Fiz um texto bem elaborado há cerca de um ano [ou mais] atrás. Selecionei alguns poucos amigos do círculo mais íntimo e mandei por e-mail.
Foi assim que o embrião do Bibidebicicleta começou a crescer. Queria um espaço maior, onde mais gente pudesse ter acesso ao que escrevo. E que tivesse a facilidade de voltar sempre que necessário ou desejado. E que também servisse de fonte para amigos dos amigos. Minha prima Anjinha encontrou conforto em um texto postado aqui. Meses depois, ela mandou esse mesmo texto para uma amiga que precisava. A corrente do bem é assim.
Essa semana, organizando meus textos, encontrei um antigo que me fez muito sentido. Tive o desejo de dividi-lo com mais gente. I AM SORRY, se você já leu [mesmo, sem piada ou ironia]. Eu, que geralmente não me atraio por textos requentados, encontrei acalanto num dos meus. As palavras tem forças próprias e escapam até a minha própria percepção. Tinha que postar isso... Então, lá vai:
O sentido da saudade
Toda palavra tem um sentido, mas nem todo sentido encerra o real sentimento que temos em relação a tal palavra. Um exemplo? Saudade. Será que existem palavras suficientes que possam descrever o peso desse sentimento?
Segundo o dicionário Aurélio: Saudade é a lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave de pessoas ou coisas distantes ou extintas, acompanhada do desejo de tornar a vê-las ou possuí-las.
Você tem saudade de que?
Estou há semanas sem escrever. E por uma vontade involuntária, quebrei a minha intenção de elaborar e mandar um texto semanal àqueles que se interessem em saber de mim – não sobre mim. Não considero isso uma quebra de uma promessa, mas de uma intenção de manter o coração dos meus amigos sempre aquecidos. Senti saudade de escrever, mas não é dessa saudade que quero falar agora.
Existem épocas da vida em que a gente simplesmente deixa de lado atividades corriqueiras. Sem motivo aparente. Foi o que aconteceu comigo. Parei de escrever. E nesse tempo de ausência de sentidos, procurei saber de mim; busquei pesar os sentimentos e a falta deles. E fazer uma viagem ao seu interior não é fácil. Sinto que ainda estou no começo de tudo, que não fui fundo; mas, descobri que a primeira capa que me encobre de mim mesma é a capa da saudade. Sinto falta de tanta coisa... De gente que já se foi; de gente que está ai, mas não está nem aí para mim; de gente do passado; de gente do presente. Engraçado: às vezes, sinto mais falta dos sentimentos que de pessoas que o despertaram. Foi com muita dificuldade que aprendi que o tempo é capaz de roubar de nós valores raros.
Que saudade é essa?
Muita gente já tentou definir o que é saudade:
* A saudade é um sentimento do coração que vem da sensibilidade e não da razão. (Dom Duarte)
* Como é bom contemplar o céu, interrogar uma estrela e pensar que ao longe, bem longe, um outro alguém contempla este mesmo céu, essa mesma estrela e murmura baixinho: "Saudade!" (Anônimo)
* Quando a saudade é demais, não cabe no peito: escorre pelos olhos. (Anônimo)
* Saudade são águas passadas que se acumulam em nossos corações, inundam nossos pensamentos, transbordam por nossos olhos, deslizam em gotículas de lembranças que por fim, morrem na realidade de nossos lábios. (Anônimo)
O tempo passa voando pela nossa frente. Eu já estive pensando no que fiz e no que deixei de fazer por negligência, desconhecimento, descaso ou falta de tempo e oportunidade. Tenho muita saudade do que já fiz, de quem fui, de quem passou, mas não tenho o desejo de voltar.
Estive conversando com um amigo sobre um tempo mágico que a gente viveu junto. O que ficou foi a saudade. Essa tremenda experiência nos transformou e foi tão forte que chegamos à conclusão de que agora ela é um tipo de fardo, que vamos ter que aprender a viver sem [ou com o fardo]. Saudade de um tempo que não volta mais. No fundo é sempre assim.
Fiquei pensando: quantas pessoas têm a chance de experimentar momentos espetaculares e tão decisivos em suas vidas? Por um segundo me achei especial. Cheguei à conclusão de que experiências são ofertas que a vida nos apresenta a toda hora, em qualquer lugar. Grandes momentos estão disponíveis a todas as pessoas que tenham vontade, visão, coragem de ir além daquilo que se espera e que se conhece. São esses acontecimentos que nos ajudam a formar a nossa própria história. É assim que preenchemos a linha do tempo.
Mas por que tem tanta gente que acha que não viveu nada? Os grandes momentos são aqueles que ficam guardados no cantinho da memória e eles acontecem quando temos um olhar diferente sobre nós mesmos, sobre o nosso momento e aquilo que queremos ser, viver, eternizar.
Ultimamente tenho achado que a vida me oferece uma sucessão de cartas marcadas. Infelizmente esta é a minha tendência de projetar os acontecimentos para o futuro e achar que o presente é apenas uma realidade mutante, pulsante e passageira. Porém, durante esse período de afastamento das letras e de mim mesma compreendi que grandes mudanças geralmente não acontecem através de grandes eventos. A mudança se dá passo a passo e não num passe de mágica.
A vida é um pacote que deve ser embrulhado com amor. E o amor é um sentimento que não pode esfriar em nossos corações, mesmo que o tempo seja capaz de roubar os nossos valores mais raros.
5 comentários:
Olá, estava passeando e acabei por encontrar teu blog. espero que nao tenha visto isso como uma invasao.
Vim só para dizer que gostei muito deste espaço e imagino que voce seja uma pessoa muito madura e experiente.
Fica o convite para me visitar se se interessar assim que possivel. Grande abraço...
aiii fico tao feliz qdo tem coisa nova aqui a cada dia! hehehehe
Ai ai... saudade!
SAUDADESSSSSSSSSSS
adorei!
tava morrendo de saudade de vir aqui!
bjoo
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