31.8.09
Ciranda
Ciranda, cirandinha,
Vamos todos cirandar.
Vamos dar a meia volta,
Volta e meia vamos dar.
O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou.
Desmemórias
"Nascemos para viver e morrer, e, quanto mais útil for a vida, mais saudosa será a ausência. A morte de quem viveu o amor não se dá de fato, porque, apesar da passagem que se faz, continua-se vivo no coração de quem nos amou, como você mesmo agora está sentindo" - Elias Boaventura
Frase linda do livro que estou acabando de "degustar". Usei essa palavra de propósito, porque é a maneira que gosto de me referir às letras, pessoas, coisas que eu saboreio quase que com o paladar extremo. Achei a obra perdida na minha estante - como tantas outras que lá estão a me esperar. Essa, no entanto, me fisgou pelo tema sentimental: o autor era amigo de juventude da minha Mãe e deixou uma bela dedicatória para ela. Páginas rabiscadas com carinho aquecem o coração.
Entre causos, casos, histórias e lições, o escritor vai detalhando a sua vida. Bem parecido com o que eu tento fazer aqui, daí a identificação. Para? Para mim, para você, para uma futura geração, para ninguém especificamente, para me deixar em paz. E quando escrevo, transformo sentimentos em palavras e faço delas a apoteose da minha alegria ou da minha agonia. A existência também é fluida.
Nascemos para viver e morrer. É certo! E por vida podemos chamar o espaço de tempo que temos entre o nascer e o fechar os olhos para sempre. Enquanto há fôlego, há vida, portanto é nossa missão preencher da melhor maneira essa equação "espaço X tempo" sobre a qual não dominamos nada além das nossas próprias escolhas.
Hoje estou matutando aqui com meus botões e percebo que sobrevivo a certas escolhas que não fiz. Esse tipo de humor já era meu?! Essa tendência a querer fazer tudo corretinho nasceu comigo? O fato de eu ser diabética foi uma escolha pessoal? Não, não foram escolhas próprias, mas cada uma delas são dados da maior importância na formação do meu eu. Assim como cada um de nós é delimitado por suas singularidades e limitado pelas particularidades. Não definem, mas qualificam. Maybe.
Todos que amei permanecem em mim e eu neles. O amor é como um bom perfume, cuja essência nunca se esquece. Faz valer a pena, traz novo sentido, mostra a verdade e esconde tudo aqueles muros que são escolhas próprias de impedimento e destruição pessoal. O amor liberta, mas dá um trabalho. Há que ser construído. Há que ser aquecido. Há que se ter cuidado. Há que se trocar. Há que fazer sentido. Há que ser ofertado. Há que ser despido de intenções escusas e razões insignificantes.
Crises
Escrevo a história para que ela não passe em branco.
Escrevo com tintas de amor e no papel da sinceridade.
Tenho olhos bem abertos, para avaliar com zelo.
Cada narrativa é contada sempre a partir de um ponto de vista.
Somos múltiplos e podemos querer o mesmo de maneira diferente.
Somos únicos e construímos a nossa esperança em cima dos fatos.
Dados nunca são tão irrelevantes.
O medo faz parte do processo.
Desvendar o que ainda é desconhecido é a grande aventura.
Hesitamos sempre.
Respiramos pouco.
Inspiramos com certa regularidade.
Eu não me finjo de morta.
A vida está toda ai, a nossa espera.
Nunca se sabe, no entanto, quanto tempo o tempo tem.
Ele não está em crise, mas ele é a crise.
Desde a sua infância, deixou-se impregnar pelas incertezas do futuro.
E também a incompreensão do passado.
E sofre por isso.
É de sua natureza sofrer.
É de sua natureza ter o indefinido como porto.
Nele, o provisório é o permanente.
Sem perceber, se deixou contaminar, sofrendo terrivelmente.
E às vezes ainda erra por isso.
Não cabe na vida que tem.
Prefere se encolher.
E achar que perdido nunca será encontrado.
Escolhe as mentiras sinceras e as come como pão.
É de sua natureza sofrer?
Escolha agora a vida e viverás.
Porque quem tem medo de viver a morte abraça.
Essa gélida companhia.
Ver-se morrer é ainda mais terrível que despedir-se para sempre.
Nada é para sempre.
Nem as vossas certezas.
Nem os nossos medos.
Nem as suas crises.
(Bia Amorim)
Frase
Ninguém ainda vos cativou,
nem cativastes a ninguém.
Sois como era a minha raposa.
Era uma raposa igual a cem mil outras.
Mas eu fiz dela um amigo.
Ela é única no mundo".
-- Saint Exupery
Sing, Sing, Sing
30.8.09
OOOi
Xoxo
As Meninas
A ausência aqui se justifica: trabalho, trabalho, trabalho. O que tem o seu lado compensatório, claro, que passa por uma questão financeira, mas vai além! O exercício intelectual exigido por outrem, que não aquele que a gente executa em momentos de prazer (como escrever no BibideBicicleta), ajuda a colocar óleo na engrenagem. Todo mundo deve gostar de ser útil... E aqui falamos de todas as gamas de serviços sem fim. O ócio é criativo, mas a falta completa do que exercer e exercitar é castrativa.
Eu não me rendo! E assim há de ser enquanto Deus me der forças, idéias, uma pitada de talento e AMIGOS! Sim, sempre eles que aparecem para colorir o meu destino e caminhar junto as milhas da minha estrada.
Ontem, por exemplo... Achei que o sábado fosse se tornar um dia de telefonemas perdidos, e-mails não retornados e trabalhos que estão me deixando careca. E não é que recebi um convite para ir ao teatro?! DELÍCIA! Fazia um tempão que não me entrega a essa arte que tem uma energia vibrante e tão diferente de todas as outras formas de expressão.
