29.8.08

Mundão


Descobri um programa na internet que te diz quantas pessoas acessaram o blog no dia e na semana, além de outras frescurinhas que muito me interessam. Outra novidade, a que mais gostei por sinal, é que o programa revela de que lugares no globo as pessoas estão acessando. É sério! E para meu espanto o Bibidebicicleta está sendo visto em várias partes do mundo. Ok, está tudo escrito em português, mas... Sempre tem um brasileiro plugado em algum lugar. Só hoje eu listei entre os últimos 100 acessos, as seguintes regiões internacionais:

EUA
Espanha
Londres
México
Bulgária (Velico Turnovo)
Rússia (Stravropol)
Itália (Roma e Sardegna)
Portugal (Coimbra)


Vixe! Tenho que arrumar uma maneira de integrar esse pessoal à realidade do mundo debicicleta. Na realidade, o ato de escrever, de repente, se tornou um pouco mais preocupante para mim. Não sei se preciso elaborar melhor as palavras ou buscar personagens que não estejam tão somente centrados ao redor do meu pequeno umbigo. Tenho receio, mas a vontade de seguir em frente é maior! Não mais que de repente me senti desprotegida em frente à tela; com a alma desnudada em frente a uma gigante webcam. Talvez esse seja o meu Big Brother interior...

Voltando à história da lista de lugares que acessam o blog, reparei que tenho leitores em lugares surpreendentes aqui mesmo no Brasil. Mas resolvi fazer essa lista de estados só depois das férias. Isso... Estou saindo de férias com a Onça. Destino? Cheios de incertezas ainda... Passagem carimbada e mala por fazer. Preguiça, falta de organização. A única certeza é de que estarei contando, sempre e o mais rápido possível, a aventura dessa dupla de malukas por esse mundão de meu Deus!

Até o próximo post!

28.8.08

Passado a limpo


Passado a limpo

Naquele tempo o mundo parecia caber dentro da minha imaginação. Da janela do carro ou do ônibus, eu podia ser transportada para os lugares mais incríveis, mesmo que estes fossem os efetivamente já conhecidos. Eu não precisava de terra, mas de movimento.

Naquele tempo eu costumava tomar banho de mar. Desafiava as ondas até onde elas me parecessem apenas um montinho de água que não se quebra. Ou então, ficava sozinha à beira-mar, deitada na faixa de areia onde a água ia e vinha. Ali eu imaginava ilhas perdidas, navios piratas, aventuras a experimentar. Mas eu não precisava da areia, mas do balanço do mar.

Naquele tempo as estrelas não pareciam tão distantes, o céu não era o limite, a velocidade funcionava na cadência do pensamento ou da vontade. Bem mais que o tempo, o movimento estava além das horas ou das possibilidades. Ele era apenas a garantia de que era possível ir além. E eu não precisava de relógio, mas apenas da disponibilidade.

Naquele tempo as lágrimas eram de dor física; os beijos, de oi e tchau; a briga era apenas para ver quem chegava primeiro; as obrigações, equânimes; a diversão, garantida. O valor de uma amizade se encerrava apenas no companheirismo, garantido por um sorriso ou um olhar. E eu não precisava de papéis, apenas de sentimentos.

Hoje, eu acordo e me lembro daquele tempo. E gosto de saber que tudo está certo, cada coisa em seu lugar, cumprindo o destino descrito para mim. E me sinto feliz, porque estou em paz. A vida tem a sua cadência própria, a qual a gente não deve acelerar. Vivo esses pequenos instantes de alegria, aprendendo a saborear o doce e o amargo na medida certa de cada um. Sem eles, a receita desanda. E eu não preciso de fórmulas pré-fabricadas, mas apenas de um bom olhar.

25.8.08

Shakespeare



Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.
-- William Shakespeare

22.8.08

Soltinhas

Olá pessoAll,

Hoje eu resolvi escrever umas notas curtas, assim eu passo a limpo os pensamentos da semana sem estressar a vida de ninguém. São tantas emoções...

1) Não sofro de “bloggercentrismo”, ou seja, passeio sempre pelas páginas dos meus amigos e procuro deixar uma mensagem, assim como eu gostaria que fizessem comigo. O único ambiente virtual que eu visito sem postar um comentário é o do Bruno Mazzeo. Sou super fã, mas morro de vergonha que ele ligue o nome à pessoa. Eu evito “a exposição da minha imagem na Medina”, como diria o Tio Ali em O Clone. Assim sendo, não posso deixar de destacar um dos textos mais engraçados que já li no Macaquinhos no Sótão. Ele começa assim:

“Eu estou descobrindo um novo viés para a minha existência. Uma nova missão a cumprir neste mundo. Uma maneira de fazer a diferença em uma humanidade tão suja. Trocar rolo de papel higiênico.” – É fundamental você visitar o blog para ler tudo! Passo mal de rir! E olha que eu ainda não descobri um novo viés para a minha existência... Vai que você se identifique?

2) Esse mês de setembro promete! Acabei de comprar ingressos para o show da Celine Dion - vou com a Onça; ganhei um ingresso para o show da Kelly Clarkson e estarei, se Deus quiser, marcando presença no show do Dave Matthews Band e Ben Harper aqui no Rio (Vivo Rio), bem no final da minha temporada sabática!


Tentarei trazer fotos para partilhar mais esses Magic Moment com vocês... (A quem interessar possa, claro. As vezes acho que essas coisas pessoais devem dar no saco daqueles que não me conhecem ou não se interessam tanto pela minha vida. Mas... Se motiva alguém a levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima, está valendo!

3) Sou amiga do Luke há seis anos. Quando a gente se encontra é inevitável não voltar ao passado. E ele sempre diz: “bendita a mala que eu carreguei”. Foi assim, me ajudando a arrastar o "malão" que nos tornamos inseparáveis. Ah! se eu não fosse exagerada e ele, cavalheiro... Nos reencontramos hoje, depois de uma ausência física de meses. E é sempre como se tivéssemos nos visto há dois dias. Isso é muito bom! Num tempo onde a falta de tempo parece te engolir por inteiro e sem mastigar, tento de todas as formas proporcionar encontros fortuitos, como esse, no meio do dia, para uma hora de almoço que seja. Pela primeira vez estamos passando juntos por uma fase de maré tranqüila. Um sempre sabe o que o outro fez e pretender fazer. É muito especial ter uma pessoa assim, com a qual você pode escrever a sua vida com as tintas do amor, no livro do coração. Tenho me empenhado a aplicar o Feitiço do Tempo para que me sobre energia e entusiasmo para estar perto dos que amo, mesmo estando de longe. E cada vez que consigo vencer essa meta, me sinto totalmente reabastecida de afeto.

