Para Andy - A Âncora (parte 2)...
(CONTINUAÇÃO)
Vivemos um tempo de falta de fé (não falo especificamente sobre religião). A falta de fé nos leva à falta de coragem. A falta de coragem nos leva a seguir os mesmos passos; que nos leva à tristeza da repetição robótica; que nos leva ao congelamento da alma e do coração... Para sobreviver. É o desligamento dos sentidos para que a respiração seja mantida. Inspirar e expirar.
Angústia é fruto do medo. Desamor é fruto da falta de coragem de ser espontâneo. Somos um bando de desacreditados, quando pensamos que não podemos fazer diferente. Somos chamados a ter confiança todos os dias e a abraçar o imponderável com muita frequência. Mas o conforto é o que confronta a fé. E o que é confortável sempre nos parece tão mais seguro e, portanto, tão sedutor.
Gosto muito dessa palavra: sedução. Cada um tem a sua interpretação sobre ela, embora o “Aurélio” nos deixe claro o seu significado. Sedução para mim é uma grande brincadeira. É tirar levemente do eixo, é chamar para o jogo, é vestir-se de você mesma com o que há de mais alegre e prazeroso. A gente seduz e é seduzido o tempo todo. Ou deveria. A brincadeira, no entanto, é perigosa, porque há os que não sabem se deixar seduzir e acabam saindo totalmente do eixo. A ideia da brincadeira é apenas balançar as estruturas. Há os que pensam que já não possuem mais as “pedras” certas desse tabuleiro. Aí... Aí a vida fica tão sem graça. A cada dia aprende-se novas regras desse jogo. Mas, pensa bem, a sua vida tem que estar plena desse elemento sedução. Você tem seduzido e se deixado seduzir? Você tem brincado com os joguinhos que a vida te dá ou fica no canto lamentando a falta de "oponentes" nesse game?
Quem te tirou do jogo, Andy? Foi o outro ou foi você que desistiu de tentar alcançar um número alto nesse dado? Quem é essa âncora que te prende em um instante de mágoa que não passa? Ou que finge passar? Atenção igual a que você dá, nunca terá de volta! Escreve ai: NUNCA VOU TER A MESMA ATENÇÃO QUE DOU. Não se trata de uma das Leis da Física. Atenção é igual ao amor que você dedica a alguém sem esperar o mesmo em troca. Não falo de relação. A relação compreende outros sentimentos tantos além do amor, embora ele seja a liga de todos os outros (talvez até os ruins, quando são deturpados - como o "malmar" explicitado pelo poeta). Atenção você dispensa. Carinho você quer de volta. Somos seres que necessitam abundantemente de carinho. Ninguém quer ficar com alguém que maltrate; mas há também os que não sabem retribuir da maneira pela qual você especificamente espera. E ai? O que fazer?
A gente se afasta da âncora que nos prende, mas jamais podemos perder de vista a âncora que nos dá a estabilidade de um porto seguro.
O que eu espero de você com tudo isso, Andy? Eu só espero poder te ajudar de alguma forma e me tornar, de algum jeito, especial na sua vida (sempre há a troca, mesmo que seja de intensidade e/ou natureza diferente). Ponto. Mesmo que um dia a gente deixe de trocar essas linhas. Eu não espero a sua amizade, mesmo que a tenha, mas espero o seu sorriso sempre que a encontrar.
Com Amor,
Bibi
4 comentários:
Não sei se Andy existe, mas tão sábias palvras servem a qq Andy no mundo! Quem sabe Andy também sou eu?! Bjuss
A Andy existe sim. Mas são palavras de consolo e alerta para situações que todos nós vivemos. Escrevo para os outros palavras que são ecos para a minha própria vida tb!
E não, eu não vi Procurando Nemo. Devo ser a única num raio de zilhões de km que não viu...
Gosto dessa frase, em especial, num texto tão bonito.
“A gente se afasta da âncora que nos prende, mas jamais podemos perder de vista a âncora que nos dá a estabilidade de um porto seguro.”
Sou do time dos que não têm religião, essa dos homens, da interpretação pessoal do homem – de um para vários, essa que diz e muitos obedecem sem questionar, sem levantar a voz, abaixando a cabeça. Mas concordo que a fé é mutável, crescente, combustível para nossos atos e ações. Se não, não sairíamos do lugar. Fé de vencer, de viver, de que tudo vai mudar, de que vale a pena, de que há um motivo maior por trás ‘disso tudo que taí’.
Eu perco a fé muitas vezes. Perco com frequencia a fé nos amigos, no trabalho e num monte de coisas. A única coisa em que eu não perco a fé são os meus sonhos. E sigo kicking up the heels e indo pro meu mundo de parques de diversões.
Por isso nunca perdi a fé no Beto Carrero, que nunca perdeu sua fé e que fez do impossível, possível.
E nunca perco a fé em você, que está sempre ao meu lado, me lembrando que é só bater os calcanhares...
Te amo!
Beijão!
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