9.2.09

Para Andy - Âncora I

Para Andy - A Âncora (parte I)...


O jogo da vida fica mais interessante quando a gente começa perceber que à nossa volta tem tanta coisa boa que a gente nem prestava atenção... Eu tenho muito isso. Há o tempo em que nada me agrada, nada me consola e tudo parece apenas cinza e cinzas. Assim, do nada, as coisas deixam de me interessar. Mas existe o momento em estou “Kicking up the heels”*, agradecendo a Deus pelo ar que eu respiro, pelo colorido das plantas, pelo meu prédio ter um porteiro que não dorme à noite (pelo menos é isso que espero) para vigiar a nossa entrada e saída... A sutileza que mora nos detalhes é um segredo que se pode propalar aos ventos. Quando se está “batendo os calcanhares”*, tudo parece fácil e possível. O difícil é ter coragem para extirpar a âncora que nos prende ao fundo do mar. Cada um tem a sua e o seu jeito de resolver a questão. Se você só esperar pelos outros, vai morrer afogado, porque você nem se deu conta de que a chave para o tal cadeado que te prende à âncora está bem dentro do seu bolso... [A sutileza que mora nos detalhes].


Eu não sei o motivo de ter me lembrado da âncora para fazer a associação, mas é uma metáfora muito boa para uma série de situações que a gente experimenta ao longo do tempo. Muitas vezes, somos âncora no sentido de ser o porto-seguro de algo na tempestade. Noutras vezes, temos a âncora a “agarrar” nossa embarcação, impedindo que ela cumpra o seu destino, que é singrar os mares. Há também certos momentos em que somos nós que prendemos a vida de alguém, tornando-nos âncoras, pedras de tropeço, obstáculos ao fluir natural dos sentidos. Várias lições para um mesmo viés, não é mesmo?


Andy, eu aprendi, com certa dificuldade para falar a verdade, que Deus não faz o trabalho que nos cabe. Ele pode, mas não faz. Passei a semana com um trecho bíblico na cabeça: “ensina-nos a contar os nossos dias para que alcancemos corações sábios”. Escrevi sobre o passar do tempo aqui no Bibidebicicleta muito recentemente, pensando em como contar os meus dias. O passar do tempo torna mais sábio àquele que se atém às sutilezas da vida; mas só torna mais maduro àquele que é capaz de ousar, experimentar, se entregar.


Criar um blog e me “derramar” nele foi a solução que encontrei de não achar que a minha vida era vazia e que havia uma maneira de me “saber história”. Mesmo que só tivesse que narrar os fatos referentes ao meu tempo e não sobre mim mesma. Escrever a minha história é reconstruir a linha da vida [passado e presente]. Vida chama vida. E fui me sentindo um pouco parte da história do mundo, olhando de dentro e não como expectadora da ocasião.


Mais tarde, descobri que escrever um blog, além de auto-ajuda, também era uma ferramenta terapêutica para outras pessoas. Porque vivemos dores e prazeres tão parecidos... Minha experiência podia fazer bem a alguém. A minha palavra sobre o que já foi vivido tem a capacidade de fazer a diferença na vida dos que não têm a força de se observar porque sofrem. E quando estamos em meio ao sofrimento, é complicadíssimo "olhar além". Muitas vezes nem codificamos qual a dor da nossa alma... Até que uma palavra nos desperte daquele limbo ruidoso rumo à solução.

2 comentários:

Anônimo disse...

Já comentei no post acima, continuação desse. Mas é que fotos de cachorro são sempre bem vindas. Ahahahaha
O meu é quase igual, mas levado, nao tem cara de sossegado. E com nome de revolucionário. Giuseppe Garibaldi. Hauahuaha
bjos

Anônimo disse...

Já comentei no post acima, continuação desse. Mas é que fotos de cachorro são sempre bem vindas. Ahahahaha
O meu é quase igual, mas levado, nao tem cara de sossegado. E com nome de revolucionário. Giuseppe Garibaldi. Hauahuaha
bjos