4) Voltei a ler o post Laço de Três Cordas. Voltei no tempo. No texto eu digo que tive os melhores dos melhores amigos na época da escola. E não mentia. Relembrei alguns fatos:

  • Eu tinha apenas 11 anos quando tive a certeza de que seria jornalista. A escola promoveu uma feira de livros e o nosso autor era Pedro Bloch. Foi com a Fafá, a Teka e o M AS que estivemos na casa do escritor, em Copacabana. Cada um deveria fazer duas perguntas programadas. Eu fiz umas dez. E o dono da casa ria entusiasmado ao responder cada uma delas. Ele me falou que eu seria uma boa jornalista. Também disse que seria uma personagem em seu próximo livro.

Pedro era médico e muitos dos seus livros infanto-juvenis eram inspirados nas crianças que atendia. Eu nunca soube se virei mesmo ou não personagem de um conto infantil... Mas lembro dos amigos que lá estiveram comigo.

  • Lembro de uma amiga que se chama Friscila. Assim mesmo, com F. Ela ia muito lá em casa. Uns dias para fazer trabalhos, outros para passar o tempo. Tenho duas lembranças engraçadas com ela: foi a primeira da turma a ter peitão, andava orgulhosa pela rua. Uma vez, ela me escreveu um bilhete amigo dizendo que eu batia nela, mas ela gostava de mim! Hahahaha Minha mãe leu aquilo e me achou uma espécie de delinquente juvenil! hahahaha Eu não era violenta, oras, nunca fui! Eu era sinestésica e como toda adolescente, sem controle sobre a nova força do corpo. Tadinha...
  • Depois que soube que a Fri andava freqüentando a minha casa, o BS passou a ir também. Alguns meninos achavam que ele era gay e se afastavam. Para mim, isso tanto faz como tanto fez desde muito cedo. O engraçado, era que ele ia lá para casa para ficar lavando a louça do almoço. E eu ia reclamar?!
  • Outra vez, um grupo de 8 pessoas baixou lá em casa para ensaiar uma peça de teatro para as aulas de religião. Meu AP era no térreo e um mendigo bêbado, ouvindo a algazarra, abriu uma palheta da persiana e colocou o olhão lá dentro.

- O que está acontecendo ai?

Algumas meninas saíram correndo do quarto. Outras ficaram com os garotos. Usávamos uma espécie de túnica, saca camisolão? O M AS teve uma idéia de maluco e disse:

- Nós somos anjos!

Todos se olharam incrédulos. O Dingão arregalou o olho e perguntou:

- O que vocês estão fazendo aqui?
- Nós viemos te buscar. Você anda bebendo muito.
- Valha-me Nosso Senhor! Sai fora!

Só vi o homem sair correndo e eu, sair rolando de rir do quarto. Não conseguia entender como um menino tão certinho e calado pode ter feito algo daquele tipo. Posso dizer que o M AS vestiu, literalmente, o personagem.

  • Eu tinha uma amiga chamada Jurema. Fiz uma poesia sobre ela e ganhei um prêmio na escola. Começava assim: Jurema tu és um poema / Que eu fiz para te agradar / Alencar escreveu Iracema / Mas eu com Jurema vou rimar. A criatura ficou mais famosa que o criador. O nome dela já é, por si só, um marketing, não é não?
  • Na porta da escola tinha um monte de bodes e cabras pretos soltos, pastando. Eu sempre fui "cabreira" com aqueles bichos. Um dia, passando com a Mari por ali para voltar para casa, ela me disse:

    - Uma vez, estava descendo essa rua sozinha e um bode desses ficou me encarando. Achei que ele fosse correr atrás de mim. Morri de medo.
    - É Mari, eu também não confio nesses bichos não.

    A gente andava pela rua, não tinha movimento de carros até depois de uma ponte. Ela olhou para trás e viu que um dos bodes chifrudos estava se posicionando no meio da rua. Passando a pata no chão igual a touro bravo.

    - Bibi, não olha agora, mas eu acho que o bode está olhando para gente.
    - Você está louca? Claro que não está! Vai ver ele gostou da gente.

    E me virei para trás. E ele estava encarando mesmo. Aquele brilho sinistro no olhar. Começamos a apressar o passo. Viro para trás e o bode "vem que vem" atrás da gente. A toda velocidade.

    - Corre Mari! É hoje que a gente vai levar uma chifrada! Corre!

    E saíram as duas destrambelhadas correndo, gritando, olhando para trás e rindo daquela situação ridícula! No meio da ponte, o bicho desistiu da corrida maluca. Para a nossa sorte!

    Termino o post assim, para cima, espantando qualquer bode que possa te colocar para baixo! Desejo a todos um ótimo final de semana! Até a próxima! Béééééééééé rs
“Morro e revivo nos pequeninos instantâneos da graça.
Sempre à espera de um milagre...
Quebre-se a causa e o efeito, haja beleza e bondade!
Eis minha prece para hoje e sempre.”
– Márcio Anhelli

20.8.08

Isis Valverde



Fico muito feliz de ver o rostinho da Isis Valverde estampado em um monte de capas de revista. A Rakelli dela está mesmo nota 10! Antes da novela ir ao ar, eu a convidei para uma entrevista, que infelizmente nunca foi publicada. Até agora... O Bibidebicicleta também me ajuda nesse sentido. Queria repartir esse momento com vocês.


A gente se encontrou no estúdio do fotógrafo Rodrigo Lopes, um brother de tirar o chapéu. Era fim de tarde. Isis foi maquiada pelo Ton Reis, profissional responsável pelo seu 'novo' visual da novela. As fotos foram super divertidas. Isis tem bom humor, é uma explosão de alegria! Está sempre com um sorriso no rosto e não pára quieta. A equipe ficou encantada com ela. Ela sempre foi um doce comigo, mesmo antes desse tal encontro de trabalho. Um dia, no Copa Palace, ela chegou com a mãe e me apresentou a ela, como se nós fôssemos íntimas, velhas conhecidas. Talvez eu seja íntima do closet da Isis, porque eu sempre pergunto o seu look em toda e qualquer festa ou evento. E ela sempre me dá a resposta rindo e dizendo: "saí de casa sabendo que ia te encontrar. Olhei a etiqueta antes de colocar o vestido". Não é fofa?


