Quero desnudar-me diante da vida e cobrir-me de palavras
Cada uma delas a seu tempo, em seu momento exato
Sem fingir a intenção, sem fugir à tentação
Que me espera.
Declamo confusões internas, serena, intensa, sincera
Busco lá no fundo a inspiração mais terna
Interna e inteiramente só
E mergulho fundo nas impressões de sensações cabíveis
Invisíveis à superfície democrática
São palavras amáveis, mas que também contundem
Confundem, revelam a prática.
Contundente, diferente, diáfana, difusa
Impressões de expressões possíveis, palpáveis, palatáveis qual o que!?
Dentro de mim moram muitas, mas poucas sobrevivem ao ocaso
O ocaso da ocasião
O tempo da paixão escorre e morre em confusão
Essa é a lei da criação prescrita
Descrita em cada transformação
Transmuta-se em tanto querer, em tanta tentação
O que sobra é o que há de ser e o que se há de fazer
Palavras tantas, tontas, formadas de possibilidades
Frases soltas em busca de apenas uma verdade
Intangível, desconfiada, mergulhada em tamanhas intenções
Dispo-me de conceitos, arquétipos da boa convivência social
Criações padronizadas que buscam apenas um aval
Condições de existir: palavras
Nada se cria em cima do que do ainda não foi formado
Segue calado, colado na face oculta da lua que me espreita
E espera
O futuro nos espera sempre, mas só até amanhã
E espera...
2 comentários:
Futuro, esta meta flutuante, como cantam os Dharma Lovers.
Muito bom o seu texto, um hibridismo entre poesia e prosa, o ritmo cativante aplicado ao texto.
Parabéns!
Fernando: Dharma Lovers tem a ver com Lost? Uia!
Existem dias que os textos fluem, são maiores que eu... Nuca sei onde vai dar, apenas faço e me esqueço de pequenas pedras do cotidiano. Vivo as verdades e velocidades dos acontecimentos internos, nem sempre reais. Fatos inventados também preenchem lacunas :)
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