Fui ver As Meninas, uma peça escrita pela Maitê Proença, em cartaz na Casa de Cultura Laura Alvim (aqui no Rio, galera. PS: Acho esse tetro uma graça porque fica justamente em frente à praia de Ipanema. Charme total!). O texto é primoroso, mas não sei te dizer se é drama ou comédia. E é justamente isso o que o torna ainda mais interessante. Há momentos em que todos riem; as piadas clássicas. Há momentos em que você escuta uma gargalhada aqui e outra acolá. E só. Cada qual escolhe seu momento para colocar sua dor/alegria para fora. E assim aconteceu em vários instantes. Mexe com sentimentos únicos, individuais, falando à partir de uma questão coletiva.
Quem leu o segundo livro escrito pela atriz - Uma Vida Inventada - reconhece na peça várias passagens autobiográficas. É incrivelmente inspirador compreender esses pontos sensíveis. E vendo e sabendo como é complicado, difícil, temerário escrever uma peça teatral, achei a Maitê ainda mais fantástica. E daí que ela é bonita? A moça é muito talentosa e sabe se expor sem entregar o que há de mais íntimo. Passou bem pela TV e entrou de forma tão digna na literatura e chega aos palcos - não agora - por um outro viés (seu primeiro livro já havia virado peça).
O texto levou tempo para ganhar significado dentro de mim. A reflexão insiste em permanecer. Talvez ainda tenha o que contar, mas me calo à emoção do fim de um sábado quase perfeito.
26.8.09
Marmita
L'amour
Tem muita gente que gosta de complicar aquilo que é simples, já percebeu? Eu observo isso desde criança. “Vamos brincar de mãe da rua?”. “O que é isso?!”. O mais enrolado é sempre o que se arvora primeiro em explicar e... Não consegue. É aí que chega o mais “safo” e com três frases soluciona a questão. Todos para a calçada, tentando atravessar a rua num pé só sem ser pego.
Lembro também de vários episódios do “Chaves”, no qual ele chamava o Quico para brincar de algo simples, um barco em forma de palito, mas o amigo rico parava tudo para ir até a sua casa buscar um senhor barco de brinquedo... Onde apenas um poderia desfrutar do privilégio. Qual a graça?
Esses dois exemplos envolvem a palavra troca. Troca de informações, troca de afeto na forma de companhia. Para haver comunicação precisamos do outro, o receptor. E não há a necessidade de ser proficiente na intenção. O importante é fazer-se entender. E viver para valer.
O carinho é uma forma de troca, é uma intenção e é comunicação de um afeto bem simples. Mas como tem gente que tem dificuldade para receber! Nem sempre todas as coisas precisam de motivos ou justificativas. Nem sempre também, o receptor vai ter que realizar alguma coisa tão mirabolante a ponto de se fazer merecedor daquele carinho.
O uso do afeto deveria ser menos medido que o uso das palavras. Nós, no entanto, quase sempre buscamos por um significado. Se olharmos com cuidado, a significância está em quem oferece e não naquele que recebe. A necessidade de comunicar amor é dom individual e intransferível. Eu te amo como só eu poderia te amar. E não há maior significância que o ato de comunicar essa doação porque assim se sente. O meu jeito de amar a cada um é interpessoal e estilizado. O motivo maior não é um feito, mas o meu modo de comunicar amor, porque assim sinto. E porque um dia descobri como é bom amar. É simples.
25.8.09
24.8.09
Ê
"Amigos são aquelas raras pessoas que nos perguntam como estamos e que depois ficam à espera de ouvir a resposta".
Ed Cunningham
No Limite
Outro dia estava assistindo ao programa No Limite, que para mim é mais uma oportunidade de observar a reação das pessoas. Claro que nesse caso a exposição às situações é hipotética e extrema. Além disso, tem que se considerar que tudo não passa também de uma disputa por grana (e não é pela vida, literalmente) e tem ainda um “dado bônus extra plus size”: a edição (nunca podemos perder o foco de que se trata de um programa de televisão, que precisa seguir certas regrinhas para se ter audiência). Ainda assim, eu me amarro em No Limite.
Depois da prova do banquete – esperada por uns e totalmente recriminada pelos mais sensíveis – dois oponentes foram para um exílio. O que mais me chamava atenção era o tal de Marcelo (escolhido pelo grupo para se apartar dos demais). Um cara do sul, bronco, domador de cavalos, acostumado com muitas rudezas, mas com poucas delicadezas. Foi dele, no entanto, uma das frases mais sensíveis que ouvi no meio daquela guerra física e psicológica onde todos são por um e cada um é contra todos. No exílio, quando teve chance de ser ouvido de verdade, Marcelo disse: "Eu sou muito mais habilidoso com as mãos que com as palavras, e isso causa muitos problemas". O cara é fundamental para a melhor subsistência dos seus companheiros, mas a sua dificuldade de se relacionar o coloca totalmente à parte da convivência e até das decisões importantes do grupo. Ele se sente desmerecido...
Quantas vezes a gente não se sentiu assim: trocando os pés pelas mãos? Hábil com a engrenagem, mas totalmente despreparado para explicar como ela funciona? O fato de conseguirmos resolver as coisas sozinhos é uma vitória do tamanho de um muro alto! Porém, quando a gente consegue resolver questões em grupo, a gente escala é uma montanha. E esse grupo pode ser de muitos ou de apenas dois.