A entrevista foi gostosa. Ela falou bastante e contou muitos casos, que eu acompanhava rindo ou com os olhos de quem tenta decifrar de onde vinha tudo aquilo. A coluna era pequena, separei apenas alguns trechos para que o momento não se perdesse na história. A Isis já é uma estrela, mas ela consegue brilhar mantendo os pés no chão. Uma graça!


Isis é... “Geniosa.”

Gosto de... “Ir à praia, ouvir reggae e ler um livro.”

To fora... “Para brilho em excesso.”

Gosto de usar... “Vestido balonê florido e salto alto.”

Me derreto por... Elba Ramalho, porque ela canta com a alma.”

Lágrimas... “Com o livro de poesia do meu tio Gilberto Nable, Percurso
da Ausência
, que coloca a minha vida em poema.”

Em cena com...Tony Ramos, que é sublime.”

Profissão dois... “Veterinária, porque acho que bicho ama incondicionalmente. Tive cabrito, tartaruga, galo e galinha, peixe, mico e tantos outros.”

Seduzo... “Com o sorriso.”

Apelido... Isão. Um dia perguntei: o que é isso? Me disseram que é Isis + Tesão. Que ridículo! [risos].”

Saio da dieta com... “Bolo de brigadeiro com recheio de marshmallow.”

Invisto... “Futilidades, como roupa, sapato, presente, gorjeta. Dinheiro é feito para gastar. Lógico que você tem que ter senso para tudo.”

Sempre... “Observo as pessoas.”

Mania... “De querer embelezar os outros.”

Inspiração... “São duas. Uma eu gravei na pele, que é Dominus Pascit Me, que é ‘O Senhor é meu pastor’ em latim. A outra eu venho encontrando em livros de filosofia, que é amar, amar e amar. A vida se divide entre o que é amor e o que é vil.”


Quando você acha que já tem todas as respostas necessárias, Deus vai lá e muda as perguntas!

17.8.08

Laço de três cordas

Estava lendo o perfil da minha sobrinha e me deparei com um dado interessante. Ela fez uma espécie de perguntas e respostas a si mesma e colocou algo como: "o pior sentimento é o arrependimento". Não censuro a escolha, e nem poderia [já achei o mesmo], mas me deu o que pensar... Na minha adolescência eu também tive esse mesmo ponto de vista em relação às coisas da vida. Como se errar não fosse permitido ou fosse uma questão de tempo perdido numa trajetória veloz! Sempre ouvia dizer que depois dos 15 anos a vida passaria tal qual um trem bala. Uma daquelas verdades inequívocas; constatadas logo após. Nessa fase a gente acha que é tudo ou nada.

Durante muitos anos agi como se não pudesse me arrepender das minhas atitudes e escolhas. Resultado? Perdi um tempo preciso atrás de uma perfeição que não existe. Dessa forma, se arrepender significava ter feito a escolha errada, perder tempo, se afastar da meta, da linha de chegada do destino [looser]. Deixei de viver coisas bacanas, de errar e de acertar [circunstâncias fundamentais para o nosso processo de desenvolvimento pessoal]. Acima de tudo, acabei me desfazendo de coisas que me pareciam muito complicadas [pessoas, em especial]. E quando se é adolescente – ora, ora – tudo é sempre muito complicado.

Queria poder ensinar isso a minha sobrinha e poupá-la do real tempo perdido. Contudo, existem certas lições que a vida se encarrega de dar e não se pode adiantar o processo. Ele é parte do show do existir. Mas espero, com todo o amor que tenho no coração, que ao ler sobre isso, ela possa encontrar a “arma” necessária para passar tranqüila para a próxima fase desse game. Se arrepender é tão parte da vida, quanto sorrir ou chorar. É sinal de que você tentou, arriscou, mas se deu conta de que na próxima vez faria diferente ou não faria. O mais bonito dessa lição é que muitas vezes o tempo nos dá de presente uma nova oportunidade. E é justamente sobre isso a minha história de hoje.

DIRETO DO TÚNEL DO TEMPO:
Quem não teve um super amigo na época da escola? Eu, graças a Deus, tive vários – os melhores dos melhores. São eles os responsáveis pelas lembranças mais marcantes e memoráveis. Na minha última escola eu tive a honra e o privilégio de conhecer a K. A nossa aproximação foi imediata, iniciada pela coincidência de morarmos perto uma da outra. As semelhanças? Gosto pela leitura, criatividade, sede de aventura, comunicação, fé, amor pela família, vontade de fazer diferente, curiosidade, impetuosidade, liderança, fome de justiça, crença no ser humano e uma vontade sem fim de bater papo. Chegou o tempo em que bastava um olhar para que a comunicação se estabelecesse. Um dia, eu passei a me sentar longe, do outro lado da sala, para que pudéssemos existir individualmente. Ela ficava com a L, a paty da sala, e eu com a S.A., que era a terceira força do nosso time; o caminho do meio.

A chegada ao segundo grau nos separou. Resolvi mudar de sala, porque alguma coisa dentro de mim dizia que o caminho era outro. Continuamos amigas, bate-papo no corredor, encontros na casa dela e na minha. Até que... Até que como em quase toda a história de amor fraternal intenso, alguma coisa saiu do lugar. E saiu feio! “E o anel que tu me deste era vidro e se quebrou”. Passamos os três anos seguintes nos vendo, mas sem trocar uma palavra. Ganhei um concurso de poesia no colégio e quis dedicar a vitória a ela e pedir perdão em frente a toda a escola [nunca contei isso a ninguém]. Inéditamente não me deixaram falar ao microfone [eu era a oradora oficial]... A chance passou e a coragem também.

Tempos depois, surpresa! Eu a reencontrei em um módulo do pré-vestibular e a chamei para conversar. Disse que aquele encontro tinha um significado maior e que não queria passar a vida tendo que virar a cara para ela. Assumi a minha parte na culpa, as minhas inseguranças e a falta de tato. Foi o primeiro passo, mas ainda incipiente. No ano seguinte, pasmem! Nós nos encontramos na universidade. Ela estudava no andar acima do meu e tinha que descer para usar a cantina. Nos vimos algumas vezes, troca de olhares e afetos tímidos. O destino me mandou para outra faculdade e nos perdemos mais uma vez. Anos mais tarde, ela me telefona: “Vou me casar e faço questão da sua presença nesse momento”. Era a chance que eu não podia deixar passar. Fui com a minha família, que durante um tempo foi, de certa forma, a família dela também. E fiquei emocionada ao perceber que ela foi capaz de deixar seus convidados de lado para me dar o maior tempo de atenção possível.

