No fim da semana passada eu recebi uma notícia bem triste. No dia 07.07.2008 eu escrevi um post sobre o livro A Lição Final e seu autor, o professor Randy Pausch. Ele sofria de câncer e deu uma aula de despedida que foi uma verdadeira lição de vida. O resultado dessa palestra virou um tremendo sucesso na internet, inspirando a vida de muitos. O câncer de pâncreas levou aquele, cujo legado me inspirou profundamente. E quando alguém deixa boas lições, histórias sinceras e impactantes, que comovem e transformam a vida de terceiros, o corpo se desfaz, mas a alma dele permanece impregnada, como agente da transformação, da motivação e da alegria. Gosto muito disso.
A partida de Randy me fez pensar em despedida. Então me lembrei de uma matéria antiga que fiz com o Jorginho Guinle. Possivelmente, a sua última entrevista como personagem principal de sua própria história e não parte da vida e da festa de alguém.
O ano era 2003. O maior playboy brasileiro tinha passado por uma séria internação. Herdeiro de uma das mais abastadas famílias brasileiras, ele estava pobre. Contava com a generosidade de um “mecenas” secreto e de uma amiga, que cedeu seu apartamento para que ele pudesse se restabelecer em um lugar com um pouco mais de conforto e glamour (que ele pronunciava glã-mour, com ênfase no a). Ironia das Ironias, o prédio tinha vista para os fundos do Copacabana Palace, lugar onde Jorginho cresceu e morreu (eu também fiz a matéria de seu funeral e citei que ele havia partido devidamente acomodado em uma das suítes do hotel). Ele olha a vista com carinho. Outra curiosidade é que usava sapato social com salto, para disfarçar de leve a baixa estatura. Era sempre cavalheiro, elegante, de fino trato. Falava em um tom agradável e gostava de rir, contando suas histórias. Ele parecia viajar no tempo. Voltou ao mundo real quando tocamos no assunto paquera. Daí, ele fixou aqueles olhos azuis clarinhos, vivos, nos meus. Falou de mulheres deusas, mas sem entregar as intimidades. E disse que ainda gostava de namorar, ajudado pelo Viagra. E me deu uma cutucadinha marota. Pensei: "meu Deus, ele está mesmo me paquerando?" Eu lembro de ter rido do galanteio. E era mesmo para me sentir lisonjeada, sendo aquilo força do hábito ou não. Lembro também que no enterro me aproximei bastante de sua filha, a Georgiana. Dias depois, ela me pediu uma cópia dessa matéria. Disse que seu pai havia ficado muito honrado e feliz com o resultado da entrevista. Eram palavras de carinho.
A partida de Randy me fez pensar em despedida. Então me lembrei de uma matéria antiga que fiz com o Jorginho Guinle. Possivelmente, a sua última entrevista como personagem principal de sua própria história e não parte da vida e da festa de alguém.
O ano era 2003. O maior playboy brasileiro tinha passado por uma séria internação. Herdeiro de uma das mais abastadas famílias brasileiras, ele estava pobre. Contava com a generosidade de um “mecenas” secreto e de uma amiga, que cedeu seu apartamento para que ele pudesse se restabelecer em um lugar com um pouco mais de conforto e glamour (que ele pronunciava glã-mour, com ênfase no a). Ironia das Ironias, o prédio tinha vista para os fundos do Copacabana Palace, lugar onde Jorginho cresceu e morreu (eu também fiz a matéria de seu funeral e citei que ele havia partido devidamente acomodado em uma das suítes do hotel). Ele olha a vista com carinho. Outra curiosidade é que usava sapato social com salto, para disfarçar de leve a baixa estatura. Era sempre cavalheiro, elegante, de fino trato. Falava em um tom agradável e gostava de rir, contando suas histórias. Ele parecia viajar no tempo. Voltou ao mundo real quando tocamos no assunto paquera. Daí, ele fixou aqueles olhos azuis clarinhos, vivos, nos meus. Falou de mulheres deusas, mas sem entregar as intimidades. E disse que ainda gostava de namorar, ajudado pelo Viagra. E me deu uma cutucadinha marota. Pensei: "meu Deus, ele está mesmo me paquerando?" Eu lembro de ter rido do galanteio. E era mesmo para me sentir lisonjeada, sendo aquilo força do hábito ou não. Lembro também que no enterro me aproximei bastante de sua filha, a Georgiana. Dias depois, ela me pediu uma cópia dessa matéria. Disse que seu pai havia ficado muito honrado e feliz com o resultado da entrevista. Eram palavras de carinho.
Resolvi reproduzir aqui um pedaço daquele dia; uma parte dessa entrevista.
Aos 87 anos, Jorginho Guinle anda filosófico. Recuperando-se de um aneurisma na aorta, hospedado no tríplex da amiga Ruth Almeida Prado, em Copacabana, no Rio, o mais famoso playboy brasileiro reflete sobre vida, morte, lembranças e prazeres. Titular de um currículo que justifica a fama, ele define-se como um “eterno admirador de mulheres” e deixa escapar que o Viagra é ainda um bom e fiel companheiro. Do seu tranqüilo refúgio, Jorginho, enquanto fala, vê da janela o contorno inconfundível do Copacabana Palace, o hotel que pertenceu à sua família e que foi palco dos mais excitantes capítulos da sua trajetória de bon vivant, na mais pura expressão do termo.
Passado o susto, como vai a sua saúde?
Pode-se dizer que fiquei entre a vida e a morte. Tive um aneurisma da aorta e fui operado no dia 5 de abril.
Você teve medo de morrer?
Não. A morte é a nossa única certeza, não me assusta, é natural.
O que é a vida para você?
Tem sido a realização dos meus valores. Sempre quis estar nos melhores lugares, no tempo certo e conhecendo as pessoas mais importantes. Esses contatos me levaram a 20 cerimônias do Oscar. Eu sentado na primeira fila e a Elizabeth Taylor, na terceira. Isso hoje seria impossível!
Para você, foi fácil conquistar divas como Rita Hayworth, Kim Novak e Marilyn Monroe?
Naquela época os namoros eram muito fáceis. Champagne, cheek to cheek e body to body, pronto! Assim o par se formava e não era preciso cantar a mulher. Algumas estrelas me marcaram, por outras fiquei deslumbrado. Se você saía com a Marilyn Monroe ou a Rita Hayworth tinha que se deslumbrar.
Você ainda se apaixonaria?
Tenho que ser realista, não encararia um amor nessa etapa da vida. Mas se pintar alguma coisa, estamos aí. Ainda sou um admirador das mulheres. E vou continuar assim, apoiado pelo Viagra.
E Jorginho Guinle terá um sucessor à altura?
Herdávamos milhões e a ordem era não trabalhar, não casar e não ser exibicionista. Há candidatos, mas não preenchem os pré-requisitos. Por isso, me considero o último playboy brasileiro.
3 comentários:
Requinte e elegância! Valores pouco cultivados hoje em dia! Eu ainda admiro que deles usufrui!
Bjs
Amei o livro! Acredito que devemos sempre absorver algo daquilo que lemos, mesmo que seja o que não fazer, ou, como não fazer. O livro A lição final me ajudou num momento difícil, quando eu questionava meus sucessos e fracassos...sinto muito em saber que ele não resistiu! Sou otimista e pensei que, derrepente, inventariam uma nova droga ou um tratamento que reverteria o quadro de saúde de Randy...mas sem dúvida ele deixou o seu memorial para o mundo...e não só para os filhos como pretendia.
A propósito amei o texto A Lição Final que vc escreveu a una dias atrás...
Bjs
Ai, Bia, vc é chiquérrima.
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