoas passem a acreditar que essas máximas passam a valer para todos e deixem de levar em conta o desejo de gente - como eu - que sonham em construir relacionamentos onde a lealdade possa andar de mãos dadas com a fidelidade e isso seja um fato natural e não forçado. Não deixa de ser uma escolha que a gente pesa e faz a cada dia.

O que você acha?

9.7.10

Tricô Literário



Adoro trocar informação sobre livros e autores. Estou numa fase de sofrimento com a abstinência de livraria. Faz séculos que não entro em uma com aquele tempo justo e conhecimento de causa para devorar as novidades.

Hoje, uma das minhas Ciclistas - Stap Tops To Be - me sugeriu uma leitura. Fico encantada quando alguém lê alguma coisa que acha que tem a "minha cara". Tendo ou não tendo, significa que houve lembrança e reconhecimento durante aquele tempo de deleite supremo que a boa leitura proporciona. Gatinha, só esqueci o nome, mas tô tranquila, porque sei que a qualquer hora do dia ou da noite (ou quase isso) eu posso te perturbar para perguntar.

Mas agora sou eu quem pergunta:

- Alguém aqui já leu algum livro do Caio Fernando Abreu que queira me indicar? Sim, estou in love pelo autor.

- Alguém quer me indicar mais alguma leitura?

NO SISTEMA DA BIBI -

Livros que acabei de ler:
"O Labirinto da Felicidade - Uma fábula sobre o sentido da vida" de Alex Rovira e Frances Miralles  & "Cartas à Mãe - Direto do inferno" de Ingrid Betancourt com Mélanie e Lorenzo Delloye-Betancourt.

Livros que estou lendo:
"Eclipse" de Stephenie Meyer (para você ver como está a minha estante nesse momento) e "Minha Força Diária - Leitura Devocionais" de Samuel Doctorian.    

Metabolismo



Metabolismo: teu nome é mistério
Hormônios: teu codinome é mulher

Estou há duas semanas fazendo a dieta mais séria da minha vida. Veja bem: não é regime (para peder peso), é dieta (para restaurante a saúde baleada). Contudo, me vi obrigada a comer pouco e de três em três horas e ainda cortei pão, massa, fritura (nada que brilha é fashion no cardápio), coisas oleosas como azeite e manteiga, doces de tudo que é tipo (a zero). Resultado? Engordei 1 kg. Peloamordedeus! Quem entende isso, gente?!

News


Matéria fofa que saiu do forno AQUI

8.7.10

Pétalas no caminho



Eu escrevo: Eu existo

Gosto de pensar nas mãos dos homens que tive. Estranho? Não, meu mundo particular.

Procurando uma fonte para beber com os olhos da alma. Achei, mas essa seca rápido :)

Estava pensando muito no L desde a noite de ontem. Pela manhã, antes de chegar ao trabalho, ele me ligou. A isto chamo de "a maravilhosa conexão fraternal". Escrevendo a história com as tintas da amizade.

Existe aqui uma titia orgulhosa: minha sobrinha passou no vestibular. Esse avançar do tempo me assusta, mas também me preenche de esperança e de certezas que o só o coração tem.

Não, isso não é falta de assunto. Não, também a isto não chamaria de pura falta de inspiração. Existe um recolhimento natural, que aqui deixo claro que não é recato e nem retrato de um existir. Dores do corpo que afetam a alma. Sem chororô, vamos em frente!

7.7.10

Frase

"Eu acho que não sei mais escrever;
Assim como acho que eu não sei mais amar...
Na realidade eu creio, e com bastante força até,
Que se puder encontrar a inspiração certa e exata;
Amanhã mesmo poderei ter a benção de pensar diferente.
Que bom que eu acredito na transitoriedade das circunstâncias"
- Bia Amorim

O mundo lá fora nos devora



* Um polvo que virou o oráculo de tantas coisas...