No novo tempo, apesar dos castigos / Estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos / Pra nos socorrer / No novo tempo, apesar dos perigos / Da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta / Pra sobreviver / Pra
que nossa esperança seja mais que a vingança / Seja sempre um caminho que se
deixa de herança...

E o tempo, senhor da razão, nos separou mais uma vez. Só que dessa vez um novo laço já havia sido feito. Um laço de três cordas, que é difícil de arrebentar. Há algumas semanas a K foi até o meu trabalho me visitar. E resgatamos o querer mais que bem-querer. Foi uma visita ao passado de braços abertos para o futuro. Foi um arrependimento que teve remédio. A solução é sempre o amor.
A K contou essa história em seu blog:

"No “cavalo de batalhas” que todo adolescente é capaz de criar, nós nos perdemos. Pra mim foi como perder um pedaço. Mas a vida segue, mesmo quando falta um pedaço! As feridas cicatrizam e você continua amando. O tempo! Ele mostra o quanto fomos estúpidas. E você aprende... A amar, a pedir perdão, a compartilhar, a ser menos egoísta. Entre perder e encontrar existe uma esplendida caminhada na busca do autoconhecimento e da natureza humana. Se não tivesse perdido, não saberia o quanto é importante amar e ser amada e nem as maravilhas curativas do querer-bem. Aprendi a dar valor ao que é importante e a descartar o que não é. Se soubesse disso há tempos, não teria sido privada da convivência de pessoas importantes. Mas agora eu sei! E não vou deixar passar! "

15.8.08

Melhor é Impossível


PARTE I

Salve, salve tripulantes dessa nave louca chamada blog, que ruma direto para um planeta único e particular batizado de Bibidebicicleta. Tenho encontrado uma rotina bacana para escrever, o que é um milagre. É noite, minha mãe já foi deitar – ela dorme com as galinhas [sem trocadilhos, por favor!] e meu pai, nesse exato momento, parece um pato dentro do lago, tamanho é o tempo que gasta debaixo do chuveiro, se lavando. Ainda bem que não é banho de gato e o velho está sempre cheiroso... mesmo minutos antes de entrar no box. Quero confessar, como a mão direita sobre o mouse, que sei que tenho andado "reclamona" ultimamente. Sorry! Faz parte de qualquer repertório do show da vida. Mas Freud e eu explicamos: essa síndrome que me acomete de forma intensa, pelo menos uma vez por ano, chama-se tensão pré-férias. Vou viajar, claro, mas não é hoje que falaremos sobre o meu próximo destino.

Ao invés de recitar o meu rosário de cantilenas perdidas, prefiro contar as minhas histórias aqui; os meus “Causos Por Acausos”! [risos]. Esses sim aliavam a alma. No post de ontem eu coloquei de propósito a foto da cena do longa Melhor É Impossível [As Good As It Gets, 1997]. Tem séculos que quero falar sobre esse filme, mas ficava retardando o avanço do desejo, como quem resiste a comer o último pedaço do doce favorito. Depois me toquei que o filme, um dos meus preferidos, é tão rico e tão encantadoramente recheado de simbolismos, que eu podia dividi-lo em vários temas ao longo da história do Bibidebicicleta, sem correr o risco de estar sendo óbvia e repetitiva. E também se eu parecer, e daí? Já teorizavam certos “filósofos” baianos que dão voz à linguagem e interpretação que emana do povo, para o povo e pelo povo, que:



“pau que nasce torto, nunca se endireita; menina que requebra, mãe, pega na cabeça. Domingo ela não vai; vai, vai; olha domingo ela não vai não; vai, vai, vai”.

[Tá cantando junto, né? Confessa que seu lado brega está dançando o Tchan por dentro!]

Vamos desenrolar esse novelo e voltar ao que interessa. Melhor É Impossível é um dos meus filmes favoritos em todos os sentidos. Não é um clássico, não tem um roteiro linear, é despretensioso, me agarra do começo ao fim. Sempre. E olha que já o vi diversas vezes. E volto a assistir constantemente, com o mesmo olhar de doçura e curiosidade. Passei a amar ainda mais o Jack Nicholson depois desse longa e a atuação da Helen Hunt foi tão incrível, que para mim esse papel marca definitivamente a passagem dela da categoria de personagem de seriado, para grande atriz da telona. Pode até ser injusto com a carreira da moça, mas é como penso. Naquele ano, os dois faturaram o Oscar de Melhor Ator e Melhor Atriz e o filme só não foi mais aclamado, porque o Titanic afundou as pretensões de qualquer trabalho na ocasião.





Melhor É Impossível é tão incrivelmente bem cotado, que comprei o DVD para dar de presente ao Mestre Honey, meu professor de roteiro, no dia do seu aniversário. Ele diz que adorou o presente, mas não gostou do filme [pumf!]. Eu tenho pra mim que ele se identificou um pouco com o personagem principal... [Só um pouquinho, tá? Não fica triste comigo não, que esse é o seu charme!]. E não sou apenas eu que tenho essa impressão, não do professor, mas da singeleza do filme. O crítico Rubens Ewald Filho – que adoro e babo por seu conhecimento – disse que finalmente haviam feito um papel para o Jack Nicholson, porque em geral, ele tem uma personalidade tão forte que acaba trazendo para si cada personagem. O resultado fica exagerado e repetitivo. Não nesse roteiro! “O papel é neurótico, difícil, interessante, contraditório. Jack dá um show e realmente está excepcional como há muito não se via. É uma comédia dramática, gênero difícil. Aos poucos vamos sendo conquistados pelos atores, que são excepcionais. De tal forma que, ao final, torcermos pelo romance, pelas boas saídas (nunca politicamente corretas). É raro se ver uma fita americana assim humana, sensível, fugindo de clichês e com personagens psicologicamente complexos”.



Taí uma boa pedida para o fim de semana...

