22.12.08

Fazer Diferença

Quem leu o post abaixo, pode ter certeza de que estou na fase “I Love you baby”, mas que sei esperar pelo tempo certo das coisas. Cada sonho e decisão têm seu tempo exato de maturação e desenvolvimento. Fato explicado, não impede que eu continue escrevendo sobre crianças. Aliás, o término da semana/ início do fim de semana se resumiu a uma dose cavalar de pequenos. Na veia!


Todas as Fotos do post são de Claudia Novaes

Sexta-feira foi aniversário do Noah, filho da Dani Winits e do Cassio Reis. Para celebrar o primeiro aninho do pequeno, o casal de atores resolveu fazer uma festa solidária no Educandário Romão Duarte – uma espécie de orfanato na zona sul carioca. Ao invés de presentes, os convidados foram estimulados a levar doações de alimentos e fraldas.

Cheguei antes do horário marcado para a festa, porque estava lá a trabalho, não como convidada. Depois de me encantar com a decoração [foi inspirada na Arca de Noé e tinha como tema A Arca do Noah, Noé em inglês], fui conhecer as dependências da instituição.

Sem palavras. Não posso resumir o trabalho daquelas pessoas. Não conheci todos os cantos do lugar, mas fui levada direto para a sala dos recém-nascidos e crianças até dois anos [as que estão aprendendo a andar e as que já dão os primeiros passinhos delicados]. Tem gente que acha que vai chorar; há os que se eximem da visita e da participação por conta dessa sensação. Eu fui. O que me assustou foi a quantidade de bebezinhos, sozinhos, cada um em seu bercinho. Mais de dez, sem exagero. Todos dormindo o sagrado soninho pós-almoço. Olhei pelo vidro, porque a gente não está autorizada a pegar, tocar. O mesmo com os de até dois aninhos. Meus olhos foram capturados pelos de uma menina mulatinha, que estava de saia jeans e blusa de listra. Ela me olhou pelo vidro e soltou um sorriso tímido, desviando, então, o olhar. Eu quis pular ali dentro, claro. Mas, inacreditavelmente, não fiquei com aquele gosto de guarda-chuva na boca. Apesar de a situação toda ser muito injusta, as crianças são super bem-tratadas. Triste eu fiquei no orfanato que visitei no interior de São Paulo, mas isso já é outra história.





Os internos foram convidados a participar da festa do Noah. E foi justamente a tal menininha de saia jeans e blusa de listras que precisou de ajuda para subir a escada que leva ao salão principal. Ela não apenas se deixou segurar pela mão, mas também pegou a minha com firmeza e só soltou um tempão depois. Enquanto pude, mostrei a ela a decoração do local. A “pegada” da sua mãozinha me deu a dimensão da necessidade de atenção exclusiva que essas crianças têm. Mais uma vez, elas são muito bem tratadas, um número bom de monitoras amorosas, mas ainda assim, nada substitui o estímulo individual, a atenção focada, o exemplo. Quero muito voltar lá. Quero muito tocar outras pessoas, para que elas façam o mesmo [em presença ou em doação em espécie ou de talento]. E não quero ter que mencionar as histórias trágicas que eu ouvi ali; resumo de uma vida cruel, para tipos que mal começaram a delinear a sua trajetória. Há coisas de difícil compreensão, principalmente quando humanos são mais bestiais que os ditos animais irracionais.

O aniversário do Noah foi um sucesso. Eles arrecadaram uma tonelada em doações, entre mantimentos, leite e fraldas. Todos se divertiram muito. Uma tarde feliz. Alguns ali são apadrinhados, vão ganhar presenteS de Natal. Porém, a assistente social me contou que TODOS acordarão no dia 25 de dezembro com um presentinho ao lado da cama. Fiquei extremamente tocada.





Se você puder contribuir, não deixe de fazer. Em dezembro chegam muitos presentes. Em janeiro, todos os tipos de doação praticamente somem, porque as pessoas têm que pagar todas aquelas contas, colégio, material escolar, etc. Há bem pouco tempo, por exemplo, deu um surto de piolho por lá [o que é supernormal em crianças. Ainda mais, porque há os internos e os que apenas passam o dia] e não havia verba suficiente para um tratamento, digamos, mais eficiente. Mas quando o homem falha, Deus ajuda. Não duvide. Eu não duvido.

Clique aqui para conhecer a instituição: www.romaoduarte.com.br

Um comentário:

Saulo disse...

Eu já estevi na Romão por 3 vezes! Duas fui como voluntário para entrega de doações e uma como convidado de uma celebração. Realmente o trabalho deles é muito bonito e vale a pena ajudar!