17.6.08

Fashion Rio

Oi, queridos!

Que bom que vocês ainda estão por aqui! Sinal de que vale a pena ler de novo.

Enquanto me derem corda, não tem jeito, vou continuar escrevendo.

Tem horas que penso que o meu cartaz está tão baixo, quanto o ibope do canal rural ou da TV Senado (Acho que meu pai é o único telespectador desses programas. Tem dia que ele fica horas namorando o boi. Sim, porque em leilão de gado na TV, o programa se resume a mostrar aquele corpinho roliço e chifrudo, enquanto o locutor narra os lances. Só pode ser atração bovina, não é? Sobre a TV Senado, nem posso dizer que é para conferir a tendência dos paletós das excelências, porque o meu pai tem os mesmos ternos herdados há mais de 30 anos. No tempo que o pano era de raça, porque os de hoje...).

Vamos deixar de xurumelas e passar para a questão prática desse texto. Estou afiada hoje, mas é fruto do medo de não ter o que dizer. O 13º Fashion Rio foi tão fraco, que estou com medo de não conseguir narrar os fatos com graça suficiente e o encanto necessário para te prender aqui. Mas olha, podia estar roubando, podia estar matando, podia apelar para a pornografia descarada à fim de aumentar a audiência... Mas só estou aqui te pedindo: please don’t go, don’t goooooo, don’t go away...

Toda a história tem um começo, certo? A minha começou bem longe da Marina da Glória, local onde tradicionalmente acontecem os desfiles. Na verdade, a saga começa dias antes do Fashion Rio. Estava em casa, levantando para mais um dia de trabalho. Estava tensa, confesso, porque a cobertura do Fashion Rio seria diferente da que eu estava acostumada. Faltavam poucos dias para o start. Dois, para ser mais exata. Levantei com preguiça, vista embaçada. Fui ao banheiro e lá estava ela... Cheguei a limpar os olhos, pensando, inutilmente, que era apenas uma alucinação. Não era. O fato era real. Eu amanheci com uma espinha GIGANTE entre as sobrancelhas. Não ia dar tempo de curar aquele piercing de carne que se instalou bem no meio do meu rosto. Não há base que cubra a bolota que se apresentava em alto relevo.


Cara, pensei, justo essa semana!?

Fazer o que?! Logo no primeiro dia, a bolota já tinha virado um machucado e agora eu circulava pelos corredores, em meio a tanta gente descolada, com um terceiro olho. Se colocasse os óculos escuros era pior, porque ela ficava bem em cima da armação, o que ressaltava a tragédia.
O que eu fiz?
Assumi a aberração com naturalidade, afinal, não dava para negar que era parte íntima de mim.
Pensei: gata, relaxa e incorpora!

Problema estético contornado – da maneira que dava, claro – chegamos ao evento. Foi um início incrível. Se o blog deixasse eu narrar meus textos, vocês sentiriam o tom da ironia. A minha pior semana do ano começou em pleno sábado. Todos os meus amigos reunidos em uma "festchuca" e eu lá, de bloco e caneta na mão, pronta para a cobertura da semana de moda carioca. A primeira noite constava apenas do desfile de Rita Wainer, já que não cubro o infantil Lilica Ripilica. Na hora, soubemos que não se tratava de um desfile comum, mas sim de uma instalação, ou seja, ia rolar uma ação performática, daquelas que só fazem sentido para quem elabora a programação. E não é que depois de esperar horas pelo início da coisa em si, a primeira frase que ouço, da primeira pessoa que sai da tenda é:


“Esse pessoal só pode estar viajando”.

Coitada da moça estilista! O clima era mesmo de festa estranha com gente esquisita, mas com bons olhos, você pode tirar até uma lição daquilo tudo. Por exemplo: as modelos carregavam balões de ar. E não é que eu pensei que era uma ode ao padre voador? Quem sabe elas também não voariam dali rapidinho ou fosse apenas uma metáfora sobre a minha semana, que passaria voando?