* Uma celebridade internacional que é condenada à prisão por 90 dias após ter violado a condicional que pegou por ter sido pega dirigindo bêbada N vezes;


* Um goleiro que tem mulher, namorada e amante (de conhecimento público até então) e que está envolvido na história de assassinato mais sórdida dos últimos tempos (ou até de que se tem notícia no país);


* Brigam Espanha e Holanda, não mais pelos direitos do mar, mas pela honra de exibir uma (primeira) estrela na camisa numa guerra travada em campos de “paz” na África;

Escrever sobre o que, se lá fora a vida parece tão mais caótica que a confusão que habita o meu interior e dão margem aos meus questionamentos? Entre as notícias mais buscadas há um menu de acontecimentos quase imponderáveis nos tempos de outrora. É o crescente da barbárie em ondas cada vez menos navegáveis.


Se o tempo é mesmo relativo, relativos também são os acontecimentos vistos por seus diversos prismas. As lentes têm sido de um aumento colossal sobre os fatos. O mundo lá fora nos devora e nos trancamos em face ao nosso próprio ceticismo ou egoísmo particular cultivado como forma de sobrevivência.

Frase

"Você é a âncora dos meus desejos,
a corrente dos meus anseios"
Foto by Onça

6.7.10

Frase



"Eu escrevo para mim, por mim e dentro da minha vontade e entendimento (mesmo que limitado pelas circunstâncias). Mas eu  (quase) sempre escrevo para alguém, por alguém como alvo. Quando me falta o alvo, me sinto um náufrago num mar de palavras" - Bia Amorim

Pablo, qual é a músicãn?



Juro a vocês: hoje voltei para casa, de pé no coletivo boa parte do caminho, pensando no que deveria e poderia escrever aqui. É parte da minha prática de escrita, é parte da exorcização dos meus fantasmas, é parte do tratamento das minhas questões, é parte do meu compromisso com o mundo virtual. Mas tem dias, como o de hoje, que a coisa simplesmente não flui. E não adianta forçar, porque o burro empaca. E foi assim o dia todo: cabeça fervilhando de motivos e ideias e contestações e provocações de toda sorte. Mas o legislativo não estava coadunando com o executivo. Não houve sintonia.


E ainda me sentei aqui de fronte para a máquina, na tentativa vã de encontrar na transpiração uma linha elucidativa. Nada. Como bem observou o PJ (Ciclista do boné vermelho), o humor voltou às paradas de sucesso, mas a estrutura para sustentar essa nova/velha brisa ainda se encontra em fina camada. Como eu bem contei para o (Ciclista Matrix/Oráculo), fiquei feliz de ter voltado a conseguir fazer um texto poético, bem definido, cheio de intenções certeiras, mas acredito que tenha sido aquele fôlego que a gente toma na superfície antes de voltar a um grande mergulho voluntário.

Minha vida é meu oceano de oportunidades.


Então aqui me coloco, me exponho e tento uma busca sem mapas. E nada. Nado. O mais estranho é que apenas um pensamento petulante não pára de martelar a minha cabeça. Ridículo, mas incessante:

Estava no trabalho e a coleguinha F veio com a novidade:

- Sabe aquela música do Daniel “Hoje a Jiripoca vai piar, vai”?
- Como não saber? Essa é uma daquelas músicas chiclete que a gente não sabe por que sabe cantar e que uma vez cantada, assoviada que seja, ela nunca mais sai do nosso pensamento...
- Pois é! Hoje eu descobri que não é Jiripoca! O nome da ave é Juripoca.
- Hum, pérolas do Mobral.


Pois bem, estou há dois dias tentando cantar mentalmente “Hoje a Juripoca vai piar, vai” para ver se cola... E desfazer a contribuição ignorante à seleta lista de palavras estranhas que o cancioneiro nacional acrescenta ao meu vocabulário.

Pablo, qual é a músicãn?
Socorro!

So into


I am so into it!

5.7.10

O resto é o tempo...



O resto é o tempo...

