Jorge Luis Borges
Hum, primeiro de maio = Dia do Trabalho. E adivinha só onde eu estou? Exatamente: trancada no escritório quase vazio, esperando que o “relógio” seja generoso comigo e avence as horas de maneira que o tédio não passe pela catraca de entrada [será que o tédio tem crachá?]. O que me consola é que lá fora está chovendo. Um diazinho feio e murcho. No último feriado – no qual também fiquei como Rapunzel, presa na torre, só que com as tranças cortadas –, o sol lá fora estava absolutamente convidativo e eu querendo estar na praia com gente querida...Aff! Mas não faz mal, como bem cantaria Chico Buarque: “Apesar de você amanhã há ser outro dia”.
Acreditei ter desenvolvido técnicas construtivistas para dias de ócio criativo. Ouvi música no youtube para evitar os barulhos estranhos que vêm não sei de onde, uma vez que estou sozinha. Porém, quando comecei a cantar alto, coisa inevitável, percebi que não era nem hora e nem lugar para tal manifestação artística. O que fazer então? Roer unha eu já não posso, porque larguei esse mau hábito e não pretendo cair em tentação. Carnívora, roia até o canto dos dedos. Comer está fora de cogitação, uma vez que no feriado tudo em volta se encontra fechado (Amém). E eu também não trairia o projeto gatinha [já falei nisso? Se não, eu conto mais para frente]. A galera maneira está curtindo a vida, ou seja, fora do MSN. Estou aqui congelando, o corpo e o cérebro. Escrever para o bibidebicicleta pelo menos tem a vantagem de exercitar os meus dedinhos. E é glorioso quando o texto flui.
Na tentativa desesperada de buscar inspiração e queimar tempo (e não unzinho, coisa que não faço), fui parar no bloglog. Geralmente acesso a página do Bruno Mazzeo e a da Carolina Dieckmann, que aliás, está linda na capa da Contigo! com o José, seu filho caçula [O texto sensível dessa matéria é da minha amiga Aline Salcedo, que arrasa!]. Nada ali me segurou. Em um clique desinteressado acabei encontrando uma frase que me deteve:
“Sim, a arte da literatura é misteriosa. Não é menos misteriosa que a música. Bem, quiçá a literatura seja uma música mais complexa ainda que a música, já que nela se encontram não apenas a cadência das palavras e o som, senão as conotações, o ambiente e o sentido – uma poesia completamente insensata se não aceita: devemos pensar o que isso significou para alguém; sobretudo algo para a emoção de alguém. E isso é intraduzível.”
Estava na página do José Wilker, que eu nem costumo passar. E isso me fez lembrar, com certo horror, um dos tantos micos que eu já paguei na minha profissão.
Estava no começo da faculdade e já descolei um estágio em uma empresa bacana. Ano 2001, acho. Depois de treinada para as saídas, me mandaram cobrir a Bienal do Livro sozinha. Com ressalvas: "Não deixa de fazer os escritores, os escritores..." Uma matéria recomendada era o lançamento de uma coletânea do Borges. Chego à barraca da Argentina e sou recebida pelo Cônsul, uma figura adorável, depois eu falo sobre ele. Sem querer perder muito tempo por ali, já que a feira era enorme e a todo momento uma novidade acontecia, colei no Cônsul e perguntei:
Bibi – Quando é que o autor vai chegar, heim!?
Cônsul – Ele já morreu.
Momentos de silêncio, eu sem saber como sair daquela...
Bibi – Ah...é?
Cônsul – Foi em 1986. Vem aqui que eu vou te dar um livro para você conhecer a obra dele.
MEDA!
Bibi – Quando é que o autor vai chegar, heim!?
Cônsul – Ele já morreu.
Momentos de silêncio, eu sem saber como sair daquela...
Bibi – Ah...é?
Cônsul – Foi em 1986. Vem aqui que eu vou te dar um livro para você conhecer a obra dele.
MEDA!
O Cônsul foi de uma gentileza ímpar. Até hoje, quando ele me encontra nos eventos, ele faz questão de me cumprimentar. Fico feliz de perceber que um erro não é o fim de tudo e que existem pessoas interessadas em ajudar, ensinar, sem repreender.
3 comentários:
ahuahuahuahauha.... essa do Borges foi ótima! Por isso não fui ser jornalista, tenho mt medo desses furos, não se se superaria tão facilmente. Mas fico feliz q o cara tenha sido legal contigo e melhor, tenha te dado uma obra do Borges que eh sempre maravilhosa!! Amo seus contos - uma delícia super recomendável! Bjus
Ahhh o Borges morreu!! hahahahahahaha
Vem cá eu não sou legal??? Conversei contigo no msn poxa :/ rsrsrsrs
Te amooo!
Beta Gorda (Td vez q escrevo isso me dá vontade de rir! rsrsrs)
Poxa Borges!! Vc tinha que partir logo agora que tinha gente te esperando??...
Afinal... vc leu o livro, prima?!
Bjussssssss
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