Muitas vezes eu fui mais habilidosa com as palavras escritas, que com aquelas ditas num rompante. Também já me peguei em arapucas do tipo: você diz alguma coisa inocentemente e aquilo vira uma confusão sem tamanhos, porque outras pessoas compreendem de maneira diversa. É assim: fato! Cada um é um ser único dentro de si, mesmo que pareça com tantos outros já vistos pelo “lado de fora”.
Hoje, eu pisei na bola com uma amiga querida. Seria melhor com as mãos, se pudesse lhe dar um abraço, mas só tenho as palavras. Cada qual guarda em si verdades ocultas e tão profundas, que são difíceis de serem trazidas à tona. E mesmo que por fora a gente pareça tão conhecida, por dentro somos únicos em pesos, medidas, habilidades, defeitos, vivências, medos, desejos, dores, encantos, lutas, viradas, desejos, quereres, conseqüências e desenganos.
23.8.09
Rush
Estou sofrendo de uma paralisia criativa absurda! Deve ser fruto de alguma ansiedade escondida dentro de mim, que ainda não fez o favor de se manifestar e mostrar a que veio... Situação normal de qualquer ser humano, agravado pelo fato de eu ser mulher (sim, acredito que nós sejamos muito mais ansiosas percentualmente que os homens. Não que eles também não sejam).
Vejo salpicando por aqui e por ali um monte de assuntos que eu acharia interessante de dividir aqui com vocês, mas esse humor de tatu bola não está me dando a ênfase correta. Daí, escrever por escrever acaba se tornando um ato mecânico muito mais que uma necessidade de expressão interna. Que é o que me proponho fazer por aqui. E, como disse, a ansiedade não é uma exclusividade minha, mas muito provavelmente uma prerrogativa dos nossos tempos.
Acho muito complicado viver em constante estado de alerta, como se algo muito extraordinário fosse acontecer a qualquer segundo (para o bem ou para o mal). Acrescento a essa lista as tantas novidades a que somos expostos pelos noticiários e pela internet. E a coisa anda tão feia para o meu lado, que até parar para ler um livro, prazer que cultivo com grau 10 na escala êxtase, tem sido difícil. Ou leio um capítulo e fico alerta prestando atenção naquilo que poderia estar perdendo ou deixando de fazer... Ou durmo exausta, porque se manter em alerta máximo e fricção contunda - como aqueles carrinhos que a gente roda no chão para ganhar velocidade – é uma coisa que desgasta a gente.
Ando sempre a esperar, por força do trabalho e das circunstancias. Talvez eu tenha que fazer acontecer, por força da vida... Mas isso é tema para uma outra história.
21.8.09
GaGa
De que adianta esconder a cara e deixar a bunda de fora? (será que estou ficando velha?#medo)
Update: Troquei a foto da Lady Gaga. A que ela escondia o rosto e mostrava a bunda estava me dando nos nervos. Essa, pelo menos, está mais artística.
Grito Entalado
E a historinha da política no Senado continua... Novela, filme ou seriado, seja lá o que for, ganhou mais um capítulo!
Seu Sarney saiu sorrindo da enrascada da qual era protagonista. E, cá entre nós, não aguento mais ver a foto do Senador com as canjicas para fora do bigode estampada em todos os jornais e sites. Cansa a vista esta repetição. Mas é assim: uns riem, enquanto outros choram. 'Vale Tudo', é parte do enredo.
Chegando pela ponta esquerda, vinha o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante. Outro bigodudo pomposo para servir como antagonista e dar um clima de suspense - e por que não, uma virada? - nesse script. Em uma semana ouvimos frases do tipo: "Eu me recuso a fazer esse tipo de coisa. Eu coloco o meu cargo à disposição" - antes da reunião do Conselho de Ética. Sobe o som. "Minha vontade verdadeira era a de sair da liderança do PT, mas não vou contribuir para agravar a crise da bancada" - após a reunião do Conselho de Ética. Olhos vidrados na tela. "Eu subo hoje à tribuna para apresentar minha renúncia da liderança do PT em caráter irrevogável" - ontem, pelo Twitter. A notícia se espalha, eleitores, tal qual torcedores de mãos dadas, esperando o golpe final, ou o gol que o valha! Parece que há uma luz no fim do túnel. "Mais uma vez na minha vida o presidente Lula me deixa numa situação que não tenho como dizer não" - na tribuna do Senado. O grito de alegria fica preso na garganta. A luz no fim do túnel foi só um incauto que usou o isqueiro para acender um cigarrinho... Mas não é proibido fumar em lugares fechados?! Ah, foi só mais um ato secreto que veio à tona...
Faço eco as palavras de Fernando Gabeira, também usuário do Twitter: “Pobre Mercadante: até para sair da liderança tem que pedir autorização ao Lula...”
E tudo ficou como antes no Quartel de Abrantes...
20.8.09
Soltas
* Tenho muitos assuntos para dividir com voces, mas ando sem inspiracao (o acento do teclado parou de funcionar)... Estou lendo um livro maravilhoso e isso anda me inibindo um pouco, porque justamente quero falar de tudo o que ali esta escrito... Estou aqui me decidindo se abro a temporada dos plagios personalizados...
* Adoro imas de geladeira! Ja sei o que trazer de cada novo lugar que eu conhecer!