E os momentos que nos tornaram um
O resto é o tempo...
E os seus caprichos e os seus momentos
O resto é o tempo...
E seus lamentos, seus murmúrios, seus tormentos
O resto é o tempo...
Um balançar de cabelos, de cadeiras, de redes, de nós
O resto é o tempo...
E a solidão do horizonte que nos cerca ao longe
O resto é o tempo...
E a garantia de poder continuar nessa estrada infinda
O resto é o tempo...
E a certeza de que o amanhã surgirá por entre os montes, por entre os dedos e os novelos que nos enlaçam
O resto é o tempo...
E a doçura de uma lembrança tenra pinçada na memória
O resto é o tempo...
E aquele redemoinho que se forma no peito vazio
O resto é o tempo...
E a esperança de buscar na lembrança as coisas quentes de outrora para aquecer os meus finais, os meus sinais, os meus agoras
O resto é o tempo...
Como o vazio quente por debaixo de lençóis de seda, por cima de rendas de mesa, por entre toalhas felpudas, nas margens de robes de chambre, em pés descalços
O resto é o tempo...
A abrir caminho por vielas escuras, por caminhos quebrados, chão rachado pelos temporais
O resto é o tempo...
E aquele fogo que ainda domina o corpo quase inerte que espera
O resto é o tempo...
É um piscar de olhos reticentes, um sorriso indecente, uma intenção desmedida
O resto é o tempo...
E o apagar das luzes lá fora, um sonhar desmerecido entre a lua e a aurora
O resto é o tempo...
A nos convidar para o baile do instante, a nos chamar para a vida lá fora
O resto é o tempo...
É também aquele beijo que não teve um final, aquela briga que não teve moral, o apagar da velha chama
O resto é o tempo...
A me dizer que quem ama: ama
O resto é o tempo...
A redesenhar os meus descaminhos
O resto é o tempo...
A me contar que quem anda nunca está sozinho
O resto é o tempo...
A desenhar no infinito seus novos finais, seus tolos ideais, meus ais
O resto é o tempo...
Que me chama de voltar à velha infância, à brincar de acordar as inconstâncias, a dedilhar meus cantos sombrios, meus vazios
O resto é o tempo...
A pregar que o coração pulsa o que o outro repulsa e repuxa e empurra e rebate
O resto é o tempo...
A me lembrar dos embates dos corpos rendidos
O resto é o tempo...
E a sede de um instante insaciável
O resto é o tempo...
A me lembrar que o meu hoje é agora, que o futuro lá fora me perdoa as grandes mancadas se a intenção for realmente boa
O resto é o tempo...
A me convidar a simplesmente existir, a resistir, a seduzir, a encantar, a arrancar as amarras, os cordões, os grilhões, as prisões, as dores encarceradas
O resto é o tempo...
E suas segundas intenções
O resto é o tempo...
E suas tantas confusões
O resto é o tempo...
A me tirar a roupa inteira, desnudando as minhas verdades
O resto é o tempo...
Reprimindo as minhas vontades
O resto é o tempo...
Uma voz a gritar por sabedoria
O resto é o tempo...
Vasculhando os meus desejos
O resto é o tempo...
A me brindar com novos sonhos, lampejos
O resto é o tempo...
A acalmar as minhas inconstâncias
O resto é o tempo...
A me dar boa noite e bom dia
O resto é o tempo...
O resto é também alegria
O resto é o tempo...
O resto é só mais um tempo...

Talismã sem Par

Eu tenho um lado brega sim! Um lado brega do qual não me envergonho, porque é parte de mim e me faz mais romântica, mais patética e mais humana também. E hoje, esse meu lado veio gritando dentro de mim a caminho do trabalho, quando ouvi uma música na qual encontrei identificação de letra e música:


"Quando vem de lá do coração
A gente percebe na respiração
Toma posse, invade que eu te dou o meu calor
Eu nasci pra ser e sou o seu amor"

Bom dia para quem é do dia!

