Esmê X Darth Vader

Queria escrever um texto mais elaborado, mas a torcida do Fluminense que habita o meu condomínio não está me deixando encontrar a paz necessária para esses dias em que a inspiração está longe da 'derme'. Já comentei que a turma do pombal {os apartamentos do condomínio} se sente na própria arquibancada do Maracanã. Não posso nem reclamar... Em dia de jogos do Flamengo, eu dou um pequeno vexame em sol maior pela janela. Eu e meus companheiros rubronegros que se concentram nessa redondeza.

Fazer o que?! Ainda tem um surdo aos brados com a filha no orelhão que fica na portaria. Ele grita e não escuta o que ela fala. Repete à exaustão a mesma sentença. Seria ela surda também? O homem está arretado. Eco, eco, eco... Estou quase dando conselhos de como lidar com seu rebento sem arrebentar com a nossa paciência. A minha, no caso. Não, não estou irritadinha hoje não. Depois do dia de ser maravilhosa; hoje foi dia de agir a vida.

Antes, porém, um flashback, por favor. Há duas noites eu tive um daqueles meus sonhos loucos. Local: um muro que ficava na frente do prédio onde passei a infância. Na frente desse muro, a galáxia {sim, você leu certo, literalmente a galáxia}. Era o disfarce de uma nave. Bons e maus estavam se juntando em uma expedição de guerra contra os seres que queriam acabar com a raça humana. Eu chegava justamente quando os comandantes iriam assumir seus postos. A turma do bem e a turma do Darth Vader. Eu estava na nave porque o Esmê {já falei muito dele aqui, meu mestre, o cara que me ensinou a ser jornalista. Autor do livro Aconteceu na Manchete} me obrigou a ir lá e conseguir uma matéria com 'O' cara: Darth Vader.

Eu estava cheia de medo de me aproximar. Com a minha peculiar cara de pau, cheguei até ele e mandei: “o Esmê disse que você vai assumir esse posto aqui e eu tenho que te entrevistar”. Mr. Vader teve um siricutico e dançou o miudinho nas botas intergalácticas. Começou a gritar comigo e me ameaçar, dizendo que não era aquele posto que ele deveria assumir. E eu: “não senhor! O Esmê disse que era aqui então é aqui que você vai ficar e falar comigo”. O homem solta aquela bufada característica e eu começo a tremer que nem vara verde. Nisso chega o Esmê, me cobrando a matéria. Disse que estava tendo um probleminha com o mau humor de Darth Vader. Esmê: “o que? Ele não quer falar? Deixa que eu resolvo isso!”. E foi lá tirar satisfação com um dos maiores vilões do cinema! Eu no meio, tentando botar panos quentes... A 'Força' devia estar com o Esmê, porque na cena seguinte, eu vejo um pedaço de capa do Darth Vader numa sala na penumbra - tipo um auditório - que eu deveria entrar, mas não tive coragem... Deixei um amigo meu {gatinho} me esperando sozinho lá com o Darth. Tô fora! Com Darth Vader só o Esmê e o Luke Skywalker podem...

Hoje eu contei essa história por MSN para a Clarice Cachinhos, que trabalha na revista 'do' Esmê. Toda a redação riu. Não é a primeira vez que tenho esses sonhos bizarros. O Esmê disse que o Darth Vader era ele. Eu jurei que não, disse que ele era pior! Esmê riu e perguntou se seu ia contar isso no BibideBicicleta! Hahahahha. Eu posso com isso? Um editor que é aquiescente com as minhas loucuras? Está contado! Por isso sou fã meeeeesssssmo!

Não vi o Esmê hoje, mas voltei ao lugar em que nos conhecemos: a primeira revista. Deixei muitos amigos lá. Até hoje. Sempre acho especial revisitar. Tenho aquela sensação de gente grande que volta à casa dos pais, sabe? Já não é mais sua, mas você se sente extremamente à vontade para ir e vir... E assim foi. Boa conversa, boas recordações. Uma sensação de maturidade profissional da minha parte que não tem preço. Acho bacana ter um coração agradecido. E este eu tenho. Vivi dias inesquecíveis ali: uns fáceis e outros tantos difíceis. Aprendi muito na marra, na marretada, na manha do gato, no faro, sob pressão. As pessoas de uma época quase todas já se foram. Outras se chegaram. Um fim de tarde de recordações e pessoas gostosas, com direito a um bolo de aniversário. Acho que me dei bem! RS

Não... Não é hora de voltar ao antigo lar. Outros tantos desafios me esperam logo ali na esquina. Não costumo tomar decisões precipitadas, embora a fofoca do dia desse conta de que eu já havia fechado com eles antes mesmo de eu entrar no prédio {céus!?}. Acontece... O desafio de uma vida é, no entanto, não me deixar levar pelo sabor da ansiedade: doce no começo e amargo no final. Escuto minhas vozes internas com cuidado. Não tenho pressa em sorver todos os ares da vida. Meu compromisso é buscar a felicidade e ser feliz com ela em pequenos grandes momentos repartidos.