* Hoje eu ouvi uma frase interessante. Uma amiga minha disse: "O problema eh que voce sabe bem o que voce quer, nao eh?"... Eu ri. O problema eh que eu sei bem o que eu nao quero e o que nao me faz bem, eu tenho a 'ma indole' de descartar da minha vida. hehe
* Falei com a Vivi hoje. Ela no Texas e eu aqui. O papo foi tao longo e 'personal' quanto na epoca em que ela estava aqui. O tempo nao desfaz lacos apertados. E ela terminou a conversa com uma frase simples, mas que me iluminou a alma: "eu te amo". Nem sempre eu te amo diz tudo. Dessa vez, o eu te amo disse muito mais que as simples letrinhas poderiam comunicar. Eu me senti abudantemente amada. Foi a resposta trazida pelo ar. Hoje eu disse para uma pessoa: "Tenho me sentido muito so". E veio no ar a certeza de que as vezes eu posso ate estar so, mas eu nunca estou sozinha. TE AMO VI.
19.8.09
Domingo. Nos encontrávamos invariavelmente após o culto (sim, não era missa, era um culto mesmo). SD e SV eram casados há mais de 15 anos. Tinham dois filhos: o Gu e a Ju. SV é minha prima, por um tempo foi criada por minha Mãe (a partida dela lá de casa para o casamento foi o anúncio da minha chegada à existência. Mero erro de tabelinha? Não para os que acreditam que não existe acaso quando se joga no time do dono da existência. Haja luz! E houve partida e chegada). A minha idade regula, portanto, com a dos filhos dela. Gu e eu fazíamos muita bagunça e a Ju observava tudo com olhos encantados, participando ocasionalmente e rindo sempre.
SD era um pai adorável de papo serio e coracao mole. Tinha um escort xr3, carro moderninho para a época, e com ele corria cortando os latas velhas, para a alegria do Gu, louco por velocidade. Tocava bateria, trabalhava na Globo, ria de jogar a cabeça para trás... Aquele tipo de gargalhada que te tira do lugar comum. Gostava de praia, fazia aniversário dia 1 de janeiro e nunca ficava sem festa. Talvez sem presente, mas nunca sem abraços e celebrações. Ele era a festa. SV acompanhava seu ritmo, puxando o freio com carinho e delicadeza. Ela sempre foi perfeita na cozinha e na conversa. Um casal adorável.
Era um domingo. SD insistiu para eu ir para a casa deles. Fui. Era sempre um momento gostoso em família. SD me ensinou a comer brócolis e por causa dele eu aprendi a gostar. O nosso almoço daquele dia era com brócolis, a verdura que me iniciou na alimentação saudável e afetiva. Comemos. Tiramos a mesa. SD foi me fazer cosquinha no sofá. Abriu caminho para falarmos de coisa séria sem parecer sermão. Falamos de futuro. Olhamos olho no olho. Imagem digna de ser registrada na Rolleiflex da memória.
Toda a família foi para um dos quartos. SV queria mostrar um CD que tinha comprado. Era Sinatra. SD tirou SV para dançar. Um cheek to cheek dentro de um quarto minúsculo. As crianças se sentaram na cama e riram da cena. Era mesmo uma visão deliciosa. Se a gente soubesse...
Voltamos para a igreja. Culto da noite. Não era dia de SD tocar bateria, mas ele insistiu. Tocou com a alegria e a energia de sempre. Fim da música, ele sai de cena. Sentiu-se desconfortável. Foi atendido por um médico da igreja que indicou que ele fosse direto para o hospital. Ele achou que fosse brincadeira, disse que ia dirigindo. Foi desaconselhado. Chegou ao hospital. Era caso de cirurgia. Operou. Um homem alto, forte, de bem com a vida, de hábitos saudáveis. Não fumava. Não bebia. Foi vencido por um aneurisma na aorta. Do nada, fez-se tudo. E desse tudo sobrou nada.
Essa história já tem tempo. Na época, a Ju tinha 10 anos. Hoje está casada e cursando Medicina de forma brilhante. Gu é publicitário (dos bons). Lembro de como recebi a notícia, que me dói até hoje contar. Recordo de cada passo daquela despedida. Era um adeus às coisas que lhe eram mais caras e ele nem sabia. Mas curtiu cada segundo daquele último dia e talvez eu estivesse lá para registrar essa linda história.
Por que contar? Porque acredito que a vida é tão efêmera, tão delicada para a gente ter medo de ousar, de dar passos que definem, mas não delimitam o futuro, que sempre sera incerto e misterioso. Vivi aquele dia como se fosse o último. E era, mas não para mim; para alguém que eu amava e admirava intensamente. Jamais esqueci a aura de alegria que nos envolveu naquela tarde de domingo e que me marcou profundamente.
Eu, você e tantos outros ao nosso redor passamos por desafios que podem ser os últimos e nem nos daremos conta. Há os que vencem esse desafio e estão sendo chamados para recobrar o fôlego e receber da vida os presentes que ainda não foram desembrulhados. Não adianta querer viver todas as experiências perdidas em menos tempo possível. Vamos viver o melhor de cada dia e deixar a nossa marca positiva, algre, cheia de amor e esperança. Vamos escolher parceiros excelentes para dividir com a gente o enredo dessa bela história chamada vida. Vamos dançar cheek to cheek sem se importar com quem está olhando. E escolher fazer o que gosta, sempre que tivermos essa bela oportunidade. A gente nunca sabe quando será o fim da linha; mas também não nos guardamos em concha na espera dele. Que o dia de hoje seja a alegria progressiva para o pontapé inicial para um belo amanhã!
São Só Garotos
Fazer entrevista é uma arte. Muitas vezes estressante; um exercício tão desgastante quanto queimar calorias na ergométrica. Há também as que são a cereja do bolo. Quando você é escalado para fazer uma matéria para um veículo, mesmo tendo estilo próprio, você é "obrigado" a entrar na linha editorial do trabalho. Inevitável. Mas quem disse que não pode ser divertido? Pode sim!
