18.9.09

Táxi


Mais uma história dentro do amarelinho. O amarelinho brasileiro, que carrega uma faixa azul, não o verdadeiro amarelinho de NY (Affe! Nunca andei de táxi em NY, acredita?! Tenho mais nojo do banco do carro, que daqueles pirulitos do metrô. Vai entender!?). Estava eu voltando para casa, um pouquinho tarde da noite - não era madrugada ainda. Claro, dei um "pega" num táxi, que não sou de dar mole para o azar. Apesar de andar de busão à noite com freqüência normal de quem trabalha, existem lugares para os quais, escurecendo, faço que nem a Angélica e só "Vou de Táxi".


Taxista é uma categoria que ADORA puxar um papinho, né? Fica um divã de lá e outro de cá. Tem horas que o passageiro quer desabafar, em outras é o motorista que quer protestar contra todo o sistema. Não naquela noite! Ele até tentou falar, coitado... Não fui rude (não ser assim gratuitamente), mas não dei muita moral (como é do meu feitio). Estava pensativa. Lembro de ficar olhando a noite pela janela. O céu, os outros carros passando... Vendo tudo e não me atendo a nada de muito específico.


Paramos em um sinal. Olhei a minha bolsa e decidi pegar alguma coisa ali dentro. Quando ela já estava com aquele bocão aberto, cheia de bagulhos para o lado de fora, encosta um menino, pedindo dinheiro. Era um menino com cara de menino. Essa não é uma frase politicamente correta, mas ela é muito atual: comunica muito nas entrelinhas. Na hora, claro, levei um susto. Ele encostou e pediu dinheiro. A janela estava fechada. Fiz um sinal com o polegar para baixo, assumindo que a coisa tava ruim para o meu lado. Vocês adivinham como ele respondeu? Desenhando um coração na poeira que cobria a janela.


Um menino. Um pedinte. Uma lição de vida ENORME. Fiquei realmente comovida com aquele coração. Talvez ele estivesse me oferecendo o que tinha de melhor dentro dele. E a situação periclitante em que a sociedade atual nos joga é tão devastadora, que a gente já não consegue ver meninos por trás de janelas.

5 comentários:

Sah. disse...

GENTEE! Gamei na historia!

aureliano22 disse...

Espero que ele não faça assim pra todas.

Bibi disse...

E se fizer, André, estará fazendo o bem...

Saulo disse...

Isso realmente é um sacode! Eu ficaria balançado, mas nada daria, mesmo que pudesse... porque?... Porque ajudá-los é quebrar o ciclo da mendicância, é ser "menos" um a peroetuar o lucro vicioso que os prende às ruas. Muita pena... masss

Bibi disse...

Se eu tivesse um chiclete, eu dava a ele! Mas nem deu tempo! Depois do coração, o taxista já arrancou com o carro!