Melhor é Impossível - II


PARTE II

Sempre que termino de ver esse filme, me pego apaixonada pela história. No final das contas, ela nos mostra que o amor é mesmo capaz de transformar as pessoas. No meio para o final do filme, é o Jack que fala uma das frases mais bonitas de toda a história do cinema:

“You make me want to be a better man”.

[lembrem-se, esse é o meu ranking! Não valem reclamações, tá?!]. A Andy sempre me disse que era exatamente isso que ela sempre quis ser na vida de um homem. Antes, porém, ela encontrou alguém que a fez ter vontade de ser uma mulher melhor. O incentivo pode ter durado pouco, mas ela ainda busca estar melhor sempre. Eu concordo com Molière, quando ele diz que a maior ambição da mulher é despertar o amor.

Sei que acabei de citar uma das cenas mais lindas desse roteiro, mas é sobre outra que eu quero falar. Bem no fim do filme, quando ele corre até a casa da garçonete para dizer que está apaixonado por ela e eles meio que resolvem a discussão à sua maneira, Melvin a convida para caminhar pelas ruas, só que são mais de quatro da manhã e Carol não acha isso “normal”. E ele diz algo como: "seremos apenas duas pessoas que gostam de caminhar até a padaria para pegar a primeira fornada de pão bem quentinho". Ele justificou o passeio. E no amor, tem coisas que simplesmente não precisam de justificativa. A poesia no desenrolar dessa cena é extraordinária e no fim, após o beijo apoteótico, Melvin e Carol estão justamente ao lado da padaria, que acende as luzes e abre a sua porta na hora perfeita do casal entrar.




Minha dificuldade em levantar cedo já é velha conhecida aqui no Bibidebicicleta. Assim sendo, acho que as chances de eu conseguir acordar e ver a padaria abrindo seriam zero. Só que a vida nos surpreende a cada esquina. Simplesmente A-D-O-R-O quando vivo uma cena de cinema na vida real. E foi o que aconteceu! Calma que o milagre não é tão grande assim, eu explico!

Há cerca de três semanas decidi ter um fim de sábado totalmente diferente de tudo que eu já havia vivido. Soube que uns “coleguinhas” estavam indo para a quadra do Salgueiro (escola de samba) e decidi ir para lá também para conferir tudo aquilo que ouvia durante a semana em relatos deliciosos. Até bem pouco tempo, eu tinha pânico de lugar cheio de gente, irritação com barulho constante e um relógio biológico que me chamava cedo para a cama. Não naquele sábado, meu bem! Escalei o Filly, companheiro que torna sempre as maiores roubadas, nas melhores diversões, e parti. Linda com meus cachinhos dourados ao vento. O Filly passou na minha casa à uma da manhã [atrasado como sempre], mas para mim, literalmente, o dia estava apenas começando...

Depois de passado o choque de me ver na quebradeira, meus amigos me apresentaram ao universo do ziriguidum. Eu estava entregue, porque quando resolvo fazer algo, gosto de estar com o coração aberto e disponível. Claro que a minha iniciação tinha que ser no mínimo diferente, especial. Não fiquei no meio do povão, mas no camarote da presidência. Foi luxo só! Fiquei bem na parte da frente, observando tudo com muita curiosidade e fazendo altas analogias, comparações entre o sagrado e o profano. Dancei também um pouquinho, como se estivesse no alto de um carro alegórico. E principalmente: curti a bateria. Não gosto de carnaval, mas amo música bem executada. Esse era o meu maior interesse ali. O Salgueiro recebeu a bateria da Vila Isabel e da Unidos da Tijuca. No final, a Furiosa da Tijuca entrou em cena e me arrebatou lá para o meio do povo! Fiquei ao lado do palco sentindo a vibração, curtindo o momento, pulando. E tentando evoluir com meus dois pés esquerdos! "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é!" E saí de lá com aquela sensação de Carpe Diem.



Filly me levou até em casa. Fomos caminhando pela madrugada. Coisa rara para quem mora no Rio de Janeiro hoje. Senti uma liberdade incomum. Necessária. Ficamos conversando um pouco no jardim. Praticamente uma vida passada a limpo em algumas horas. Momentos preciosos de atenção total, coração aberto, cuidado e olho no olho. O dia clareou step by step. O calor do corpo diminuiu e começamos a tremer de frio com o sereno sob nossas cabeças. Pensei na situação dos desabrigados. Mais conversa e sinto um movimento diferente do outro lado da rua. A padaria estava abrindo! E eu fiquei louca para comer um pãozinho quente, feito na primeira fornada do dia. Melhor É Impossível. Pedimos café com pão no melhor estilo mineirinho e enquanto esperávamos pela fantástica refeição, aquecíamos as mãos na bancada de vidro que abrigava os salgadinhos recém feitos. E contrariando a ordem natural das coisas, fui me deitar para uma boa “noite” de descanso, depois de tomar o café da manhã. E fiquei com vontade de fazer aquelas ditas loucuras que só fazem bem ao corpo e a alma: tomar banho de chuva, andar descalça pela grama, ver o pôr do sol nas areias da praia, deitar na rede em uma varanda cheia de vento, tomar um solzinho estirada no chão de ardósia à beira de uma piscina, caminhar por uma trilha cheia de passarinhos e flores e plantas, contar as estrelas deitada em uma pedra e em boa companhia, subir em uma árvore para comer fruta do pé. Já fiz tudo isso e foi muito bom. A vida corre e a gente acaba tendo que viver apenas com boas lembranças e não atrás de refazer doces realidades. Mas estou ai para garantir o bis de bons momentos, de coisas tão simples de se fazer. O meu tempo é hoje. Melhor É Impossível...


13.8.08

Final Feliz



Estava voltando de uma matéria que parecia no final do mundo. Posso exagerar dizendo que parecia, pelo menos, a fronteira final do Rio que onheço: Recreio dos Bandeirantes. Eram cinco horas da tarde e eu ainda nem havia almoçado. Abri a bolsa e me atraquei com uma barrinha de cereal amiga que jazia escondida dentro da “necessária”. É verdade, ela estava perdida ali, fora do seu quadrado, graças a Deus. Santa desorganização que me aplacou a fome em um período de pura emergência. Enquanto travava "a salvadora" entre os dentes, olhei o mar... Dia nublado, praia vazia. Cenário perfeito para me perder em pensamentos... Lembrei do Jorge, que um dia me contou que numa noite especial ganhou a lua de presente. A Andy, romântica que só, uma vez comentou na roda de amigos que um dos seus devaneios de apaixonada era justamente ganhar a lua de presente de um namorado, assim como Jorge. Juju, o pragmático, mandou logo a pérola: “a lua é de domínio público”. Bastou uma sentença para quebrar o encanto da pobre moça. Eu sorri relembrando a cena. E pensei que também sou chegada a esses tipos de manifestações de afeto. Momentos me marcam mais que objetos, mas nem sempre.


