Tem um monte de pequenas coisas acontecendo à minha volta – não necessariamente para a minha vida, mas nela de certa forma – que estou com dificuldade de organizar os pensamentos (ou em pensamentos, para ser mais exata). Já passou por isso? Não é algo tão particular de um grupo seleto de pessoas. Você vai tirando tarefas da sua frente à medida que elas aparecem no sentido de acabar com uma lista invisível de ações necessárias.
Eu tenho esse pequeno “defeito”, que na verdade é uma característica pessoal e não própria ou única (claro!): gostar de pensar a vida, as coisas, os momentos e os acontecimentos (xiiii)... Daí a minha mente vira aquela réplica (mal ajambrada) da antiga repartição pública com gavetas cheias e pilhas de papel emaranhado soltos por todo o escritório. Só que um arquivo morto dá lugar ao arquivo vivo dos fatos cotidianos (metaforicamente)... E tantas vezes a vida é só viver. Não há a necessidade de pensar tanto.
Nos últimos dias:
1) A Fer, minha leitora querida, disse que Preta Gil esteve de visita (business) em sua cidade e que fez questão de encomendar seus docinhos (em especial o “brownie da perdição”) para fazer parte do menu do camarim. O fato foi até notícia no jornal local! Parabéns garota! Ela veio me contar aqui e eu nem consegui falar sobre isso direito. Estou mega feliz de poder dividir com você essa alegria...
2) Isabela Campoi está deixando Berlim... E eu espero, do fundo do coração, que a gente não se perca. Nossa comunicação é blog-to-blog... O blog dela é sobre o tempo que passou à trabalho/estudo naquele lugar. Medo, medo... Some não fofura!
3) Eu não costumo dar esmolas. A minha contribuição solidária se manifesta de outra forma. Faço a minha parte, mas não dando dinheiro. Porém, certas vezes na vida a oferta é mais forte que a sua filosofia.
Sexta-feira eu estava no metrô, já meio tarde da noite (esse dado é só para dar a dimensão da lotação do vagão, ou seja, um horário tranquilo). Eu estava lendo, portanto, absorta, sem me ater aos detalhes. Entra um senhor de terno cinza e camisa branca trazendo uma agenda nas mãos. Do nada ele começa a “pedir uma esmola”. Vai de um em um repetindo a mesma frase: “você me dá uma esmola? Aceito a partir de 5 centavos”.
A cena me tirou da leitura. Vão aí algumas observações. Ele foi de pessoa em pessoa, o pedido de esmola não era geral, mas particular e específico. Mesmo que estivéssemos sentados um ao lado do outro (como era o caso), ele ia diretamente à pessoa, sem olhar nos olhos, mas sem se mover do lugar e repetia o pedido até que você respondesse que sim - fazendo a oferta - ou que não. O fato dele estar de terno era algo surpreendente até: não chamava atenção dos seguranças do metrô, não assustava as pessoas, mas também o layout evitava que alguém enxotasse o pobre homem com desdém, como geralmente acontece com mendigos, maltrapilhos e crianças remelentas (não vou dourar a pílula, porque é isso o que geralmente ocorre). E se você olhasse a sua roupa com mais cuidado, ia ver que era velha, rota, desgrenhada, mas nem a roupa e nem o sujeito estavam sujos ou fediam.
Abri a bolsa como quem abre o coração. Fiz a minha contribuição. Nem sei se deveria, mas alguma coisa foi movida dentro de mim. Talvez o ato de dar o dinheiro tenha feito mais bem a mim que a ele. Não pensei sobre isso e nem quero ficar teorizando a respeito, como se as minhas atitudes de coração tivessem que ser também racionais e não emocionais como sou. Mas na hora me veio uma coisa de pensar na dignidade de alguém. E também em pensar que muitas vezes a gente fica fechado em dogmas e práxis e vem a vida nos oferecendo a chance de ser mais pelo outro que pelas nossas próprias “leis”. O ato de abrir o coração, mostra que podemos estar sensíveis às coisas de nosso tempo. Não posso fazer tudo, sempre e nem por todos e nem ainda pela minoria. Contudo, posso ter o coração aberto às manifestações do cotidiano da vida.
Eu tenho esse pequeno “defeito”, que na verdade é uma característica pessoal e não própria ou única (claro!): gostar de pensar a vida, as coisas, os momentos e os acontecimentos (xiiii)... Daí a minha mente vira aquela réplica (mal ajambrada) da antiga repartição pública com gavetas cheias e pilhas de papel emaranhado soltos por todo o escritório. Só que um arquivo morto dá lugar ao arquivo vivo dos fatos cotidianos (metaforicamente)... E tantas vezes a vida é só viver. Não há a necessidade de pensar tanto.
