15.1.11

Preciso de palavras para me livrar dos sentimentos, me aliviar os pensamentos e me fazer companhia. Preciso de palavras, que se juntem em melodia, que se transformem em poesia para extirpar esse lamento. Sento. Sinto tanto. Tento. Olho o canto do meu quarto. Vivo esse momento. Fecho a janela. Não vou ver o raiar do dia. Abro a mente. Falo com Deus, penso nos meus, falo sozinha. Busco o pensamento mágico, o momento verdadeiro,  vasculho o meu coração inteiro. Respiro exasperada o fim de mais um dia. A noite finda, que me parece infinda em poesia. Sem poesia. Sem alegria. Esse foi só mais um dia. Não um dia a mais. Busca a paz para sobreviver. Pra nos socorrer. Busco no fato o ato: um abraço distante. Sonho o sonho de uma nova espera, de uma nova era, de um novo encanto. Sinto. Sinto tanto esse vazio. Essa falta de um arrepio quente. De um ombro amigo. De um olhar carente. Sinto tanto, simplesmente. O existir constante da presença incerta, na certeza de um encontro não aparente. Velado. Não revelado. Ansiado. Antes e ainda.

5 comentários:

Glauber disse...

Texto envolvente e encantador. A cada frase, a cada palavra, a sensação vai se complexificando e se tornando mais crível.

Adorei a honestidade da sua escrita. Consegue falar do oculto de maneira transparente, sem vulgarizar o sentimento. Esse teu ritmo poético me levou além.

Parabéns!

Bibi disse...

Glauber, que elogio mais gostoso de receber! Me emocionou, muito obrigada por compartilhar a sua percepção comigo. Quando isso acontece, eu volto a ler o que escrevi e redescubro a poesia, você acredita? É como se eu lesse algo feito para mim e não por mim - através do olhar do outro.
Um beijo

Saulo disse...

Sua escrita é linda e cativante!!

Glauber disse...

Acredito sim, os comentários nos dão leituras, que às vezes nem imaginávamos ter sobre nossos próprios escritos. É como se mais de duas mãos (re)escrevessem.

Para mim, é sempre um prazer compartilhar.

Beijo

Bibi disse...

OOO Glauber, então volta sempre, mesmo que nem sempre eu tenha poesia!