Fiquei meio irritada de imaginar o engarrafamento que pegaríamos até o nosso destino final. Minhas companheiras de aventura eram made in Sampa e reclamaram que o trânsito carioca estava igual ao da paulicéia desvairada [sei...]. Achei melhor ligar o rádio e voltar a admirar a bela vista da minha cidade [hohoho]. Não demorou muito para tocar uma música linda. Tudo bem, não gosto muito de Jorge Vercilo, mas não posso negar que Final Feliz é qualquer coisa que me tira do chão, que me rouba o ar de maneira espontânea.

Chega de fingir / Eu não tenho nada a esconder / Agora é prá valer / Haja o que houver... / Não tô nem aí / Eu não tô nem aqui / Pro que dizem / Eu quero é ser feliz / E viver prá ti...

Outra viagem instantânea no tempo e no espaço. O ano era 2004, mês de outubro. Eu fui destacada para cobrir o Círio de Nazaré – a maior manifestação/festa católica brasileira – lá em Belém do Pará. Éramos convidados da Secretaria de Turismo do Estado. O nosso grupo era formado de pessoas muito especiais, como os atores Paulo Goulart e Sérgio Viotti, Roberto Veloso ( O Bob, uma figura sensacional, irmão do Caetano e da Bethânia) e a cantora Fabiana Cozza. Foram dias incríveis, num misto de fé, turismo e companheirismo total.

Em um de nossos passeios, fomos convidados para um almoço especial na companhia do governador Simão Jatene. Um cara bacana. Depois de saborear os fortes e deliciosos quitutes da terra, Fabiana Cozza nos brindou com duas músicas. Ao saber que o governador se aventurava ao microfone, ela o chamou para dar uma palhinha. O homem foi lá para frente e cantou Final Feliz em homenagem à esposa, Ana Jatene, para quem fez uma declaração de amor belíssima e nada piegas. Ele tinha brilho nos olhos, verdade nas palavras e coragem para expor seus sentimentos em meio a tanta gente, de todo canto e todo lugar. E voltando para dentro do carro, fiquei morrendo de vontade de encontrar alguém que cantasse essa canção para mim com sentimento real em cada palavra e intenção. Por que estou falando isso? Por que estou expondo esse pedaço da minha vida? Porque sou apenas uma garota, como tantas outras garotas, pedindo que alguém especial a ame e proteja. Não preciso de outra metade, porque sou inteira, mas preciso de amor... E tenho coragem de expor meus sentimentos em meio a tanta gente, de todo canto e todo lugar.


Pode me abraçar sem medo
Pode encostar tua mão na minha...
Meu amor!
Deixa o tempo
Se arrastar sem fim
Meu amor!
Não há mal nenhum
Gostar assim
Oh! Meu bem!
Acredite no final feliz
Meu amor!
Meu amor!...
Chega de fingir
Eu não tenho nada a esconder
Agora é prá valer
Haja o que houver...
Não tô nem aí
Eu não tô nem aqui
Pro que dizem
Eu quero é ser feliz...

Flexível


Uma homenagem fashion à flexibilidade dos atletas em Pequim. Essa semana tem se mostrado uma verdadeira maratona para mim! É preciso ser flexível e criativa para enfrentar os obstáculos que se apresentam no percurso!
Adoro essa imagem, que é plasticamente bonita e mostra um humor que aprecio! Acho que ela também reflete a flexibilidade que nós mulheres temos que desenvolver, não no sentido semântico, mas em todos os aspectos que tangem vida e cotidiano. Dizem que os homens não compreendem as mulheres. Wow! O homem de hoje também se supera: como compreendê-los? E se não tê-los, como sabê-los.... hohoho
George Clooney ganhou um companheiro no hall dos musos: Pierce Brosnan... Alguém resiste à sedução desse homem no filme Thomas Crown? Sem fôlego!

12.8.08

Gostoso


Jesus me abana!

11.8.08

Quizás



Olá queridos,

Segunda-feira... dia de morrer de sono, de pensar no fim de semana que passou, de se arrepender de certas coisas e se deliciar com outras certas lembranças. Não quero passar a vida em revista aqui, nunca foi a minha intenção real e imediata. Segunda-feira... eita que dia mais estranho, mais chato, mais demorado para passar. Para a maioria dos jornalistas de revistas ela é sinônimo do temido fechamento! O mundo quase pára quando uma edição tem que ser fechada (pelo menos o mundo do coitado do profissional que está com a matéria quente nas mãos e seus momentos se resumem às suas laudas a serem entregues).

Hoje, em especial, estou me arrastando e ainda tenho tanto por fazer. Cada dia tem em si suas dores e delícias. A vida é mesmo feita desses retalhos disformes, de padronagem irregular, tamanhos variados, recortes descontínuos, estampas desarmônicas, costuras difusas, linhas irregulares... proporcionando graça e confusão.

Ando lendo muito, mas absorvendo tão pouco. Ando sem muita vontade de escrever, porque os pensamentos ainda parecem vagar por dentro de mim, abstratos como sentimentos ainda não experimentados em sua totalidade. As vezes me encaro na estação, esperando o trem da minha vida passar. São muitos os vagões, graças a Deus! E são coloridos, organizados, enfileirados em um sistema que só eu mesma posso compreender. Quem vê de fora deve pensar: “puxa, que bagunça!” Mas eu sou quase sempre capaz de me encontrar na minha desorganização aparente. Cada um com seu cada um.

Hoje recebi em minha sala e em minha vida uma pessoa que anda com o seu cada um muito desorganizado. Fiz um esforço ímpar para tentar passar alguma coisa que trouxesse a luz do entendimento à escuridão da falta de sentido. Meu candeeiro está fraquinho, falta um não sei o que de expressivo, de combustível, de aceleração. Tensão pré-férias. Ando com uma vontade de voar, de saborear a liberdade com vento no rosto. Só que hoje ainda é segunda-feira! Segunda-feira, ainda! Tantas feiras para serem perseguidas, experimentadas, colocadas à prova. Hoje, amanhã e sempre.