O mais incrível de se ter um blog é que você pode falar sobre as pessoas que você escolhe. O Moratelli, por exemplo, fala de pessoas e de lugares como ninguém no Sobretudo (e eu falo dele aqui com frequência. Não mais do que falo da Onça, não é verdade?!). No mesmo dia em que eu partia para NY, ele chegava de um périplo pela América Latina. E foi registrando histórias e contando além do que a fotografia registrava (Hoje é Dia Mundial da Fotografia! Aê!).
Tentei criar esse olhar para mim. Não como cópia, mas uma homenagem que me abrisse o campo de um novo estilo. Não foi fácil. Não vai sair nem parecido... Meu texto já está grande (hehe). Mas fiz essa foto aí de cima em um dos meus muitos passeios pela Ilha de Manhattan. Fora de foco porque eu estava morrendo de vergonha que alguém viesse reclamar comigo. Você sabe: coisa de principiante!
Era verão em NY. O dia estava bem quente e as pessoas que passam meses de inverno debaixo de camadas generosas de neve, saem às ruas para celebrar o tempo quente. Cheguei ao Columbus Circle, pertinho do Central Park, e dou de cara com uma cena que - pelo menos para mim - era encantadora. Três crianças entraram no chafariz de roupa e tudo. Elas corriam de um lado para o outro aproveitando a água limpíssima (Dizem que nos EUA a água que sai da torneira é própria para consumo) e davam gargalhadas sem se preocupar com quem estava por ali passando, curtindo o sol ou dando uma relaxada. Lembrei dos tempos em que tomar banho de mangueira (eu chamava borracha) com as amigas era um momento de festa. Olha a chuuuuuva! Roupas coladas, almas lavadas, pés imundos!
Foquei melhor o meu olhar e lá veio o preconceito conversar comigo: "são crianças latinas. As americanas não se dariam ao desfrute". Será? São crianças mais felizes, sem dúvida! Mas eu acharia bonitinha essa cena aqui no Rio? Quantas crianças por aqui não usam o chafariz de chuveiro e a gente acha a coisa toda péssima!? Se bem que... Uma vez passando pelo centro da cidade, vi meninos de rua brincando nas águas de um chafariz. Estava no ônibus e a cena demorou a sair do meu campo de visão. Achei a brincadeira muito legal, porque eles pareciam se divertir de verdade, esquecendo um pouco as agruras dos dias comuns. Hoje criança mata, fere, rouba. Mas quando têm a oportunidade, quando deixam, criança é sempre criança.
17.8.09
LETRAS & RIMAS
Quem é que nunca cantou mentalmente uma letra como essa? Quem é que nunca desejou ser cuidado e amado em um mesmo instante? Valor e prazer em seus delicados ritos? Um sono tranquilo num peito que não é o seu, mas guarda no coração aquilo que é nosso? Misture tudo e durma tranquilo, a olhar da lua a luz do infinito...
Mas se um dia eu chegar / Muito estranho / Deixe essa água no corpo / Lembrar nosso banho / Mas se um dia eu chegar / Muito louco / Deixe essa noite saber / Que um dia foi pouco
Cuida bem de mim
Então misture tudo
Dentro de nós
Porque ninguém vai dormir
Nosso sono
Minha cara pra que / Tantos planos / Se quero te amar e te amar / E te amar muitos anos / Quantas vezes eu quis / Ficar solto / Como se fosse uma lua / A brilhar no teu rosto
Cuida bem de mim
Então misture tudo
Dentro de nós
Porque ninguém vai dormir
Nosso sono...
"Quem é Bibi?"
"Quem é Bibi?"
Essa é uma frase que tenho escutado bastante ultimamente.
Olha, se em anos de análise não chegamos - eu e a analista - a um termo sobre isso; saberás tu quem sou?!
Como?
Pra que?
Costumo dizer que sou amor e sou saudade; mas isso não resume o meu eu e nem a profundidade da minha existência.
Quem quiser saber quem eu sou, tem que caminhar comigo.
E isso basta; não define.
Cadê tatu?
Todo mundo sabe que todo mundo sabe que eu não gosto de falar de política. Tudo, de certa forma, está presente nesse conceito de política, do que é público. BUT... Aquilo que fazem em Brasília e em câmeras menores nos estados e municípios brasileiros é coisa muito difícil de compreender. Nem me arrisco a tentar. Não sou das que "joga no palitinho" na hora de votar em um candidato, mas sou daquelas que sabe que tem que escolher o que lhe parece menos pior (porque esse caminho é dada a muitas surpresas desagradáveis), dada a circunstância.
A política brasileira - e a mundial também, vamos dar a mão à palmatória - é prato cheio para os humoristas. Temas, tratados, ênfases e fatos não faltam. Acho até que os autores brasileiros que se destinam a tal crítica são poucos. Bato palma para os cartunistas que o fazem com beleza e inspiração - e três pedras de pudores com dois dedos de restrição.
Quando voltei de viagem, achei que o caso Sarney fosse permanecer na categoria filme: "A História Sem Fim". Vi que passou ao status de novela brasileira - como foi o caso do Severino Cavalcanti ("Vale Tudo") - e até novela mexicana - como foi o caso de Renan Calheiros e as denúncias de Mônica Veloso ("María Mercedes"). Porém, vejo que o caso Sarney é ainda mais grave - trata-se de uma família de políticos! - e já entrou para a fase Sitcom (comédia de situação - já que a situação é mesmo a favor do Presidente do Senado).
Hoje, lendo as notícias, dou de cara com uma frase célebre do Senador Pedro Simon:
“Já disseram que essa casa é melhor do que o céu, mas hoje essa casa é pior do que o inferno. Sem morrer, nós estamos vivendo um inferno aqui no Senado".