4.7.10

Ken Robinson





Trecho lido hoje da entrevista dada pelo britânico Ken Robinson, especialista em educação e criatividade, para a "Isto É":


"A primeira lição é acreditar que todos nós temos talentos naturais e habilidades reais. Mais do que isso, temos o direito de descobrir e explorar isso. É preciso ter fé em nós mesmos. Uma recomendação é a pessoa gastar um tempo consigo mesma, para pensar o que realmente gosta de fazer e o que teria prazer de fazer para a vida toda. Depois que descobrir, é preciso estar disposta a arriscar, aproveitar e explorar essas oportunidades e talentos, tentando várias coisas diferentes, se deixando sentir tolo às vezes, sabendo lidar com críticas e enfrentando os próprios medos"

3.7.10

Doc



Você precisa de um(a) endocrinologista?
Eu tenho A MELHOR
27 anos como paciente rebelde e exigente me credenciam à oferta

Encerra o filme e desçam os créditos, por favor!


Tive uma semana do cão. Muitas coisas acontecendo dentro e fora da minha cabeça; infelizmente. Mas quando a questão deixa de ser existencial e passa a ser um caso de saúde, é natural que a gente se desequilibre um pouco. E sigo assim, tentando reencontrar o meu balanço próprio. Então, repito aqui mais uma vez: não é tristeza simplesmente (como alguns de vocês pensaram e me mandaram lindas mensagens de consolo que são bálsamo para a minha alma), mas uma questão de readequação à novidade. É um caminho e esse leva tempo... Sigo para o alvo.


E então - dentro dessa semana de cão - precisei fazer algo por mim, que me animasse e desse energia extra. A Fer (Ciclista muito bem adquirida esse ano) disse para mim uma frase que me despertou e levantou a bola: “Já percebeu seu exato valor na vida dos seus amigos?”. Mas penso nela ao contrário e me sinto agraciada por tanta gente que vai passando na minha vida e que vai ficando pelo caminho em função do “senhor tempo”, mas não se perde.

Foi fazendo esse tipo de avaliação (e matutando) que me deu um estalo: convidei uma amiga de infância (na verdade de adolescência) para almoçar comigo. Acho que tinha uns cinco anos que a gente não conversava assim “so face to face”. Se a gente só tem uma hora, então vamos fazer o melhor dessa hora juntas. E assim foi.

Encontrei a Gui na porta do trabalho dela e foi como se a gente nunca tivesse se afastado. Um almoço com sabor daquilo que realmente importa. Porque quando se está bem triste, a gente acha que está sozinho na vida, que perdeu o jeito de fazer amizade de verdade com gente que quer estar perto, que gosta de olhar no olho, de falar de si, de ouvir do outro. Ando pensando muito no real significado da palavra TROCA. Tem viés nessa terminologia.

Depois de encontrar aquele ponto gostoso onde estar junto não é determinado pelo tempo em que se efetivamente esteve junto (perto), mas do lado de dentro, nosso momento acabou. E antes de terminar o encontro e florescer um pouco mais o meu dia, a Gui me contou uma história que me deixou histérica (eu colocaria assim):


Gui: Bibi, eu tenho uma amiga do trabalho que lê o seu blog constantemente. Desde que eu passei o endereço para ela, ela virou assídua na sua página, embora não seja uma Ciclista Oficial. Quando falei que vinha te encontrar, ela te mandou um beijo.

Bibi: Verdade, Gui? Que fofa! (já com vergonha de alguém que eu não conheço pessoalmente me mandar um beijo com tanto carinho. Não mereço...)

Gui: Outro dia ela me perguntou se você morava em TAL região, mas eu disse que não lembrava.

Bibi: Moro mais ou menos por ali sim, por que?

Gui: Porque ela disse que estava no metrô e viu uma mulher que era muito parecida com o que ela vê de você no blog. Ela sentiu muita vontade de ir até lá e perguntar e dizer: "você é a Bibi de Bicicleta? Eu leio seu blog!" Mas ela ficou com vergonha...

Bibi: hahahahaha Imagina eu!?

Está chegando o dia em que alguém vai me reconhecer na rua por aquilo que eu escrevo aqui. WOW! Encerra o filme e desçam os créditos, por favor! #morri : )