12.4.08

Mistérios da meia-noite!

Wow, chegamos juntos ao post 90! Rumo ao 100 e estou quase lá! Cheia de gás. Gás e não gases, como umas e outras que conheço por ai (estou falando de alguém específico que vai ler, entender e talvez me odiar por alguns segundos, não mais que isso)... Piadinhas infames à parte, ainda não tenho a menor idéia sobre o que vou falar quando atingir essa primeira meta. Pensei em contar algumas histórias sobre as pessoas que sempre postam um comentário aqui, afinal, são vocês que me ajudam a fazer desse espaço um lugar mais democrático, mais visitado (quero mais!), mais divertido e até mais atrevido, com um ou outro comentário ácido ou picante (delícia também). Adoro novos olhares! Uma vez a jornalista e consultora de moda Érika Palomino me disse a seguinte frase: “Eu sou novidadeira.” Eu simplesmente amei essa expressão, porque também sou fascinada por novidades e as busco com certa insistência, agregando umas e rejeitando outras, como é natural.

Em um dos posts sobre a viagem a Buenos Aires, eu estava comentando sobre a nossa visita ao cemitério. Foi um dia desgastante, mas até que teve seus momentos divertidos – principalmente quando fui pedir informação a um trio de americanos lindos de viver, que estava com um mapa nas mãos. Coitados, tão perdidos quanto nós, que estávamos sem direção, bússola, GPS ou o cruzeiro do sul no céu para auxiliar. Investi meu inglês num papinho básico e rápido, tendo a certeza de que os garotos eram visões e não fantasmas. Lembram que eu contei que eu estava apertada para fazer xixi e já estava até procurando por uma tumba amiga, que me ajudasse a resolver o problema de forma menos vexatória? E que fiquei com medo da possibilidade de um cadáver passar a mão na minha bunda?

Pois então, depois de contar esse fato, comecei a pensar em histórias de cemitério. Não as de terror, mas aquela que sempre nos marcam por algum motivo. E, claro, tenho um depoimento familiar a fazer! Eu ainda não era nascida. Meus pais e irmãos moravam em uma cidade relativamente perto do Rio. Minha avó paterna morreu e eles tiveram que vir para terras cariocas de supetão. Passam a noite no velório e quando amanhece, minha mãe já não estava mais se agüentando de sono. O que fazer diante disso?! Para ela, nada é problema. Olhou para um lado, olhou para o outro...pensou e não teve dúvidas: deitou e dormiu em uma lápide até à hora do enterro. Pior que as pessoas iam chegando e ninguém acreditava na cena. E ela dormia pesado, de boca aberta, como se nada mais existisse...

Outra boa aconteceu com a minha amiga Carol. Ela é jornalista e morria de medo de cobrir enterro. Ficava apavorada com a possibilidade de ser enviada nessa missão e era capaz de rezar um terço para que qualquer celebridade que entrasse no hospital, saísse de lá recuperada, para ela não correr o risco de ser escolhida para ir ao funeral. Nosso chefe, Esmê, sabia disso e o que ele fazia? Sempre mandava a menina! Era a forma que ele encontrava de tentar fazê-la vencer o medo. Carol sofria. Um dia, chega à redação a notícia da morte de Mário Lago. Lá foi a Carol para o enterro, chorando, bufando e roendo unha. Ao chegar lá, ela vê uma multidão aglomerada na sala onde estava rolando o velório. Com um olhar mais apurado, ela vê um espaço vazio ao lado do caixão. Mesmo com medo, ela se aproximou, na tentativa de falar com a família, que estava do lado oposto. Carol se debruça por cima do morto para tentar chamar um parente e não vê que o RJ-TV entra ao vivo com a cobertura do enterro. Aquele espaço era destinado às imagens. Nisso, a Carol é focalizada pela câmera. Todos na redação assistem à cena, que pela enquadramento, parecia que a Carol estava conversando com o Mário Lago. Esmê pega o telefone e liga para ela. Desconcertada, a Carol atende:

Carol: Alô!
Esmê: Carol, o que você está fazendo?
Carol: Uai, Esmê, como assim o que estou fazendo? Estou no enterro do Mário Lago, como você mandou!
Esmê: Disso eu sei, mas quero saber se você está entrevistando o morto ai, parada ao lado caixão?
Carol: Uai, como é que você sabe que eu tô aqui?
Esmê: A TV Globo está filmando essa sua última entrevista!
Ela olha para a câmera sem graça...

Desce o pano rápido!

A última foi com uma outra amiga minha, cuja identidade eu vou preservar. Ela estava na oitava série e um dos professores do colégio morreu. Todos os alunos foram para o cemitério, prestar a última homenagem. Durante o cortejo, ela vê aquele carinha lindo, um gatinho que ela estava afim há algum tempo. Trocam olhares. O clima esquenta. O que fazer? Foram se beijar atrás da primeira tumba que encontraram. Para vocês verem que pegação boa pode acontecer até mesmo em um cemitério!
Mistérios da meia-noite!

2 comentários:

Saulo disse...

Apesar do tema inicial fúnebre o post foi engraçado! Porém este post me fez lembrar um momento muito triste de minha vida que com a sua ajuda foi menos doloroso! Na primeira vez que fui a um cemitério, para o enterro de tia Marly, apesar de toda a dor... foi seu abraço o único inesqucível, o que me trouxe mais paz, o que mais me tranquilizou...
Não sei porque lembrei disso agora... mas mesmo agora consigo sentir todo amor e carinho que você me transmitiu naquele dia!!!

Prof. Nelson de Paula Pereira disse...

É Bia Amorim... visitar cemitérios é cultura e dá até dinheiro sabia? É verdade. Quem está dizendo é um Historiador, com "H" maiúsculo, da Cidade do Rio de Janeiro, e nas palavras do grande poeta Olavo Bilac: "A CIDADE MARAVILHOSA", bem já enrolei "D+" nessa introdução - esse é outro mal dos Historiadores: escreverem muito. Vamos lá. Quando estava pesquisando para escrever uma das minhas produções, fui ao Cemitério de São Francisco Xavier (Cajú), para visitar o Mauzoléu dos Barões de Mangaratiba, pais do grande Engenheiro, o Prefeito Francisco PEREIRA PASSOS, meu Grande Imortal. Fui lá para constatar os nomes de seus descendentes e ascendentes e me inspirar para escrever. Copiei a idéia da autora da Minissérie "OS MAIS", da Rede Globo, que visitou a sepultura do grande EÇA DE QUEIROZ.
Fiquei fascinado com a opulência do Mauzoléu dos Barões. Até fotografei (quer dar uma olhadinha nas fotografias?). Bem... passado um tempo, conclui a pesquisa e entreguei a produção, quase 200 láudas...ufá...deu trabalho, mas isso me valeu algum conceito, principalmente com o nosso "PEREIRA PASSOS DA CONTEMPORANIEDADE", o Prefeito Cesar Maia, que me convidou para apresentar o trabalho na 10º Reunião do Secretariado Ampliado da Prefeitura, no Planetário da Cidade. Além do Prefeito, estavam sub-Prefeitos, Vereadores, Secretários Municipais e outras autoridades. Iniciamos com um café da manhá, seguido da minha apresentação e de um almoço. Nossa meu dia foi maravilhoso...nunca mais me esquecerei. Mas como falei ir ao Cemitério dá um dinheiro. No final do dia fui agraciado com uma graninha que está na poupança, rendendo pouco, mas valeu a pena. Não se esqueça: IR AO CEMITÉRIO é Cultura. Toda vez que viajo procuro logo um para VISITAR. A propósito: QUER VISITAR UM COMIGO? Beijos....