13.7.08

Quer um pedaço de mim?



Nos últimos tempos, tenho encontrado algumas pessoas de um passado não tão distante. A pergunta do scrip é inevitável: “E as novidades?”; “O que você tem feito?”. Ela me apavora! Sinto-me na expectativa de contar fatos incríveis para uma vida que considero extremamente comum – que, quase sempre, faz sentido para mim, oras! [risos]. Sinto falta de ter as tais novidades para dar à minha existência uma característica fantástica e irresistível que os outros – e eu mesma – esperam. Eu nunca fui óbvia ou me adequei a rótulos. E na falta de vontade de narrar um enredo em que eu seja a protagonista, tenho dito: “Já leu o meu blog?” Isso me ajuda a por em prática uma das frases que estão intimamente ligadas à minha filosofia:

“Gosto que me leiam e saibam o que acho das coisas. É uma forma de existir. Trabalho é a melhor maneira de escapar da realidade.” (Paulo Francis).

E no trabalho de escrever sobre a minha vida e os meus pensamentos aqui, acabo fazendo desse espaço um local ideal para que saibam de mim e não sobre mim.

Sabe o que rola? Estou numa fase de pensamentos profundos e quando isso acontece, você deixa de dar atenção a algumas coisas do mundo exterior e passa a se concentrar um pouco mais nas questões que dão base ao seu pensamento. E, quase sempre, o conjuntos de regras que formatam o seu interior é que te fazem enxergar [e decodificar] de uma forma específica o que acontece lá fora. Eu chamaria isso talvez de “a verdade de cada um” ou simplesmente de "ponto de vista". É um equívocoacreditar que filosofia é estagnação. Grandes movimentos geralmente são precedidos de profunda análise. Estou fazendo uma faxina no tempo regulamentar da minha existência ao desviar o foco de toda uma vida, para tentar enxergá-la por um outro ângulo. Um novo, maybe. [Quem pode dizer?]. Pode ser que eu chegue às mesma conclusões de outrora; pode ser que encontre novos espaços, outros caminhos. Todos nós estamos livres às experimentações e somos livres também para agregá-las ou simplesmente descartá-las sem que isso signifique derrota ou retrocesso. Daí, penso em outra ótima frase de Paulo Francis:


“Apenas os idiotas não se contradizem.”

Gosto de pensar que somos responsáveis pela renovação das nossas mentes. Gosto de acreditar que todos nós temos o direito de mudar de idéia. Aprecio ainda mais reconhecer que temos o direito e o dever de pedir desculpas, de assumirmos com sinceridade os nossos erros, vacilos, palavras ditas em um momento de impulso. Já fui muito partidária do “pra frente é que se anda”, do “render-se nunca, retroceder-se jamais”. Até que me lembro de Michel de Montaigne :

“À beira de um precipício só há uma maneira de andar para a frente: é dar um passo atrás”.

Baseada nesse contexto, procuro encontrar sentido numa súbita vontade de percorrer antigas estradas, agora dotada de novas idéias e experimentações. É o tal do passo para trás que tem me chamado à razão de uma existência. Sei que pode estar difícil de entender, mas para algumas pessoas esse texto fará todo sentido. O medo paralisa. A ironia é que tenho medo de ser dominada por esse medo. Porque muitas vezes, à beira do precipício, você tem que dar um passo para trás para analisar a sua real condição de se atirar nele e se sair bem nessa aparente missão de risco. Já sei que não sou dada a estagnação, embora aprecie uma rotina sem regras. O bom é que tenho encontrado em mim a tranquilidade necessária para ser ousada na medida certa.

“Tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo. A toda hora, a todo momento. De dentro pra fora, de fora para dentro”.

Sei que meus últimos textos estão parecendo um ensaio para um livro na linha “confissões das mulheres de trinta”, mas, oba, cheguei lá e com a corda toda! Assumindo as minhas diferenças, peculiaridades, fraquezas e necessidades. Aceitei o fato de que gosto da teoria, do pensamento, tanto quanto da prática. Gosto de imaginar qual é o meu papel na sociedade em que vivo. Não vejo esse desempenho de uma maneira macro, mas sim através dos pequenos grupos sociais dos quais faço parte. É nesse nicho que tenho a oportunidade de ver a consequência imediata dos meus atos refletidos na vida das pessoas. Eu não tenho a pretensão e nem a vocação de mudar o mundo, mas posso fazer a diferença naquilo que alcanço e isso inclui a mim mesma.

Há pouco tempo escrevi para uma amiga, a Morena:

"Porque tudo na vida está contido nessa relação: causa e efeito; ação e consequência. A não escolha é em si mesma uma escolha. É deixar de escolher e você paga por isso também – paga-se muito pela escolha que outros fizeram por você, e ai, não dá mesmo para reclamar ou tentar entender a profundidade da opção, não é? Se a vida é dom de Deus, a gente não pode desperdiçá-lo. Não podemos deixar para ser feliz outro dia, outra hora, em outro lugar. E não podemos acreditar que viver plenamente é ser feliz sempre, todos os dias, a cada minuto. Deus me concedeu fôlego, inteligência e preparo para eu fazer o melhor que posso com a minha vida, as minhas escolhas, os meus dons e as minhas experiências."

Queria que a vida tivesse gosto de sorvete: que até quando é ruim, é bom. Mas mesmo ela tendo sabores distintos, eu não quero deixar de prová-los, de saborear todos aqueles que me são disponíveis e me causam empatia. Quer um pedaço de mim?

3 comentários:

Saulo disse...

O título do Blog me fez pensar que vc ia falar da equilibradíssima Britney Spears ("You wanna a peace of me!")... ufa!!
Prima... são os ventos da maturidade! Sinto que sopram em boa direção!
Bjusss

Anônimo disse...

Minha coisinha lindaaaa!! ah titititi Eu li e eu entendi! hehehe
Te amo!!

Bjs

Beta Gorda!

Anônimo disse...

Foi muito bom te rever no domingo!!
Mas as saudades permanecem... :)

Bjoss