11.5.09
Casos de Família – O Sítio
Casos de Família – O Sítio
Levanta a mão direita aqueles que gostam de acordar sábado às cinco da manhã? Agora, levanta a mão esquerda quem faria esse sacrifício extremo em prol de uma viagem pequena para dentro do Estado? Agora dança a macarena quem efetivamente já realizou esse ato que a mente diz que é possível? Meus pais. Sempre eles, em mais um caso de família. Escuta só.
Sexta-feira à noite, minha Mãe começa a mexer nas panelas. Eu estranho. Já não gosta de cozinhas pela manhã, o que estaria fazendo, panelando, àquela hora? Mistério solucionado pela própria:
Mãe: Estou arrumando a minha marmita.
Bibi: Marmita? Para que? Você só come fora!
Mãe: Amanhã eu e seu Pai vamos fazer um piquenique.
Bibi: Sério? Que legal para vocês!
Mãe: Vou colocar o nosso farnel nessa embalagem em bonita.
Bibi: ZZZzzZZz {uma panela preta pequena inoxidável me olhava. Quer dizer, eu olhava para ela}
E foi assim que os meus dois ‘coroas’ foram dormir às 22 horas {justamente quando a minha inspiração começa a bombar!}. Só então explicaram, a contento, a natureza do passeio. Eles levantariam às cinco da manhã para passar um dia em um sítio com outras famílias da igreja que freqüentam. O ônibus sairia de um lugar determinado às 6:30 da manhã para um destino a apenas uma hora e meia da casa deles! Agora me diz: para que tão cedo?
Bibi: Pai, você acha que existe a possibilidade desse ônibus sair tão cedo?
Pai: Vai sair no horário combinado e quem não chegar, vai ficar para trás...
É sempre a mesma coisa. Ele sempre diz isso. Ele é sempre o primeiro a chegar. E sempre espera horas, por aqueles que têm um pouco mais de bom senso e acreditam que 6:30 da manhã não é horário de ser humano. Só do cantar do galo {quando muito!}. E mais uma vez, a minha Mãe acompanha essa velocidade do meu Pai numa calma que só a convivência de anos pode trazer. Ufi!
Agora veja você: um lugar tão perto. Uma gente que você vê sempre. Sem infra-estrutura, a ponto de você ter que levar seu próprio almoço e, claro, tem que ir sabendo que você vai virar almoço de mosquito {mesmo besuntado de repelente}. Qual a graça? Bem, deve ser a mesma graça que vejo em sempre encontrar e testar uma nova montanha russa por onde quer que eu vá. Eles foram para a aventura deles. E, sim, o ônibus saiu com mais de uma hora e meia de atraso. Sim, eles chegaram ao ponto de encontro antes mesmo do pessoal da organização.
Chegando no sítio, todo mundo meio morto. O soninho da viagem nunca é suficiente. A alegria suplanta a dificuldade. Vamos celebrar a nossa falta de estrutura. EEEEEEE! Organiza-se, então, uns times de futebol. Vesgos X Pernas de Pau; Mulas sem Cabeça X Pernetas. A partida foi duríssima. Difícil de jogar, mais difícil ainda de assistir. A torcida da terceira idade tinha que segurar a dentadura na hora de vibrar por um lance mais bonito. A sorte é que foram poucos. Ninguém voltou para casa banguela. No final, os vencedores receberam a medalha de ouro e a de prata foi para a torcida, pela paciência de ficar ali até o final do partidão.
Meu Pai volta para casa todo sorridente com aquela medalha de prata pendurada no pescoço. Cardíaco grave e recém operado, já pergunto, ensaiando ficar furiosa:
Bibi: O que é isso no seu pescoço, mocinho?
Pai: O jogo estava tão ruim, que quem conseguiu ficar até o final, ganhou uma medalha de honra ao mérito.
Bibi: [risos] E como é que você conseguiu?
Pai: Dei uma cochiladinha, sentado na cadeira, em uma sombrinha boa mesmo que encontrei ali.
Garoto Esperto!
[corta para Minha Mãe]
Dona Moça não gosta de assistir futebol. Estava na companhia de sua amiga, Creme de Pão {eu a chamo assim, porque o nome dela parece com uma daquelas marcas de patês de passar em pão, sabe?}. Creme de Pão é soltinha. Até demais. Chegou ao sítio e já se enfiou em um maiô. Estava com muita vontade de pegar sol. Acho bárbaras essas pessoas que nem ligam para as adjacências adiposas que a vida vai conferindo ao longo dos anos. Creme de Pão rocks aos 76 anos. Mommy rocks too. Conclamada pela amiga, venceu a timidez e desfilou seus furinhos em pele alva {celulite = gostosa em braile} pela piscina. Arrumou logo uns netinhos emprestados para dar aquela sensação de “é pelo bem do próximo”. Com eles ficou dentro da água. Chegou ao lar de nariz vermelho, tal qual uma rena de Papai Noel.
Antes, porém, protagonizou o momento bizarro do dia. O ônibus parou em um lugar estranho para as pessoas embarcarem. Minha Mãe é lentinha, mas gosta de ser a primeira a fazer as coisas, mostrar ousadia. Encaminhou-se para o busão e não se deu conta de onde estava a porta de entrada. O que fez? Pediu ajuda? Não ela! A Super Garota Branquinha. Resolveu tentar subir em uma mureta, para poder enxergar toda a lateral do coletivo. Tudo bem, ela até poderia ser dada a esses arroubos há alguns anos atrás. Aos 72 anos, a trepada já é diferente, não acham? Mas ela tentou. Tomou impulso e... Não conseguiu empuxo suficiente para subir a mureta. Ficou toda ralada - e não foi na boquinha da garrafa! Em casa, morremos de rir da situação:
Bibi: Ô Mãe! Você realmente achou que ia conseguir, a essa altura da vida, pular a cerca?
Mãe: Ah, minha filha e ninguém me ajudou! Você lembra daquela vez que tentei subir com as sacolas de compras no ônibus e o moço que vinha atrás teve que dar um empurrão na minha bunda para eu conseguir subir? Lá só tinha um bestão que não fez nada! {risos}
Bibi: A idade chega ousada!
Mãe: Isso não é pior! O pior é eu ter quebrado a unha! Saiu todinha. Deixei ela lá!
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6 comentários:
hahaha
Mommy and Daddy rock, hem!! beijão pra eles!
Você conhece as peças! São únicos! Quando eu começar a resgatar coisas do passado! Xi, sai de baixo! Por isso é que eu sou assim! hehehe
Bom... eu gosto do dia... mas convenhamos... 5:00 da manhã é demais! Lembrei das nossas viagens In family. Realmente tio tom geralmente chegava na hora marcada e tia Ruth andava com a turma que se portava serelepe e ousada! A idade com o tratamento em Braile, mas as características mais íntimas e principais realmente não se alteram.
Minha Mãe instigava e depois saia fora e ia observar os outros fazerem! hahahahaha Eu sempre lembro que vc sempre lembra do Splash, uma sereia na minha banheira!
Foi na viagem à Foz do iguaçu!! Mto bom!!
hahahaha! Aracnofobia!
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