Nos últimos dias:
1) A Fer, minha leitora querida, disse que Preta Gil esteve de visita (business) em sua cidade e que fez questão de encomendar seus docinhos (em especial o “brownie da perdição”) para fazer parte do menu do camarim. O fato foi até notícia no jornal local! Parabéns garota! Ela veio me contar aqui e eu nem consegui falar sobre isso direito. Estou mega feliz de poder dividir com você essa alegria...
2) Isabela Campoi está deixando Berlim... E eu espero, do fundo do coração, que a gente não se perca. Nossa comunicação é blog-to-blog... O blog dela é sobre o tempo que passou à trabalho/estudo naquele lugar. Medo, medo... Some não fofura!
3) Eu não costumo dar esmolas. A minha contribuição solidária se manifesta de outra forma. Faço a minha parte, mas não dando dinheiro. Porém, certas vezes na vida a oferta é mais forte que a sua filosofia.
Sexta-feira eu estava no metrô, já meio tarde da noite (esse dado é só para dar a dimensão da lotação do vagão, ou seja, um horário tranquilo). Eu estava lendo, portanto, absorta, sem me ater aos detalhes. Entra um senhor de terno cinza e camisa branca trazendo uma agenda nas mãos. Do nada ele começa a “pedir uma esmola”. Vai de um em um repetindo a mesma frase: “você me dá uma esmola? Aceito a partir de 5 centavos”.
A cena me tirou da leitura. Vão aí algumas observações. Ele foi de pessoa em pessoa, o pedido de esmola não era geral, mas particular e específico. Mesmo que estivéssemos sentados um ao lado do outro (como era o caso), ele ia diretamente à pessoa, sem olhar nos olhos, mas sem se mover do lugar e repetia o pedido até que você respondesse que sim - fazendo a oferta - ou que não. O fato dele estar de terno era algo surpreendente até: não chamava atenção dos seguranças do metrô, não assustava as pessoas, mas também o layout evitava que alguém enxotasse o pobre homem com desdém, como geralmente acontece com mendigos, maltrapilhos e crianças remelentas (não vou dourar a pílula, porque é isso o que geralmente ocorre). E se você olhasse a sua roupa com mais cuidado, ia ver que era velha, rota, desgrenhada, mas nem a roupa e nem o sujeito estavam sujos ou fediam.
Abri a bolsa como quem abre o coração. Fiz a minha contribuição. Nem sei se deveria, mas alguma coisa foi movida dentro de mim. Talvez o ato de dar o dinheiro tenha feito mais bem a mim que a ele. Não pensei sobre isso e nem quero ficar teorizando a respeito, como se as minhas atitudes de coração tivessem que ser também racionais e não emocionais como sou. Mas na hora me veio uma coisa de pensar na dignidade de alguém. E também em pensar que muitas vezes a gente fica fechado em dogmas e práxis e vem a vida nos oferecendo a chance de ser mais pelo outro que pelas nossas próprias “leis”. O ato de abrir o coração, mostra que podemos estar sensíveis às coisas de nosso tempo. Não posso fazer tudo, sempre e nem por todos e nem ainda pela minoria. Contudo, posso ter o coração aberto às manifestações do cotidiano da vida.
6 comentários:
Bibi:
Amei este texto. Você me fez refletir e ver "este cotidiano" de uma forma totalmente diferente.
Obrigada por, indiretamente, me proporcionar este exercício.
Você é o máximo, garota!!!
Abração e ótima semana.
Joss.
E quem disse que o exercício não foi direto?! Gosto dos "cortes" múltiplos das palavras :) As suas, por exemplo, me acalentam, mas também me incentivam sempre!
Um beijo
Também sou adpeto da "esmola-não"... mas não te critico... pq dependendo do meu estado "progesterônico" de humor (da série jonhson and jonhson)... tb faria coisas assim
um grande beijoo
=)
Saulo: criticar nem seria o caso, né? Porque cada um tem a sua sentença, sua maneira de levar a vida... Talvez reprovar, se fosse tb o caso. Mas entendo... O problema é que vc está cada vez menos frequente nos coletivos :)
Fer: beijoca
Lendo seu texto lembrei desse pensamento...que em certa medida representa um EU entre muitos que tenho...
"Sou um só, mas ainda assim sou um. Não posso fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa. E, por não poder fazer tudo, não me recusarei a fazer o pouco que posso." (Edward Everett).
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