4.6.11

Tigrinho - Uma história de superação



Animais, assim como seres humanos, também têm histórias de superação, só que eles não podem contar. Isso cabe a nós, “donos” da escrita. Não é raro a gente receber relatos comoventes da história desses bichinhos por e-mail: de pura fofurice, de heroísmo, de atos de inacreditável companheirismo. Sempre que estou na disposição de ler a respeito ou de ver fotos, me emociono.

Existem fatos, no entanto, que acontecem diante de nós. Pode até não ser algo extraordinário, mas sempre acredito que pode muito bem ser digno de nota. Depende de nós. E foi sem querer – a vida querendo – que eu me apaixonei pelo modelo da foto.
Esse é o Tigrinho. Nasceu destinado à morte, mas subjugou as expectativas. Sua mãe, ao dar a luz, correu para um telhado e ao passar por um muro muito alto, acabou parindo ele, que voou lá de cima.

Ana Luisa viu um montinho escuro no canto do quintal da casa que estava hospedada. Parecia um rato. Ao se aproximar, viu algo sujo e viscoso. Era o Tigrinho ainda na placenta. Ela o retirou de lá e cuidou dele, como se cuidasse de um paciente. Não tinha bicho. Não pensava no assunto. Mas o pulsar da vida criou os laços e ela o levou para casa, numa viagem cheia de cuidados.

Como ele ainda era bebê, precisava mamar e não sabia direito como fazê-lo. Ela o alimentou com leite numa seringa e amor. Ajudou a fazer massagem no intestino, que ficava preso. Teve que levar para o consultório, para que a alimentação fosse feita de maneira adequada. Lá eu o conheci. Ouvi sua história. E também me apaixonei. Ele mal sabia andar e já tentava caminhar para a minha mão, em busca de carinho.

Nos encontramos mais algumas poucas vezes. Virou um xodó meu. Um guerreiro que me ensina sobre a vida sem nem usar palavras. Deixei alguns pacientes passarem na minha frente para ficar com ele na sala de espera. E quando não mais o vi, ouvi suas histórias. E recebi essa foto, de gato adolescente. Uma graça.

Tigrinho não está mais sozinho. Ana Luisa levou uma Tigresa para fazer par com ele. Não é bom estar só, todo mundo sabe. E eles se adoram. E eu adoro poder contar essa história.

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