Foto: reprodução do site EGO
X
Sabe o que é mais divertido em se ter um mapa mundial no Bibidebicicleta? É poder perceber que a internet pode espalhar as minhas letras para todo o canto. Quando se está protegida por uma tela, a gente não tem a dimensão de até onde as suas idéias podem ser levadas. E não falo só no caso de um blog...
X
X
Exemplos práticos de vida [lá vem a história]:
Essa semana eu fiquei trocando vários e-mails com uma menina supersimpática que vou chamar de Kika. A gente estava resolvendo as questões necessárias para ter o chefe dela, o artista plástico Vik Muniz, em uma das festas que a minha empresa foi contratada para convidar. Que o Vik é um artista de fama internacional, eu estava ligada. Só não me apercebi de que desde o começo eu estava trocando idéia com a Kika de computadores mais distantes que eu podia supor: eu do Rio e ela, de Nova York. Só hoje, quando ela me disse que estava no estúdio ouvindo samba enredo e que só faltava uma cervejinha, é que me dei conta [na verdade ela falou] da distância. E eu podia senti-la tão de perto. Foi uma fantástica epifanía.
X
O Caso Dois é mais antigo. Não vou conseguir me lembrar a data exata, mas acho que o ano era de 2003. E assim, lá se foi uma jornalista iniciante para a sua primeira grande viagem atrás de uma reportagem. O destino? Bahia. O local, mais especificamente, era a Praia de Santo André. Você chega a Porto Seguro [sem crase] e ainda tem que pegar um barco para chegar até a ilhazinha que serve de 'locação' para o resort, cenário do fato [essa viagem toda, porque eu ainda não falei que a gente teve que ir primeiro a Salvador (sem crase também), em uma conexão nada básica/lógica para voltar para Porto Seguro em uma aeronave menor]. Bem, bem...
X
Eu e o fotógrafo chegamos ao hotel. Eu, mareada como sempre fico com qualquer balancê do mar [tenho justificativa para tal, vivi uma história estranha, mas é papo para outro post]. O hotel era lindo. Era também uma espécie de volta no tempo. Um design meio espanhol antigo, saído dos filmes de Zorro, talvez. Contudo, absolutamente moderno. Cabanas na lateral direita, davam a outra área um estilo vila de pescador. Eram os quartos mais caros.
X
Fui muito bem recebida. Tudo me deslumbrava. Lembro de estar preocupada, porque teria muito trabalho pela frente [Agora, que tudo me volta à mente, fico me perguntando: porque eu focava no resultado e não desfrutava do caminho que leva até ele? Coisas de iniciante; cascas que trazem a pseudo-tranquilidade de hoje]. Mas a visão era um desbunde, tenho que confessar. Uma camareira foi destaca para me acompanhar até o quarto. Mulher sorridente e hospitaleira [daquelas que gostam de agradar alguém que faz alguma coisa que ela conhece]. Não lembro o seu nome, mas lembro de sua frase e expressão:
X
- Ah, você é que trabalha na Revista TAL?
- Sim, sou eu.
- Ah, deve ser muito legal. Eu leio a Revista sempre.
- É bom sim. Trabalha-se muito. Mas sem dúvida é legal.
- Ah... Eu leio sempre, porque a minha filha assina. Ela gosta muito das reportagens da XXXX XXXX.
- É? [risos nervosos]. Sou eu.
- Nossa? Sério? É você?
- Sou eu. [E a cabeça rodando: 'meu Deus, alguém nessa ilha de pescadores lê o que eu escrevo. Não estou protegida pela tela do computador. Agora ela viu a minha cara! Estou perdida! O nome tem um rosto! O que eu faço? O que eu faço?']
- Ah, mas menina! É um prazer te conhecer! Todo mundo lá em casa é seu fã. A gente adora o que você escreve.
X
E nisso fui chegando ao meu quarto, querendo arrombar a porta e me esconder ali [sem falar que durante toda a temporada topava com adeuzinhos e sorrisos todos os dias, em vários corredores, na hora do café, do almoço, de arrumar o quarto. A moça parecia do quadro 'câmera escondida'. Era o meu doce chulé baiano]. Bobagem, né? Mas era o que eu estava sentindo na época. Talvez aquele fosse o instante de realizar a diferença entre escrever para os amigos, quando na escola, ou para o Esmê, meu editor, ler e corrigir. No fundo, no fundo, a sensação era a de que ele lia e pronto. Porque nem a minha família comentava muito. Minha mãe, por exemplo, só via as fotos [hahahaha pobre de mim]. Ali era real. Uma mulher que recebia a Revista TAL de barco, minha gente!
X
Tudo bem. O Caso Dois não é relacionado à internet; mas tem relação com a viagem que a palavra faz e a gente perde o controle.
