Então, me acho pequena. Carrego comigo as minhas dores, mas as dores não só minhas. Suas dores não são só suas, embora o sofrimento pareça nos tirar a capacidade da percepção do outro. Ou da possibilidade de semelhante agonia. Até que a gente encontre um lugar (para ela).
Escondo as minhas dores de mim mesma, momentaneamente, para me solidarizar com a dor do outro. Um outro que nem conheço. E com outros, tão mais perto. Redimensiono algumas questões internas, mas o que incomoda sempre volta a nos lembrar do tamanho da nossa fragilidade. A inconstância da vida. Nossa transitoriedade.
As nossas dores sempre parecem doer um pouco mais, porque as cultivamos internamente como bichos de estimação por muito tempo. Há quem não mais se reconheça sem a presença escura e fria de certas dores. Há dores que formam - ou deformam - o caráter de alguém. Distorcem o íntimo, quando não elaboradas. Acontece que dores são feras selvagens enjauladas: estão sempre prontas para nos devorar...
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