SEGUNDO DIA

Vamos combinar uma coisa? Não vai esperando a minha narrativa day by day não, porque não vai dar... Mas era domingo, né gente?! Domingo não é dia de pegar o vento da Marina da Glória de peito aberto... Lembro bem que a minha preocupação nesse dia era separar a roupa da semana, antes de começar a semana. Sabe como é... Essa gente trendy é cheia de olhos que reparam se você é in ou out. A minha intenção era passar sem ser reparada. Não quero ser o último grito da moda, nem o último grito de horror da garganta de alguém.

Minhas “chefes” chegaram para dividir tarefas. Lindas, chiquérrimas, paulistas. A moda em Sampa é trocar um beijo apenas. Sabe esse povo que não tem tempo a perder? Pois é, fiquei de beiço pendurado algumas vezes até acostumar... Quando as tarefas foram finalmente distribuídas entre a equipe, eu já havia ruído todas as unhas. Achei que esse fato era apenas um detalhe entre tantos outros ao redor. Até que fui entregar um papel para a Ive, a fotógrafa, e ela agarrou a minha mão assustada:

Ive – Nossa, que isso? Que mão é essa garota? Que unha tão ruída! Vou trazer remédio amargo e passar aí, igual eu faço com a minha filha.
Bibi – Ive, nem se preocupa, porque agora não tem mais nada para roer, nem os cantos dos dedos...

E puxei a minha mão, verdadeiramente embaraçada. Os cotocos estavam bem feios mesmo.. aquela coisa irregular. No outro dia apelei para uma base, a fim de disfarçar.

A outra tragédia que se apresentou naquele dia, foi mais séria, já que tocava em uma questão muito importante: alimentação. E você pode imaginar que aquele espaço era como uma selva, com bichos de todas as tendências. Na nossa sala, o menu se resumia a: pão com pão (tinha uma manteiga e uma geléia de hospital para quem se aventurasse); iogurte e, no fim de noite, mamão. Sim, queridos... Esse cardápio balanceado se mostrou o hit de toda a temporada. Você chegava e se entupia de pão, massa para dar energia para andar por todo o território. Iogurte para fazer descer a maçaroca e dar aquele...como direi... gás? E o mamão, no fim de noite, para facilitar a retirada do material orgânico – para usar um termo ecologicamente correto. Assim, livres do “bolo” estaríamos prontos para mais um dia de... pão com pão, iogurte e mamão. Ah, pra que eu vou reclamar? Pensa só, eu podia estar em Uganda Fashion Week ou na Zâmbia Fashion Days.

Esse Texto Continua Amanhã...

5 comentários:

Anônimo disse...

Caraca, "tô" com dor de barriga de tanto rir!!!
O cardápio foi demais!!!
Te amo!

Ana Martins disse...

Bibi querida,

Eu não só amei seus posts sobre "Magic"... eu me emocionei!
Fui transportada para esse mundo mágico que vc viveu. Enquanto lia, refazia a cena na minha cabeça, da minha maneira...

Quanto às novas aventuras, dentro de alguns míseros dias, eu tb já não devo mais ter unha alguma!
Vou estar num evento para mim, alucinante, rs. Não poderei fugir senão mostrarei toda a minha fraqueza, coisa que piscianas sentem em demasia, mas que superam com uma força incomparável na hora "H"!
Lembrarei de vc, e direi a mim mesma: relaxa e incorpora! hahaha
AMEI!
Bjos

Saulo disse...

Fashion week, para mim, só tem graça nas suas palavras!! Bjuss

Sambeira disse...

tá hilário seu post, me lembrei dos nossos tempos de fashion rio together.
sei bem o que vc passa, mas já passou, vc sobrevive e arrebenta como sempre linda e loura..rss

nina_zaretchnaia disse...

Nossa! Nossos pais assistem aos mesmo programas!!!
Fala sério!

Bjo

Brunna