X
Nesse mapa que eu consegui colocar [sabe Deus como!], cada pontinho vermelho representa uma região acessada por um leitor. Isso me estimula e me assusta. E dito isto, confesso que tenho mais vontade ainda de escrever sobre as coisas do Brasil. Sobre o ritmo ditado pelo Rio de Janeiro aos seus iguais [e aos nem tanto]. Quando conto sobre o meu finde [fim de semana], por exemplo, não quero apelar para o estilo diário de uma adolescente grande, mas narrar as atividades que me são oferecidas e escolhidas e que podem dar um panorama diferente para quem está lá fora, com saudade do que temos aqui dentro. Como a Sah [seguidora, ciclista oficial], por exemplo, que se atualiza de alguns esqueminhas por aqui.
X
E que esse vento high-tech leve a minha semente para bons lugares. Solos férteis que reproduzam paz, longanimidade, amor, união, vontade de viver o que é certo e de se assumir com alguém que tem muito a oferecer a a aprender. Assim eu sou. Assim me proponho a me doar. O próximo estágio é com quem consegue enxergar a humanidade que existe do outro lado da tela.
X
Um dia de paz para todos!
7 comentários:
1 - "Agora ela viu a minha cara! Estou perdida! O nome tem um rosto! O que eu faço?" O certo é "O nome tem uma CARAS!" HAHAHAHA(ok, infame, mas irresistível!)
2 - É bom ser reconhecido, né? Quase morri de ego alto quando cheguei no Beto Carrero para o grande encontro do CBMR e várias pessoas vieram pedir para tirar foto comigo. Sem contar que dei 5 entrevistas para TV, uma delas ao vivo.. hehehe
Mas ainda não dou autógrafos, não insista, por favor.
3 - What a F**K is "longanimidade"??? Sou apenas um 'fazedor' de montanhas russas, perdoe minha ignorância literária.
bjooooo
Lucas,
Eu ainda não me sinto confortável em ser reconhecida. Prefiro ser lida. Nunca achei quediria isso, porque quando nova, queria ser atriz. Oh, God! Hoje fico nessa luta do rochedo com o mar. Mas o mar das palavras anda vencendo de lavada.
Antes nem colocava fotos minhas por aqui. Andei refletindo que a mão que escreve tem um rosto. E esse rosto é a empresa de mim mesma.
Longanimidade - ânimo longo, que tem grandeza de ânimo, generoso, complacente, benévolo.
Oi Bibi, passei um tempo sem comentar, mas como vi meu pontinho no mapa, cá estou de novo. Uma vez falei da "árvore fraternológica", que me fez chegar até aqui, mas nao dei nome aos ramos e entao lá vai. Tudo comecou com MATE, PAO DE QUEIJO E ALGO MAIS, blog de uma amiga de infancia, lá vi na lista dela MACAQUINHOS NO SOTAO, achei o nome interessante e fui conferir e lá ela falava do seu blog, pronto. Comecei a ler e nao é que virou parte da minha rotina cibernetica. Gosto do seu estilo de escrever e da sua hospitalidade virtual. Ah! E a partir daqui tbm achei o VARANDA. Que tbm é muito interessante. Gosto das letras, apesar de viver da matematica, mas é isso aí, soma-se daqui, subtrai-se o que nao é do agrado dali, multiplica-se idéias e experiencias acolá e divide-se aqui. E se achar pouco joga numa derivada e integra-se tendendo ao infinito.:-) Desejo a voce uma boa escrita e agradeco pelo espaco.
Ah! Meu pontinho é o Kempten - Bayern.
Abraco
Natália (tiraram o acento do meu nome, nesta reforma? Espero que nao)
Suas histórias são sempre hilárias! Preciso passar todo dia por aqui pra rir e me divertir. Bjs!
Opa, post bem bom, sô! rsrs
Tb me paro pra perguntar como as nossas palavras em matérias voam... Foi assim que fiz amizade com aquela antropóloga que vc já mencionou aqui, ela viajou pra paris no mesmo dia que eu. Nos tornamos mais proximos qd ela disse que me lia, uma surpresa e tanto. Por ela ser antropologa (!!!)e por morar em lisboa. As palavras voam!
Quando leio e até comento e tem uma resposta ou um comentario do comentario feito sinto como se estivesse ai bem proximo ouvindo as palavras e olha que daqui ai são +ou- 950km
Viva a interatividade.
Muito parecida a historia da Natalia com a minha do encontro com o bibi de bicicleta.
Abraços
Como me sinto feliz de ser seu primo! Nossa família tem dessas coisas gostosas... tudo na vida se transforma num "causo" cômico! Não conhecia este episódio com a camareira... adorei! Mas um "causo" de minha prima "reporter descoladinha" pra eu contar para meus amigos!
Te amo
Postar um comentário