Tomei emprestada a frase do discurso de Pedro Simon para terminar bem essa narrativa: "Nós vamos esconder feito tatu em baixo da terra até quando, presidente?". Temos ou não temos ótimas frases para os "melhores" enredos?
Meu iaiá, meu ioiô
Você já reparou como alguns ícones ganham uma capa do tipo variável? Ora são o cúmulo daquilo que é brega, ora ganham status de persona/obra a ser cultuada... Nem sempre, mas de repente... Estão lá marcando território quer no limbo do luxo, quer na lama do lixo.
Por que estou falando nisso? Claro, historinha. Semana passada comecei a rabiscar uma poesia e estava achando que eu carregava demais na tinta, estava com medo de escorregar legal para o brega. Como não tenho muitas medidas, fui pedir ajuda a quem entende do babado. Não do babado brega, mas das poesias que nos tiram do chão sem que corramos o risco de escorregar para qualquer canto que não seja a apreciação do belo (não o cantor, só para deixar claro, está em letra minúscula). Mandei o texto para o Zé e perguntei: “Isso está muito Wando?”. Temerosa, eu até achei que estivesse, mas ele disse que estava bom. E acrescentou que o cantor morava em seu bairro (a vizinhança deve ser animada, não? Gostei de saber). E pensei: “Menos Wando, melhor, certo?”. Nem sempre...
Nessa mesma semana fui visitar o blog da minha amiga Lilica, que trazia um post muito interessante:
(Perguntaram ao Wando)
Cinco melhores lugares para fazer amor:
1 – Na cama. Porque é sempre bom.
2 – No chão. Adoro.
3 – Dentro do automóvel. Motel está muito caro.
4 – No barco, no meio do mar. É lindo. Uma noite com lua.
5 – Na casa dela. A sogra no quarto. E eu e ela na sala, aquele frisson. É ótimo.
(Retirado da revista “O Globo” do domingo, 09/8/09)
Os comentários do post:
Bibi – Ui!
Lilica – Tem coisas que só o Wando faz por você!
Sambeira – Wando é ídolo!
Lilica (O melhor comentário, na minha opinião) - Gosto que Wando é um homem que acha motel caro, mas tem barco para fazer amor...rs
Pois é, gente... Ai lembrei que EU já passei um réveillon com Wando! Foi isso mesmo. Era noite do dia 31 de dezembro e estava euzinha chegando ao apartamento de Narcisa Tamborindeguy e dou de cara com o ídolo, primeiro a chegar à festa (ele e seus lábios que deviam constar no Guiness como a maior beiça brasileira!). Claro que me senti numa espécie de túnel do tempo, de volta aos Anos 80. Por que? Porque entre os 20 discos evangélicos que a minha mãe tinha na nossa antiga casa, havia um LP do... Wando! Vai entender?! Wando é ídolo! Só não me façam atirar a calcinha! No way!
15.8.09
Frase
(por Bia Amorim para Pri Marinho)
Frase do Gato
Você acha que eu escrevo muito?!
Então seleciona o que você quer ler, não fica me editando...
Droga."
Frase
13 anos
Não dá para se levar tão a sério nessa vida, não é mesmo?
Antes eu morria de vergonha de fazer coisas que pudessem parecer atrapalhadas, patetas (e já fui protagonistas de gafes e enrolos e tropeços de todos os tipos).
Hoje, além de rir muito de mim mesma, esses fatos viram histórias que divido com vocês aqui no BibideBicicleta.
Adoro perceber que estou amaducendo diante de mim mesma. O que é diferente de amadurecer aos olhos das outras pessoas.
Por que eu estou falando nisso? Lembrei de uns micos do passado (tão secretos, que escondi de mim mesma, deletei) e hoje me pego rindo de mim mesma ao contar que tive que rebolar para o sensor do banheiro funcionar.
Ontem dei carona para dois adolescentes que iam passear no shopping e fiquei rindo da preocupação deles: se a camisa era repetida; que queriam ter olhos azuis; que a noite anterior não havia sido tão boa, porque não pegaram ninguém; que pegar a garota que o amigo já pegou é traição. hahahaha
Ah, aprendi uma coisa nova: além de todos os rótulos que já conhecia para classificar que você está pegando/ficando/estando com alguém, agora tem o "ficar sério". Não é namoro. Você fica só com aquela pessoa, mas sem compromisso de namoro. hahahahaha
Eu acho que nunca tive 13 anos...
Você acredita no antes tarde do que nunca?
Ciclista
Andy, não sei como você me encontrou, mas fico feliz de ter se tornado um nova InterFriend do BibideBicicleta.
Chega mais e vem na paz.
Pedala (comenta) que eu gosto!
E chame novos amigos para essa ciclovia.
Kitto, querido, welcome either!
Estamos juntos nessa estrada.
Xoxo
Pelo Meu Chiclete
Minha amiga DM é simplesmente louca por tecnologia. Ela sempre está por dentro dos novos lançamentos do mercado em relação a aparelhos, sistemas e softwares que podem facilitar um “tantão” a maneira como levamos a vida. Em seu escritório encontramos um verdadeiro organismo tecnológico pulsante montado em favor de suas habilidades pessoais e profissionais.
Eu posso me lembrar de fatos ocorridos há muitos anos, mas chego a ser indecente em relação ao uso da tecnologia. Sou daquelas que precisa de alguém para mostrar como faz, para só então eu me virar sozinha. E eu falava da minha mãe...hehe... Depois que ela começou a aprender a usar o computador, sua destreza com os botões e máquinas melhorou muito. Isso é tão importante para manter o cérebro ativo!