Siempre que te pregunto Que cuándo, como y dónde Tú siempre me respondes Quizás, quizás, quizás Y así pasan los días Y yo desesperando Y tú, tú contestando Quizás, quizás, quizás Estás perdiendo el tiempo Pensando, pensando Por lo que más tú quieras Hasta cuando, hasta cuando Y así pasan los días Y yo desesperando y tú, tú contestando Quizás, quizás, quizás

7.8.08

É TEMPO DE TER CORAGEM E SEGUIR EM FRENTE MESMO À FRENTE DE TANTOS OBSTÁCULOS QUE TENTAM, EM VÃO, NOS LIMITAR

Momentos de União


Sabe o que eu descobri ontem? Que alguma engraçadinha se inscreveu em um site de relacionamentos e deu o meu e-mail para contato. E esse meu e-mail também uso como MSN. Resultado? Ando adicionando gente com outras intenções. Daí você pode me perguntar: por que você aceita quem você não conhece? E eu te direi: Porque tem muita gente que conheço e não lembro o nome cinco minutos depois de ser apresentada! Ou cinco anos após dizer muito prazer. Porque todos os dias falo com pelo menos umas três pessoas novas! Porque tenho pavor de bloquear alguém que me é ou pode ser muito querido. Que situação! RS Tem certas coisas que só acontecem comigo...

Como eu descobri essa molecagem? Bem... Resolvi dar papo para um desses desconhecidos adicionados em um momento de benevolência total. Ele puxou papo de maneira muito gentil. O cara é de Ribeirão Preto e nos falamos por mais de meia hora. É impressionante como duas pessoas que nunca se viram antes, que trocam uma idéia sem estar face to face e que não têm a intenção de revelar nada mais que o estritamente necessário podem encontrar assunto para levar um diálogo para muito além do óbvio seguido do silêncio constrangedor. Falei mais com o Luiz, o virtual, que com meu irmão da última vez que me ligou.

Ainda sobre a molecagem. Cara, não sou NADA contra as pessoas que se cadastram em sites de relacionamento. Fazer qualquer juízo seria preconceito. Porém, ao tomar essa decisão, você tem que ser inteiro e estar disposto para dar a cara a tapa e ser real. Qual a graça de se inscrever com o nome de outra pessoa? Acho até desleal você dar o e-mail de outra. Mas como de um limão eu faço uma caipirinha (oba!), acabei trocando uma idéia com um sujeito bacana de um lugar onde nunca estive. Adoro dois dedos de prosa, assim como gosto de dois dedos de destilados... ou mais!



Essa experiência de cantada pela metade não é nova aos meus ouvidos. Meu amigo Historinha uma vez estava em um restaurante e começou a ser “desejado pela garçonete”. Doces expressões, olhares gulosos. E ele a tudo reagia com seu olhar impávido, misterioso, milimetricamente calculado. A moça, envolvida por essa aura de sedução incompreensível, trazia todos os pedidos em dobro e anotava apenas a metade na comanda. Ao fim do almoço, ele pega um sache de açúcar – daquela campanha Viva Momentos de União – com a seguinte frase: “Beije Mais”. Ele anotou um número de telefone. Pagou a conta. Ela recolheu a comanda. Ele a chamou, decidido: “você esqueceu isso aqui” e entregou o sache. Ela sorriu. Tudo muito romântico se aquele número de telefone fosse mesmo o dele...

Joga um balde de água fria para fechar esse post...

5.8.08

Manipuladoras


Chegamos ao post 154. Amanhã é dia de celebrar !!! Sim, a festa vai rolar no post 155 e não no de 150. Só para dar uma sacudida na ordem natural das coisas.

Parei de ler o livro das 10 Mulheres que serei até os 35 anos, porque estava me causando uma espécie de personalidade múltipla. Todas elas falavam e brigavam dentro de mim. Agüentar uma de mim já é uma aventura, imagina ter que buscar as outras que foram ficando pelo caminho? Estou exausta!

Porém... Comecei a ler um novo. E toda vez que falo sobre um livro aqui, eu me lembro da Vevê. Ela me cobra sobre os livros que prometo a mim mesma que vou ler. Não, a Vevê não é uma das minhas personalidades. Ela é a minha mascote! Minha dodô (adolescente) de quem gosto de cuidar! Ah, o nome do novo livro é... Por que os Homens se Casam Com as Manipuladoras de Sherry Argov - Best Seller do New York Times. Já me ganhou na primeira página, porque a autora mata a Cinderela e expõe as garras da Mulher Gato. Fala da mulher moderna, que puxa o homem pela gravata sem borrar a unha recém pintada! Aliás, ela não trata do homem-objeto, mas daquele que se amarra em estar side by side de uma mulher segura. Sem ensinar, mas revelando tudo! Vamos ver quais serão as minhas conclusões...

Fernanda Montenegro


Foto: Antonio Guerreiro


Ontem eu estive na entrega do Prêmio Tudo de Bom do Jornal O Dia. Antes de entrar no Vivo Rio, me posicionei antes da porta, bem em frente à turma de uniforme vermelho flamejante, que estaciona o carro para você só se incomodar em meter a mão na carteira e soltar aquele cascalho grosso para compensar a moleza de apenas correr para a luz. No caso, os flashes dos fotógrafos e cinegrafistas presentes em maior número que os convidados famosos.

Papo vai, papo vem... Eu e o fotógrafo matamos o tempo tentando cantar um pedaço de uma música dos Paralamas do Sucesso em duas vozes. Altas. Era o próprio retrato da tragédia grega encenada sob o contexto de uma ópera italiana. Eu só fazia rir, porque ele queria MUITO que eu não parasse de cantar. E as pessoas passavam sem entender se o show era do lado de dentro ou de fora. Se a gente tivesse colocado um chapeuzinho ali, garanto que rolavam moedinhas. Um novo bico, um freela. Nem que fosse pra gente calar a boca, claro.

Entre um "tenha dó" e um "si bemol com gelo", a gente reparava nos carros que iam parando. Quando era de luxo, o foco era total. Até que parou um Clio cinza e não demos a menor bola. Dentro dele sai Marília Pêra. E o fotógrafo solta a pérola:

-- Pô, bem que dizem que teatro não dá dinheiro...

Rimos da situação e tentamos nos esconder das lentes do Pânico na TV, que se aproximava em velocidade.

