Pela janela, empoeirada devido às obras do metrô na região, vejo essa beleza que agora apavora. E acredito que a nossa lente em relação ao Rio está um pouco assim: empoeirada devido às circunstâncias. Seja zona norte, sul ou oeste, me diz, quem é que sabe viver como refém de uma guerra não declarada?
A vida do médico esfaqueado pelo menino pobre assaltante de bicicleta vale tanto quanto a vida do menino pobre do Morro do Alemão morto por um policial. Ou da moça que andava pela Tijuca e foi alvo da bala perdida do assaltante em fuga. A vida deles vale tanto quanto a do cinegrafista morto durante o exercício da sua profissão por jovens estudantes supostamente aliciados para criar tumulto em meio à legítima manifestação da população, justamente por melhores condições de vida. Ou a vida de policiais que são mortos por meninos, cujos sonhos e o respeito à vida foram mortos por circunstâncias anteriores.
Saindo do óbvio, que é arma na mão, bala perdida e faca na caveira... Acho que a vida deles todos vale tanto quanto as de quem perdeu em explosões de bueiro, chão de hospital sem médico ou a de turistas em visita ao Rio que por engano pegam uma rua diferente e dão de cara com a sua sentença de morte. Bang. Fim.
Ana Paula Miranda, professora universitária e antropóloga vinculada ao Instituto Nacional de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos (INEAC), acredita que a violência vem da “ausência de cidadania no Brasil”. Pode ser isso? Pode. Mas eu me recuso a acreditar que essa escalada de violência na minha cidade seja fruto de apenas um viés. Seja ele político, sociológico, antropológico, legal, dinástico ou o que for.
Violência, tendo a pensar, talvez não seja gerada pela falta de alguma coisa material. Também não posso aceitar que ela possa ser fruto de falta de oportunidades. Não somos bárbaros, mas estamos voltando a essa era lenta e progressivamente. Uma geração mais violenta que a outra. Vemos assaltos ao vivo no jornal!!! Voltamos à era das facas. Fico me perguntando se vou viver para ver a volta do uso da navalha, do duelo de espadas, do convite para a disputa do gatilho mais rápido em praça pública, do uso do tacape na cabeça do inimigo.
Vivemos a era do ego gritante, da solidão galopante, do individualismo exacerbado, do narcisismo estimulado. É proibido dizer não. É insuportável sentir-se magoado. Tudo fragiliza, traumatiza, é politicamente incorreto ou socialmente inadequado. A era do eu, do meu, do ter ao invés de ser, do parecer ao invés de vivenciar. O tempo de não olhar para o lado, o tempo de não ter tempo para o que realmente importa. Consumimos tanto, que estamos nos consumindo como espécie. Escravos do trabalho, do dinheiro fácil, da aparência irrepreensível, da imagem ilibada. Quase presos uns aos outros por fios de vida. Afinal, poucos são os que suportam estarem sós. Entra em cena o amigo celular, que ironicamente nos conecta ao outro virtual e nos desconecta de toda a vida que acontece em volta.
Perdemos o afeto, a ternura e estamos quase perdendo a possibilidade de nos encantarmos com aquilo que é mais simples, orgânico, básico. Está difícil. Estamos nos perdendo...
E eu, que tento não me perder em meio a dias tão perdidos...
Um comentário:
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