27.7.11

Aventuras de RuBi - Encontros e Despedidas

Foto: Reviver em São Luis por BibideBicicleta
"A aventura não está fora do homem, está dentro". A frase da escritora francesa George Sand, morta no fim do século 19, mostrou-se tão significativa que perpetuou-se com o tempo e suas inevitáveis (in)evoluções. Muitos outros autores já falaram coisas parecidas. Talvez eu pudesse acrescentar que a grande aventura encontra-se dentro de nós mesmos, contudo, do lado de fora há também muitos caminhos nessa direção. É um lado alimentando o outro sistematicamente.


O pensamento explica bem porque em cada longa viagem eu batizo a narrativa como "Aventuras de...". Não foi uma associação consciente, mas gostei de encontrar esse sentido ao começar a pensar em como terminar as narrativas sobre a estada no Maranhão. A aventura da vida ao se deparar com novos lugares e novas pessoas alarga nosso universo de considerações e os espaços internos. E foi o que aconteceu na noite após o jantar na casa da Bebel e Carlos Seabra.


Nosso anfitriões tiveram uma noite só deles, embora a gente tenha passado o dia sempre juntos. Esse fato abriu caminho para que a região em torno do hotel fosse melhor explorada. A questão é que em volta não havia nenhum lugar bacana para a gente jantar. O movimento comercial mais próximo era - aparentemente - longe, na Avenida dos Holandeses, a parte nova de São Luis. O que fazer? Pedir um táxi na recepção do hotel. Só que para a nossa sorte, a gerente Tatiana estava em final de turno e nos ofereceu uma carona até o restaurante mais próximo. Bem... Além da carona, a gente ganhou uma aliada dentro do hotel, o que tornou muito mais agradável os dias seguintes.


Como só havia uma pizzaria aberta no "Complexo Gastronômico" que ele nos deixou, atravessamos a rua em direção ao bom e velho Subway. Bom e velho em termos, porque o local era estreia tanto para mim, quanto para a minha Mãe. Rolou uma insegurança de como fazer o pedido na fila e então pedimos ajuda aos universitários. Atrás de nós um jovem casal e uma senhora acompanhando. A gentileza ao nos ajudar foi tão GRANDE, que a gente é até difícil colocar em palavras. Cada qual montou o seu sanduba e foi se sentar.


Amante de café e um bom papinho, minhã Mãe não se contentou em ficar na mesa (sem café). Foi atrás do papo. A identificação com aquela família foi imediata: mesma fé. Assim, os gentis companheiros de fila se tornaram Will, Kal e Honor. "Querem carona até o hotel?", perguntou a matriarca, estendendo ainda mais a gentileza, depois de um papo superagradável à mesa. Cheguei a pensar: "Meu Deus, será possível tanta sorte?". Era. E foi além. Essa família rodou a cidade inteira conosco em seu carro. Contaram tantos causos afetivos e trechos históricos durante o passeio, que foi impossível conter o estado de êxtase. Eles rodaram tanto a parte nova, quanto a parte antiga da cidade, pegando todo o Centro Histórico de São Luis. Tudo o que os nossos anfitriões não puderam fazer por falta de conhecimento e não de vontade, acabou acontecendo sem querer naquela noite meio mágica.


Dica 4# Imprevistos podem se transformar em maravilhosas surpresas: tenha fé.


Dica 5# Uma vez fora do seu habitat natural, não se envergonhe de perguntar as coisas, de falar, de ser. Um papinho furado pode vir recheado de agradáveis surpresas.


Na manhã desse dia, nós fomos para a "Praia do Meio". Foi ai que eu percebi o quanto Maranhão é mais região Norte, esteticamente, que Nordeste. Praia de areia escura, grossa, que gruda. É um tipo de drive-in, onde o carro fica estacionado ao lado da barraca - onde se comem cordas e cordas de caranguejo. Achei exótico e até meio visceral ver as pessoas martelando freneticamente o bicho com um pedaço de pau para tirar a sua carne e comer (não me senti bem ao olhar a comida nos olhos e apertar as suas patinhas, como se dissesse: muito prazer sua gostosa!). A presença do carro impede que você estique a sua canga e tome um sol. A água é uma delícia: mar calmo, cristalino, temperatura morna. Já a minha Mãe era praticamente uma nativa!




Ali conhecemos outras duas pessoas maravilhosas: Ronaldo e Fran. Ela, irmã do . Esse casal começou a vida por ali com uma loja de panos e conseguiu formar um patrimônio considerável. E não falo só dos carros e da casa linda com churrasqueira, campo, piscina. Falo também do patrimônio sentimental, de receber o outro de coração aberto e levá-lo para o seio do seu lar; de criar filhos com o mesmo espírito, que fazem com que aquele que chega seja parte integrante do seio da família. O churrasco dominical na casa deles é algo que guardarei com carinho. 




Pena que foi tão pouco. Ali me despedi dos donos da casa. Ali me despedi do e da Fer, que voltaram para o Piauí. E dali, partimos para uma nova aventura, rumo aos Lençóis Maranhenses. 
  

Um comentário:

fer disse...

Redinha bem típica da gente...
Obrigada por tudo,Bibi
beijo
fer