Ama além dos olhos, por cima de máximas subjetivas

Tenho uma amiga muito especial, Bia Bacana. Sim, mais uma Bia na história desse latifúndio. Somos muitas e vamos dominar o mundo. Não por hora :) Bia Bacana não entra aqui sempre e comenta vez ou outra. Mas sempre que aparece, me brinda com uma pedalada de carinho imenso. Dessa vez ela escreveu um comentário sobre esse texto aqui.

"Gostei muito do que você escreveu. Mas tenho um problema com a máxima: o amor é cego. Acho que o amor vê a pessoa como ela realmente é e ainda assim, ama! Amo-te!"

Bia Bacana, eu concordo com o que você disse. Achei linda a conclusão sobre ver os defeitos e as virtudes e ainda assim continuar amando. Às vezes até por isso mesmo. Eu, por exemplo, nunca estive atrás de alguém que não precisasse de mim para nada além de contemplação e troca de interesses. Quero alguém que cuide de mim e que eu também possa cuidar. Saca a história da necessidade que gera o crescimento? Saca a história de crescer juntos, mesmo que em pólos opostos da vida? Saca a história de depositar confiança e querer estar perto por um escolha interna?

Eu sei que você saca isso tudo. E vou além... Existiu uma fase da minha vida em que eu apenas fazia essa leitura: "o amor tem mesmo que ser cego para não ver os meus defeitos". Hoje, eu faço uma interpretação completamente diferente desse dito popular. O amor é cego para as convenções sociais, porque a felicidade de um encontro não se explica através de nenhuma regra estabelecida por homens. O amor é cego para suposições e achismos de terceiros, porque só quem vive o amor é capaz de compreendê-lo e saborea-lo em sua multiplicidade e até incoerência, muitas vezes. A gente ama "apesar de" e "ainda que". A gente (ou deveria amar) um conjunto e não suas especificidades ou especialidades. A gente ama além dos olhos, por cima de máximas subjetivas, além da consciência pasteurizada, muito além do óbvio e até de nossos próprios preconceitos, porque uma vez que o amor se instala, ele derruba qualquer barreira. O amor deveria ser cego para as falsas emoções que vêem de fora e não para o que está por dentro de um encontro. O amor tem que ver com os olhos do coração e ser iluminado pelo amanhecer da mente pensante. O amor também é uma decisão, muito mais que uma escolha.

Amo-te também, Bia Bacana!