Fazia tempo que eu não ia ao teatro. Não tanto tempo a ponto de eu mesma me rotular como "uma grande aculturada", mas tempo suficiente para sentir no peito a expressão: "Deus, como é bom estar aqui" - quase sussurrada ao meu ouvido. Teatro é uma experiência viva, forte, dotada de grande intensidade, quando nos deixamos envolver até pela respiração de quem está no palco. Claro, quando texto e atuação nos convidam a essa tal viagem. Quase sempre é uma questão de encontrar o ponto certo; o seu ponto de convergência.
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A foto não deixa mentir: fui ver a peça "Restos", um monólogo com o Antônio Fagundes que está em cartaz aqui no Rio. O que também não deixa mentir é o anúncio que fiz há alguns posts atrás sobre o programa. E nele eu comentava que estava indo na companhia da Marina W, a musa, que foi quem, aliás, encontrou e postou essa foto espetacular do ator, que ilustra o texto.
Não queria falar do espetáculo, porque acho realmente que é uma experiência individual. Esse mais ainda. É Neil Labute, um cara que deixa a batata quente no colo do público nos momentos finais. Mas posso comentar sobre as coisas que cercam a experiência de ir ao teatro ver um cara que se dedica ao ofício há 44 anos. Dito por ele. Não gosto do Antonio Fagundes por um fato pessoal, mas negar o seu talento no palco seria uma super injustiça da minha parte. Uma ignorância até. Cada sensação em seu devido lugar, certo?
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E fiquei ali, na primeira fila - lugar escolhido pela MW, porque a minha timidez me impediria de ficar assim de cara para o gol por opção própria - totalmente exposta, vulnerável, atenta às mínimas gotas de suor que jorravam. O "ar de montanha" estava com defeito. Eu não achei assim tão desagradável, mas o "povo de mais idade" reclamou muito. E você sabe que a reação da plateia muda diante de acontecimentos como esse?! Poucos risos - segundo o próprio. E eu ali preocupada se suportaria bem mais de uma hora de monólogo.
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Bom, "com efeito" (frase master do personagem) tenho as minhas observações.
1) Um monólogo com um ator médio não é possível. Fafá arrasa!
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2) A peça começa num breu tão intenso, que me deu medo. Segurei o braço da MW, com medo de ser abduzida dali #de verdade da série confissões inconfessáveis.
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3) Ele fuma em cena. Eu detesto cigarro, mas o cheiro não me atrapalhou em nada. Fui com a certeza de que era um elemento dispensável, mas me convenci de que dentro do contexto o cigarro é aceitável. Mas sou radicalmente contra o vício; não contra quem não consegue vencê-lo.
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4) Existe um momento em que ele fica mudo. Mudinho, mudinho. Quieto. Parado. Trabalhando só em pequeníssimas expressões. Estava na fila da frente, né? GELEI! Não tirei os olhos do homem nem por um segundo. Caramba! "Com efeito" nunca vi uma cena teatral assim. Nada a dizer e tanto a comunicar... Wow!
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5) Ao final da peça ele promove um bate-papo com a plateia. Pede 10 minutos e volta outro. Outra roupa, banho tomado, lívido. A experiência é ótima, porque a gente começa a pensar outros pontos da peça. O teatro fica mais vivo e mais rico dentro de você. Não porque alguém mastiga os pontos de vista - o que até acontece - mas porque você é instigado. Ele disse que faz isso sempre. Eu já vi peças dele que não rolavam o "chat after". Foi uma bela experiência e uma ótima iniciativa. Ele deixa que a público faça perguntas. E eu, tímida sem o bloquinho na mão, não conseguir perguntar quem cuidava dos pés dele. A peça é encenada com ele descalço. Que pés finos, limpos e bem cuidados. Palmas para a pedicure do Fagundes, ela também dá show!
3 comentários:
:O)
:* :) ;)
Amo o Fagundes, desde os meus 15 amos... 30 amos de amor platônico...
Realizei sonhos abracei,beijei,(cheiroso)fiz foto com ele... Valeu a espera!
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