Há encaixe

Fotos dessa página by Onça

Não sou moça de carro. Sou moça de bicicleta. Com ela passeio, não costumo ir longe não. Ontem, no entanto, me levaram para ‘pedalar’ no subúrbio carioca. Não sou de negar convite para estar com amigos em momentos importantes. Era o motivo do encontro: o chá de bebê da Alice, que vai nascer em Junho {se ela esperar até lá, porque a barriga da mamãe Pança está ENORME}.

Chegamos a uma gloriosa festa no play! Tudo o que tinha direito encontramos: mesinha espalhadas, sorrisos amigos, bolas, bolo, cachorro quente, salgadinhos, refrigerante e cervejinha gelados... Ah, foi tão bom. Melhor ainda, porque no nosso carro estavam Bia Bug, Franitos, Onça e eu. Se me perguntarem o caminho, direi: não faço ideia! A conversa rolou solta e animada! Não sei como o Franitos consegue conversar, dirigir e achar o caminho. Só sei que ele faz e é sempre participativo. A festa já começou a esquentar no carro.



Eu não sei como se celebra um chá de bebê. Para mim era uma reunião de mães, que trocavam ideias! Que coisa ultrapassada esse meu pensamento. Totalmente off-Broadway. Foi uma festa de aniversário sem parabéns. Mas tinha bolo. Papo vai, papo vem... Conhece um daqui, ri para outro dali... Tiram-se fotos... Fofoca-se muito... E o vai da valsa. Até que...

Novo parágrafo. A Dani, dona do play da festa, chegou ao local com duas meninas, irmãs gêmeas de um orfanato. Ela tem autorização para passar o fim de semana com as crianças. É um trabalho super bonito, porque ela cuida, leva ao médico e providencia todo amor, carinho, cuidado e conforto que os pequenos precisam. Essas meninas têm um ano, mas o corpinho ainda é de bebê. Elas têm uma série de complicações de saúde. Uma delas roubou toda a minha atenção. Sorriso fácil, pulante, carinhosa, uma fofura. A festa acabou para mim!

O universo passou a ser ela. Brincamos, batemos palminha, rimos uma da outra e uma para outra... Ali eu entreguei um amor tão grande, tão enorme, que nem mesmo eu sei o tanto que era. Não há medida para um sentimento que surge da vontade de fazer o outro feliz por que se quer e não se precisa. Amor ofertado, despertado, desprendido, que reconstrói e reconstitui, que brota do fundo da alma, lugar intocado pelo medo ou pela dor; lugar sagrado de coragem e bondade; infinito em suas possibilidades e intenções. Eu tenho muito amor e acho que ele fica esperando esses momentos para florescer intenso, sem medida. Dei o melhor de mim para ela naquele momento. Definitivamente foi um encontro marcado pela vida. Ela teve o melhor de mim e muito mais que fazer diferença na vida dela, ofertar meu amor faz diferença na minha própria vida. Há trocas em universos paralelos.

Depois da brincadeira, ela foi ficando quietinha. Sentiu-se segura para dormir no meu colo. Que experiência extraordinária é pegar um ser humano pela primeira vez no colo e ele se sentir seguro para dormir nos seus braços. Ela não apenas fechou seus olhinhos, rendida; mas fez questão de me abraçar com suas mãos delicadinhas. Depois de niná-la, eu me sentei e encontramos uma posição perfeita para as duas. Houve encaixe. E não é assim com o amor puro? Onde se exala amor desmedido, sempre há encaixe.