Toda vez que ganho um novo Ciclista, lanço a pergunta: "Como você me encontrou?". Foi assim com o Zé, com o J25, o Bino, a Joss, a Vanessa, a Cris e agora, por último, a Ana Raquel, que logo anunciou que me achou no Sobretudo.
Com o Pastorelli não foi muito diferente da Ana Raquel não. Ele também me encontrou no Sobretudo, só que a gente já trocava uma ideia por lá, no blog do Moratelli. Nosso espaço de diálogo ficou resumido aos textos do nosso amigo em comum. Teve até um dia que a gente trocou uma ideia pelos comentários e a outra leitora não sabia se respondia a ele ou ao Valmir! hahahha
Bem... Pastorelli virou Ciclista e cravei sua Ciclovia no meus favoritos como Odval. E foi lá, no espaço dele, que encontrei um pedaço de uma poesia que me falou intimamente, porque expressa um sentimento que me é comum nesses dias:
"depois que te conheci
não mais me pertenço
pertenço ao conturbado
desejo da saudade" -
(Odval)
Não gosto de viver na instabilidade, mas assim me entrego ao sabor do desconhecido que é o dia seguinte. O imponderável consome meus pensamentos e as ações já não respeitam ao comando do meu medo. Todos os sinais de alerta já soaram e me fizeram cega e surda para os perigos da noite, que não termina. Quero o sol que me esquenta o corpo e beijos que me cobrem de calor, tecido em linhas de desejo. Velas ao vento me levam ao mar e a corrente em direção às pedras. É lá que existe um vale, com água doce que desce como orvalho. Molha a alma e enxuga o pranto. Umedece o coração engessado, que se desfaz e se desconstrói. E quem há de construir? Só aquele que tem coragem de viver a instabilidade da nova aventura. É preciso apagar lembranças, refazer a vida, desfazer as marcas e realmente cicatrizar as feridas. É preciso se dar a chance de querer e abandonar a dor que já se fez de companheira, nesse imenso vazio que se chama coração partido.
Não gosto de viver na instabilidade... Mas a vida é esse caminho sem respostas prontas. A mesma espera, a mesma solidão, a mesma desesperança aflita, que não é em vão! Não é a dor que nos muda, mas a utilização inteligente e benevolente do saldo dessa dor que nos garante a transformação positiva ao longo da vida. A dor só é trabalhada quando ela se transforma em esperança, não em barreira, entrave. Toda a escolha é uma renúncia. Ela traz em si tanto frustrações, quanto ganhos. Essa é uma face do imponderável que temos que nos desafiar a viver. Cada um carrega dentro de si um universo infinito e indecifrável, que equilibra em suas bases únicas medo e desejo, silêncio e sons, amores e desilusões, dores e alegrias, encantos e desencantos, encontros e partidas. Ricos são os que procuram o amor e tolos são os que pensam que não mais o necessitam. O ser humano morre realmente quando deixa de acreditar que o amor é importante. Porque depois dele, me diga você, o que há?
Não gosto de viver na instabilidade... O que será que será?
18.5.09
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4 comentários:
Acho que todo ninguém gosta de viver em total instabilidade. Todos precisam de estabilidade em alguma área da vida, seja pessoal, seja profissional, etc. Estabilidade em tudo cansa um pouco, mas acho que é o alvo da maioria. Que tal estabulidade com toques de emoção? Acho que é o ideal. Beijos!
Total instabilidade é o caos. Total estabilidade é uma vida monótona, previsível e sem graça. Diria até que é impossível viver assim. A gente realmente busca a estabilidade das situações, deixando-se levar pela instabilidade das emoções. Assim é bonito e dá frio na barriga!
Ao ler este texto lembrei de um verso de uma canção do Hebert Viana: "E que a dor possa sempre mostrar algo de bom".
É isso ai Fernando! E que quem venha a mim esteja disposto a transformar suas dores em combustível para ir além!
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