Não é que a Marília não tenha grana, obviamente foi uma piada, mas eu me lembrei de uma frase que a Fernanda Montenegro me disse há quase dois anos:

Fernanda Montenegro “Durante 30 anos vivemos (ela e o marido Fernando Torres) muito comedidos; de 20 para cá é que começamos a respirar do ponto de vista econômico. Isso não quer dizer que o futuro já esteja garantido. Tenho uma vida plena, não me privo das coisas, mas ela não é nada faustosa.”
Vou contar para vocês como foi esse dia...

Nunca tive a oportunidade de ver a Fernandona interpretando um texto teatral. Mas tenho certeza de que a televisão não foi digna de seu talento. Pela telinha, eu a achava uma atriz bacana, mas pela telona, ela fez jus ao calor que seu nome evoca. E suas fotos de teatro são tão cheias de expressão, que você fica até sem fôlego. E a minha missão naquele começo de tarde era essa: levar fotos de seus principais momentos no palco e na vida, para que ela comentasse cada uma delas. Aquele material original nas minhas mãos me fazia tremer e o fato de estar face to face com a Fernanda Montenegro, também.

O ponto de encontro era seu apartamento em Ipanema. Procurei me manter tranqüila, porque sei que ela SEMPRE trata a imprensa com muito carinho e respeito. SEMPRE! Ela e Tony Ramos são exemplos máximos da boa educação, da compreensão, da gentileza em qualquer lugar e circunstância. Eles têm a noção exata de que apenas exercem um ofício, assim como nós, e que, portanto, respeito e respeitar se fazem necessários sempre. Acessórios indispensáveis. Babo por esse jeito deles!
Estava na porta do prédio, interfonando para o porteiro, quando me dei conta da frase engraçada que viria a seguir: “oi, estou indo para o apartamento da Fernanda Montenegro. Ela está me esperando.” Gente, isso parece frase de novela! Hahahaha. Quase sorri para uma câmera imaginária, buscando o meu melhor ângulo. No elevador, foi um tal de arrumar cabelo, conferir o gravador, apertar o envelope de fotos contra o peito. Último andar. A porta se abre. A empregada manda eu entrar e me encaminha até um corredor longo e cheio de cômodos. Antes de seguir pela estrada de tijolos amarelos, eu dei uma olhadinha na sala e vi o Fernando Torres sentado ao sol, olhando o horizonte pela janela. Eu viajei na viagem dele.

Entrei no escritório. Tudo muito simples, alguns porta-retratos espalhados pela grande estante. Sentei no sofá e logo veio a dona Arlete, ou seja, a Fernanda Montenegro de dentro de casa. Alegre, tranqüila, sem um pingo de make-up e com os olhos muito cheios de água. Estava com irritação à luz. Começamos a conversar e ela se lembrava de muitos detalhes e destilava frases inesquecíveis, brilhantes, bem elaboradas. Fiz a seleção das melhores para colocar aqui. Em um dado momento, puxei uma bala da bolsa, o pacotinho estava no fim. Sôfrego. Ofereci por educação e não é que ela aceitou? Ficamos as duas com a boca cheia de bala. Foi muito legal. Aliás, foi um dia muito fora do comum de tão especial e tão simples ao mesmo tempo. Quisera ter a chance de ficar ali por mais duas horas, além daquelas que ela me deu. Aliás, eu poderia ficar ali o dia inteiro ouvindo as suas histórias, relembrando os seus momentos e ouvindo suas posições a respeito de qualquer assunto...

Com vocês, a Fernanda:

Quando era Fernandinha... Nunca fui uma criança traquina, mas era muito observadora e até hoje me pego contemplando as coisas. Era magra e loira. Hoje, na minha idade, tenho a cor de cabelo que quiser.

Diretas Já... Ao lado de políticos, fiz um discurso na Praça da Sé, em São Paulo. Esse foi um dos momentos em que a artista teve que se posicionar como cidadã. Se as Diretas tivessem acontecido naquele momento, a história do Brasil seria outra. A não permissão foi algo tão brutal para a vontade do brasileiro, que até o presidente morreu. Acho que os deuses imolaram Tancredo Neves.

Eu Uso Óculos... Tenho fotofobia, fujo da luz como o diabo da cruz.

Rainha do Baile... Gosto do carnaval de longe. Já me fantasio o ano inteiro, quando vem o carnaval, peço a Deus que me ponha num canto sem fantasia nenhuma. Não sou desinteressada, mas também não sou a pirata da perna de pau.


Foto: Antonio Guerreiro


Sensual... O fotógrafo pediu um olhar sexy: me pedindo, eu dou! Me acho sexy sempre. Todos nós temos uma carga erótica latente, senão ninguém te olha. Erotismo não é só do ponto de vista vaginal.

Devoção... Na minha infância, a religião foi passada como uma espécie de história da carochinha. Aprendi o catecismo feito tabuada. Manipular isso na sua fantasia de vida enriquece. Eu sou uma pessoa mística. Acredito que lá em cima tem um anjo de luva branca, com turíbulo, botando fumacinha na cara do velho barbudo de branco, que está sentado numa nuvem.


Grande Amor... É ótimo contracenar com o marido, porque a gente já se conhece. De vez em quando até se traz o personagem para casa, mas tomo banho e largo tudo no chuveiro. Fernando é a minha outra metade. Somos pessoas diferentes, mas nosso relacionamento é como uma sinfonia em composição, acertamos e erramos notas na pauta até formar a boa música.
Sexo no Cinema... O encontro com Raul Cortez no longa O Outro Lado da Rua foi muito feliz. Ele é um ator extraordinário, um colega de uma gentileza, cavalheirismo e de uma elegância sem fim. Foi pleno. Muito se comentou sobre a cena de sexo entre nossos personagens. Foi uma cena tão pequena, que é uma bobagem fazerem polêmica disso. As pessoas são muito puritanas, tem uma fantasia muito reprimida.

Oscar... Conversei com Gregory Peck, Jon Voight, Meryl Streep, Ian McKellen, Lynn Redgrave, Drew Barrymore. São pessoas muito queridas, todos tinham visto o meu filme. Ian pegou no meu queixo e disse: “eu espero que você ganhe”. Eu também torcia por ele. Fiquei muito comovida com suas palavras.

Angry

Foto: Hartmut Nörenberg






1.8.08


TEM DIAS QUE ME SOBRAM PENSAMENTOS, MAS ME FALTAM PALAVRAS...