Dia atípico. Acordei bem cedo para trabalhar, coisa que me tira da órbita. Estava com saudade de fazer pauta em eventos calmos. Entre o encontrar e o reencontrar de amigos, me retirei para um canto para tentar encontrar no café a força extra para a hora em que anunciassem: "que comecem os jogos".
Entre goles de café e aquele meu autismo matinal totalmente antinatural, fiquei ali no meu canto vendo a vida passar. Alguns "olá" e "há quanto tempo!" me despertavam da minha tentativa de mimetismo com o sofá. Então eu voltava à observação do ambiente. E foi assim que eu percebi uma tatuagem muito interessante no braço de um fotógrafo, o Marcinho. Era uma frase que dizia: "Não durma antes de sonhar". Achei a coisa mais linda e sai do meu topor para tentar encontrar todos os significados que aquela frase poderia me oferecer. Uma frase que pode te levar a várias considerações.
Márcio me disse que era parte de uma música. Dando um Google, nosso oráculo e Barsa moderno, encontrei uma música cantada pela Maria Gadú. Embora o fotógrafo tenha me dito que a letra era de uma dupla da qual não lembro o nome...
Ah, que se o amor não é mais como antes, meu bem,
Deve ser do mundo que gira ou de uma outra mulher a culpa.
Deve ser do tempo que passa e das rugas distantes do rosto,
Mas vistas de longe no fundo da alma;
Do gosto que muda de quando em vez.
Calma! espera por mim (de novo e sempre um carinho se fez).
Não vale a pena sangrar por sangrar, crescer de véspera,
Fugir diante das palmas, lembrar de rolar um pranto, enfim...
Não durma antes de sonhar!
Que letra mais bonitinha para lembrar que há tanta vida após o fim de um romance e há tão mais em cada lance de vida. A vida faz e refaz. Verdade. E depois de tanto trabalho, de ideias que fervilhavam dentro do carro junto com a fotógrafa mais dramaturga que eu conheço - Fabrizia Granatieri - e de escritas, emails e enfins... Um telefonema me surpreende no começo da tarde. Gosto de ser assim surpreendida: com beijos roubados através dessa linha tênue que nos une.
E no fim do dia, um alento: finalmente o STJ decide pela prisão do jornalista Pimenta Neves, depois de 10 anos do assassinato confesso da ex-namorada Sandra Gomide. Sabe aquele "antes tarde do que nunca?". Você acha que cabe nessa questão?
PS1: Adorei conversar com o Claudio Torres, que foi adorável comigo hoje. E achei o Guel Arraes um charme com seus 57 anos inteiros. Um gentleman, quando me aproximei da entrevista que ele já dava sentado para um repórter (homem), ele disse: "chegou uma moça, preciso me levantar". E continuou a responder as perguntas, agora de pé. Ai, fofura! Homens mais velhos são cheios de gentileza e delicadeza. Adoro.
PS2: Aniversário de um dos maiores amores sem sexo que a vida me deu de presente. Luke: te amo! Tudo o que pudesse vir além disso seria redundante diante da magnitude desse nosso encontro.
|
Foto: Ana Paula Bazolli |