E lá fui eu com DM para uma dessas lojas que são os tais “museus de grandes novidades”. Chamo assim, porque você compra um aparelho de última geração e com muito pouco tempo de uso ele já é batido por um mais moderno. E sei que nem sempre o tal do lançamento já chegou ao Brasil, quando inventam um novo. É a selva cibernética. E estávamos lá, na lojinha de eletrônicos que me assustam e me fascinam. Ela olhava para tudo com muita avidez – como criança em loja de doce. Adoro reparar isso nas pessoas. Expressão de prazer e satisfação.
Paramos no setor de impressoras. Quantos modelos diferenciados para o mesmo serviço! E o que me deixou mais curiosa é que não existia um só modelo que tivesse reunido todas as potencialidades oferecidas. DM chamou o vendedor para lhe explicar o funcionamento da máquina que mais lhe interessou. Ficamos um bom tempo no corredor a espera de um funcionário que viesse sanara a nossa dúvida. E estávamos naquela posição de “oi, preciso de ajuda!”. O rapazinho que abria caixas só nos deu atenção quando ela o chamou especificamente. Achei isso de um descaso...
Bola para frente! DM pediu a explicação e ficou na dúvida entre dois produtos. Veja bem: ainda estamos enfrentando tempos de crise; a concorrência é cada vez maior; aquela não era uma loja que é conhecida por ter os melhores preços (tem vantagens acumulativas) e o rapazinho deixou a cliente sozinha, mergulhada em dúvidas e foi bater papo com seus coleguinhas de loja. Como assim?! E ela não estava em dúvida entre um fone de ouvida e a capa de uma máquina. Era um produto bem caro!
Ela se decidiu e falou pelo menos umas quatro vezes em alto e bom tom que levaria a máquina e que dividiria em X vezes. FALOU QUE EU OUVI! Ele preparou o papel de pré-venda e quando chegamos no caixa, para se fazer em X vezes o tal papel deveria vir com a liberação assinada pelo gerente da área. Como assim, gente!? Por que o funcionário não resolveu ou observou isso!? Pior! A caixa disse que a DM teria que ir no setor onde comprou o produto para o funcionário assinar! Peloamordedeus! Ela estava lá gastando o seu suado dinheirinho! Peguei o papel e falei deixa comigo. “Enquanto você conversava com seus amigos, deixou de assinar o papel da liberação e me fez vir aqui”... Blá, blá, blá com o funcionário, deixando transparecer minha cara de bravinha.
Voltei para o caixa. A gerente estava passando na hora. A moça da registradora perguntou a ela: “fulano está podendo assinar?”. A gerente: “Não! Quando for assim, não aceita não! Deixa que eu assino essa daqui”. Veja você: se ela não passasse por ali, muito provavelmente eu teria que ir até a área do produto por uma segunda vez! Dá para acreditar nisso? Não era favor, era uma compra de valor alto.
Fiquei absolutamente passada com o tipo de tratamento. E me lembrei de uma história que rolou lá em NY, que eu me esqueci de contar a vocês. A Bia Bug estava na Best Buy fazendo uma compra grande de vários eletrônicos. A loja é enorme, tem dois andares, não estávamos perto uma da outra. Eu estava mastigando um chiclete que já estava sem gosto e fiquei procurando por uma lixeira. Esbarrei em um funcionário japainha e quis saber onde era o lixo. Ele me perguntou: “o que é que você tem para jogar fora?”. Achei a pergunta super estranha e respondi com certa timidez: “é só um chiclete”. Ele rasgou um pedaço de papel que tinha no bolso e pediu para eu cuspir ali, porque ele jogaria fora para mim. A lixeira estava muito longe, do outro lado da loja, então ele faria isso por mim. WOW! Nunca ninguém tinha feito isso pelo meu chiclete mastigado antes! Não foi o caso de me apaixonar (hehe), mas indico essa loja com orgulho de causa. Você também não indicaria?
Sabor de Novidade
Estava no metrô indo encontrar uma amiga. Gosto desse meio de transporte, porque é onde me sinto mais segura para deixar o pensamento viajar. Na ausência de uma pessoa para conversar, eu recheio esse tipo de viagem com a “viagem” dos pensamentos. Eles me fazem uma boa companhia. Os livros também. E geralmente as histórias dos livros me levam a algum lugar do passado. Foi o caso.
Há algum tempo comprei um livro da Martha Medeiros. Queria conhecer o trabalho dela, porque além de um nome que está marcado no cenário contemporâneo, uma amiga escritora disse que o meu estilo parecia com o dela. Fiquei curiosa e temerosa, porque morro de medo de me influenciar. Agora acho uma grande bobagem perder tempo de experimentação. O livro que estava na estante já está na minha bolsa.
E lendo Doidas e Santas pude recordar de tanta coisa! E estou só no começo, imaginem só! Foi o suficiente para uma reflexão interessante: acho que me falta experiência em muita coisa na minha vida, mas para uma pessoa que chegou aos 30 há pouco, eu já vivi tantas histórias... A bagagem é longa, as experiências são tantas e vivenciadas de forma tão diferentes, em cada uma de suas naturezas múltiplas. Fiquei pensando que se vivi tanta coisa e se lembro de cada uma delas e de cada detalhe que passaria por insignificante na vida de uma pessoa comum (não que eu não seja comum, ai vem a explicação), isto provavelmente quer dizer que essas experiências deviam mesmo ser divididas com alguém. Resolvi arrumar um meio – o Bibidebicicleta – já que um livro de histórias da minha vida seria uma dádiva que levaria algum tempo para se tornar palatável a um grupo maior que o meu círculo de amigos.
