1.2.10

Tem coragem de abrir as cortinas?


Quem nunca viu o filme "Matrix"? Eu lembro onde estava e com quem estava quando assisti a primeira sequência da trilogia que conta a saga de Neo. É fato que custei a compreender o enredo e demorei um pouco mais a gostar do filme (tenho que dizer que não sou intelectual de carteirinha, não raro eu “gramo” muito para pescar o sentido das coisas, às vezes óbvias). Também me recordo que uma vez compreendida a trama, fiquei meio fascinada pela ideia de "Matrix" e aprovei as sequências seguintes - Reloaded e Revolutions. Com gosto e expectativa. Não concordo com as teorias, mas elas me fazem pensar muito. E de maneira gostosa. Não refuto.

Dentro da segunda seqüência de "Matrix", o Merovíngio, retratado como um dos vilões do filme (mas que no livro "O Santo Graal e a Linhagem Sagrada" se reivindica que eles, os Merovíngios*, sejam descendentes de Jesus; assim como no filme "O Código Da Vinci"), se refere a "causalidade" como a regra única que rege o universo. Eu acredito em algo que está acima daquilo que possa parecer casual. Creio em alguém que rege toda essa circunstância, deixando ao indivíduo a livre escolha para viver a causa e sua consequência, que é uma das regras da casualidade aplicada na Física e teorizada através da Terceira Lei de Newton (sujeito cabeçudo!).

A casualidade da vida é uma circunstância que já deve ter mexido com cada ser uma na face dessa Terra. Eu acredito nisso. Não teorizo isso, porque não tenho como provar. Mas acho até que o índio perdido no cafundó do Amazonas, numa daquelas tribos ainda não exploradas pelos ditos civilizados, a seu modo deve ter experimentado e pensado – segundo sua faculdade – sobre fatos casuais.

Adoro cruzar com alguém “por acaso” e perceber que tempos depois aquele encontro parecia estar escrito nas estrelas. E não falo apenas daqueles caras que me fizeram ver estrelas (alguns me levaram à lua também), mas de todas as pessoas de que de alguma forma contribuíram para a construção do meu caminho e a formação das minhas escolhas. Somos todos parceiros na elaboração do roteiro da vida. Sim, de alguma forma e em graus individualizados.

Mas sabe outra maneira de perceber a casualidade das coisas que me encanta demais? Pequenos atos que só servem para tornar o seu dia mais feliz. Como?! Vejam vocês... Hoje mesmo, logo pela manhã, eu contei sobre um sonho muito bom e real que tive. Esse sonho coloriu a minha manhã e sai para trabalhar radiante. Não fui para a redação. Fui para um hotel, onde tinha uma entrevista marcada. Ao entrar pela porta principal desse hotel, duas crianças LINDAS correram na minha direção. O menino me entregou um papel todo dobradinho.

Bibi – É para mim?
Menino (balança a cabeça afirmativamente e abre um enorme sorriso)
Bibi – Obrigada!
Menino (virando-se para a menina que o acompanhava, antes de sair correndo com ela) – Viu? Eu sou o mensageiro!

Eu não sei se ele estava brincando de ser como o mensageiro do hotel. Só sei que para mim ele foi um grande mensageiro:

"Para ser feliz é preciso tão pouco. O importante é arrumar a casa por dentro, que os raios de sol entrarão pela janela para iluminar as cores que você escolheu para a sua sala. Eles sempre estiveram lá, mas só percebe quem tem coragem de abrir as cortinas e escancarar as janelas!"

* Os merovíngios foram uma dinastia que governou os francos numa região correspondente à antiga Gáliada metade do século V à metade do VIII. Eles eram citados às vezes por seus contemporâneos como os "reis de cabelos longos", por não cortarem simbolicamente os cabelos. Jesus era nazireu, ou seja, fez um voto de consagração a Deus e em virtude disso devia abster-se de tomar certos alimentos e bebidas fermentadas, de cortar o cabelo e tocar em cadáveres.

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