6.12.12

Vai Niemeyer

* primeiro e único obituário que escrevi na minha carreira. Solto hoje, com tristeza.

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Morreu aos 104 anos o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer: considerado um dos nomes mais influentes na arquitetura moderna internacional. O arquiteto estava internado  no Hospital Samaritano.


Ícone da arquitetura brasileira, Niemeyer sempre se caracterizou por ser um inovador nas formas: tinha quase uma obsessão por dar curvas ao cimento, característica que o tornou um dos precursores da arquitetura moderna. Em 1988 ganhou o Prêmio Pritzker, uma espécie de Oscar da arquitetura Mundial. Seu nome está intimamente ligado ao que talvez seja o seu mais ambicioso projeto: a construção de Brasília. Ele teve a ousadia de planejar uma cidade e até hoje, 50 anos depois, sua obra é referência internacional. Mostrou o mesmo entusiasmo em sua luta política, questão que sempre marcou sua vida e obra.

Em 1945 conheceu Luis Carlos Prestese filiou-se ao PCB. Niemeyer emprestou a Prestes a casa que usava como escritório, para que este montasse o comitê do partido. Fervoroso comunista, ele chegou a se exilar em Paris e nem esse episódio arrefeceu sua crença e criatividade. Em 1966, desenhou sem cobrar nada a sede do Partido Francês, em Paris, e também deixou sua marca no Centro Cultural Le Havre (França) e em um zoológico em Argel (Argélia), entre outros.

Oscar Ribeiro de Almeida de Niemeyer Soares Filho nasceu em 15 de dezembro de 1907 no bairro de Laranjeiras, na cidade do Rio de Janeiro. Filho de Oscar de Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro de Almeida, ele passou toda a infância na rua Passos Manuel, que mais tarde recebeu o nome de seu avô, Ribeiro de Almeida, ministro do Supremo Tribunal Federal. Aos 21 anos casou-se com Annita Baldo, com quem ficou por 76 anos e teve a única filha Anna Maria. Viúvo em 2004, ele voltou a se casar dois anos depois, aos 99 anos, com a secretária de seu escritório, Vera Lúcia Cabreira, de 60 anos.

Niemeyer levou uma vida boêmia, mas depois do casamento foi trabalhar na oficina tipográfica do pai, enquanto cursava a Escola Nacional de Belas Artes. Saiu de lá formado arquiteto e engenheiro em 1934. Logo em seguida iniciou sua vida profissional ao ingressar no escritório de Lúcio Costa e Carlos Leão onde começou a desenvolver o estilo que se tornou sua marca registrada: construções com curvas antes impensáveis em concreto.

Em 1936, realiza o seu primeiro projeto marcante: integra a comissão formada para definir os planos da sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio, sob supervisão do arquiteto francês Le Corbusier. No ano seguinte assinou o seu primeiro projeto individual na cidade, a Obra do Berço, na Lagoa. Em 1939 projetou, com Lúcio Costa, o Pavilhão do Brasil na Feira Mundial de Nova York, onde recebeu a Medalha da Cidade. Assim começava a fazer seu nome dentro e fora do Brasil. É, com certeza, o arquiteto brasileiro mais conhecido no mundo. Em 2009, o núcleo de cultura que leva seu nome, em Avilés, na Espanha, teve a ideia de publicar umlivro com 102 cartas trocadas entre Oscar e diversas personalidades das artes e da arquitetura, como o escritor José Saramago e o ator Brad Pitt. O ator visitou o Centro Cultural Oscar Niemeyer na Espanha, ainda em obras, e se entusiasmou tanto pelo empreendimento, baseado em soluções sustentáveis, que se interessou em contribuir para a construção.

Em 1947 ele concebeu, ao lado de Le Corbusier, o projeto para a sede da ONU, em Nova York. Tornou-se assim um nome importante na arquitetura mundial. Entre seus trabalhos mais conhecidos no exterior estão: a sede do Partido Comunista Francês, em Paris (1967); a Universidade de Constantine, na Argélia (1968); a sede da Editora Mondadori, em Milão (1968).

Na década de 40, ele conheceu Juscelino Kubitscheck, então prefeito de Belo Horizonte, que encomenda o projeto que deu forma ao conjunto arquitetônico da Pampulha. Esse foi o início da relação que marcaria a vida e a carreira de ambos. Cerca de uma década depois é o próprio JK, agora presidente da República, quem faz o convite para que Niemeyer colabore na construção da nova capital, cujo plano urbanístico é confiado a Lúcio Costa. Em 1958, ele é nomeado arquiteto-chefe da nova capital e transfere-se para Brasília, onde permaneceu até 1960. Alguns trabalhos, no entanto, só seriam plenamente finalizados tempos depois. É o caso da Catedral de Brasília, que foi projetada em 1958, mas devido a dificuldades jurídicas, só foi inaugurada em 1970.

Suas atividades no exterior não interromperam seus projetos no Brasil:

O Edifício Copan, no centro de São Paulo, foi inaugurado em 1966. A construção permanece sendo a maior estrutura de concreto armado no país. Na cidade ainda criou a Fundação Memorial da América Latina e o Parque do Ibirapuera que foi inaugurado em 1954, mas o só foi concluído 50 anos depois, com a entrega do Auditório Ibirapuera.

O Carnaval carioca também leva a assinatura de Niemeyer. Foi ele que executou o sambódromo da Marquês de Sapucaí e também o projeto do CIEP, cujo objetivo era construir um grande números de unidades escolares que aliassem beleza, baixo custo e rapidez de execução. A técnica utilizada foi a de concreto pré-moldado, que possibilitava erguer cada escola como um jogo de armar em apenas quatro meses. Ainda no estado, o arquiteto projetou o Museu de Arte Contemporânea de Niterói em 1996. Sua forma circular favorece a vista panorâmica do mar.


“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de EinsteinOscar Niemeyer

4 comentários:

SA disse...

BIBI MAIS UMA VEZ CUMPRINDO SEU TRABALHO COM MAESTRIA

Bibi disse...

# Esse me deu muito medo de fazer!

Anônimo disse...

Você é corajosa,destemida

Bibi disse...

Sou uma tela em branco. Ou quase :)