Por mais que algumas pessoas continuem me dizendo que eu me exponho demais aqui (embora eu creia que eu seja ainda muito mais densa que as histórias que conto ou os sentimentos que revelo; o que é parte de um todo muito maior), contar as histórias aqui me deu uma dimensão tão maior de mim mesma e das coisas que vi e vivi. Escrever para mim é como libertar as minhas vozes internas e elas falam “quase” que por si só. Sem escrever eu não vivo, então, encontrei um meio de falar sobre o que quero para um número significativo de pessoas, contando as minhas experiências como uma espécie de serviço para mim e para quem estiver no clima de me ler.
Chegando ao encontro com essa amiga, passamos o dia falando de nossos projetos, sonhos e realizações. Em um dado momento da conversa ela me diz: “Quanta coisa você já viveu! Caramba, às vezes eu tenho que me lembrar que você só tem 31 anos”. Ou seja, ela sabe que ainda tenho muito “desbunde” pela frente e que mantenho esse olhar curioso e quase infantil pela vida, como se quisesse sorver, absorver e escrever o que para mim parece novidade. E que tudo se faça novo e interessante, para destilarmos a suficiência das coisas com o delicioso sabor da primeira vez (das boas, claro!).
12.8.09
10.8.09
Soltas NY
Voltei a escrever em um laptop com teclado de configuração americana. Estou com o cedilha, mas o ponto de interrogação se perdeu em algum lugar no limbo! Não se pode querer tudo nessa vida, não é mesmo (interrogação)...
Relembrando alguns pontos:
* O valor do objeto que você quer comprar nunca é aquele que está na etiqueta. Se você for daqueles que anda com dinheiro contado, atenção, porque vai se estrepar "BUNITU". Todo produto americano tem uma taxa que não está imbutida no preço, como acontece aqui no Brasil. Cada estado americano cobra uma percentagem particular. Se não me engano, NY é coisa de 8% em cima do valor. Em Orlando e até New Jersey a percentagem é outra.
* Todo serviço deve ser recompensado com uma gorjeta. Taxista, garçom, serventes, entregadores... Se o serviço for legal, você agrada o bichinho com 17% do valor da conta, em média... Ou seja: você volta dos EUA um craque em matemática ou se achando um total ignorante numérico; meu caso. Eu achava mais fácil e justo dar 15%.
* Aqui já tem, mas eu sempre ficava entusiasmada com a descarga bundal. Sabe aquelas que são acionadas por um sensor (interrogação). Americano tem preguiça de dar descarga e já vi váaaaaarios deles saindo da casinha (o banheiro) sem lavar as mãos. Todos os banheiros de restaurantes badalados trazem uma plaquinha avisando que os empregados são obrigados a lavar as mãos apos usar o banheiro. Como assim!!!!!!! A descarga do bumbum só funciona com um bundão. Rebolei para o sensor algumas vezes! hehehe
* Outro item que achei sensacional - ainda no sanitário, mas não querendo que esse seja um papo de bosta -foi um dos lugares onde se tira sabão. Cara, no Mall é automático! Você coloca a mão ali em baixo e ele te da a quantidade exata do sabão em forma de espuminha. Isso impede que aquele povo que gosta de lambrecar a pia se expresse! Acho que lavei a mão duas vezes e naquela ocasião nem foi medo do porquinho! (eu estava meio histérica com a limpeza das minhas mãos).
* Sobre a histeria com as mãos, vale lembrar: Ruivinha e eu tinhamos um campeonato secreto, não revelado mesmo... A certa altura dos acontecimentos, a gente evitava colocar as mãos no corrimão das escadas rolantes. Percebemos isso juntas, dentro da Toys "R" Us, quando a gente quase caiu com o solavanco no início da descida. Depois, a gente sempre deixava a outra passar na frente para abrir a porta das lojas e restaurantes. A Bia Bug nem sabe, mas ela abriu algumas na nossa malandragem!
* Não usem o banheiro do MC Donaldo e do Burger Rei. Só em caso de emergência suprema. Sem mais explicações, por favor, me deem crédito.
* Ainda na casinha: reparei que a água lá roda para o lado contrário da daqui. Sim, aquela água que se acumula na pia e que tem que descer encanação a baixo, sabe (interrogação). Ok... Essa é real, mas é loucura observar esse tipo de coisa... (mas juro que vi!)
* Em NY os indianos dominam os volantes de taxi e as bancas de jornal. Em NJ só pegava motorista do Equador. Bia Bug pegou um que falava o dialeto crioulo. Que lugar estranho. Adoro (uia!).
* Americanos desprezam os Pennys. CALMA! As moedinhas de um centavo. Elas nem são aceitas para comprar o tkt do metrô. Elas são largadas na hora do troco ou vão direto para aquelas caixinhas de caridade, sabe qual é (interrogação). Já vi várias casas onde eles juntam moedinhas em umma vasilha qualquer. Ano passado, pequei a vasilha onde o Tom desprezava suas moedinhas e ele achava que ali tinha 40 dolares. Contei quase 200. As unicas moedas que eles dão valor são as de 25 centavos. Essa são grandes e as únicas aceitas para se lavar roupa e - antigamente - para pagar o parking (quando vc estaciona e tem aqueles mini postes com timmer).
* Muito cuidado com os gestos! Você não estã no seu país, onde gestos são complementados por frases explicativas. Estava falando para a Bia Bug sobre homens tarados que não podem ver mulheres tomando sorvete e fiz o gesto. Teoria comprovada meu amor. Muitos animadinhos à minha volta e a Bia Bug rolando de rir. Eu: roxa de vergonha, mas tentando manter a pose.
O post já está grandinho... Depois eu conto mais.