12.1.12

Bibi na Ergométrica (2)


Mais um dia das crônicas de Bibi na Ergométrica. No começo tudo é festa. A novidade é algo que dá um gás nas engrenagens. A minha intenção é transpor a vaidade e fazer do exercício um hábito. "Depois é como escovar os dentes", muitos me dizem. Veremos. Não com tom de desafio. Veremos, mas com um tom de necessidade que isso aconteça. Hoje o que mais me agrada é pegar o carro e ir malhar. É perto? Muitos diriam que sim. Eu mesma já fiz essa turnê a pé muitas vezes na vida. Mas se Bibi no bibi anima, vamos manter a ordem das coisas. Sei que ainda não estou um ás - talvez nem um K, Q ou J - mas me sinto muito bem ao volante e não tenho pressa para seguir evoluindo. Sei que é um compasso, como numa canção. Quem é que vai querer atravessar o samba, não é mesmo? Estou apenas esquentando os tamborins.


A esteira é um tédio. O smartphone me salva da agonia de correr e não chegar a lugar algum (além do peso ideal, claro). Viva a tecnologia também por isso. Mas quando não estou plugada, a esteira me dá condições de olhar em volta. Essa dicotomia entre estar fixa e em movimento me permite certas regalias. Hoje mesmo estava pensando: até os intelectuais foram obrigados a pertencer ao templo do hedonismo nesses tempos de má alimentação, estresse e pouca qualidade de vida.


A frase parece preconceituosa, mas não foi a intenção do coração. E no final das contas é ele que rege os meus sentidos. Quase sempre. O que eu quis dizer é que agora a academia virou um espaço comum, coletivo. E não deixa de ser um ambiente delicioso para observações antropológicas - que os intelectuais deveriam aproveitar e se aprofundar! 


Justamente enquanto eu estava na esteira, avistei um hedonista. O moço estava sentado num daqueles bancos, de frente para um espelho e com um peso nas mãos. A cada abaixa e levanta, ele salivava pelo tamanho de seu próprio bíceps. Fazia uma pose diferente em cada série e não parava de se olhar. Certamente rolava a comunicação não-verbal entre ele e sua imagem refletida. Devia pensar que o cara refletido era pintoso (quais são as palavras que os homens usam para elogiar seus pares? hahahaha). Ou elaborava uma cena dramática com aquele suor todo escorrendo pela testa. Scarlet O'hara feelings, vai saber? 

2 comentários:

Saulo disse...

Já aderi á dieta 2012, mas ainda não criei ânimo para a "vida hamster" correndo numa esteira... aff

Bibi disse...

Esse calor não ajuda. Tô aqui me convencendo de ir...