2.5.09

O Barco

Foto: Knuttz


Uma vez eu peguei um barquinho.
Ele se chamava Love.
Durante toda a minha vida, tinha feito apenas pequenos passeios de jangada.
Eu dava sempre preferência à segurança dos portos.
E vivia à beira-mar, flertando com a lua.
Sempre fui da noite, das emoções, dos poemas.
Sou solar em meio aos que tenho intimidade.
O encontro comigo mesma é bem para dentro; retração.
Um dia, uma nova embarcação apareceu naquele porto.
Tentei fugir de todas as formas.
Porque essa é a minha dinâmica com o que me parece desconhecido.
Portanto, assustador.
Só que nesse enredo, um sábio marinheiro disse que "Se apaixonar é inevitável".
Seria mesmo?
Eu me lancei à aventura.
Enfrentei ondas e tempestades.
Conheci novas praias, lindas paisagens.
Até o dia que percebi que aquela linda embarcação era apenas um barquinho.
Era o canto da Sereia que por magia pareceu me encantar [embora elas sejam especialistas em levar os homens para o fundo do mar, elas me tirara da terra firme].
O barquinho me levou a muitos portos, mas naufragou com problema na casa das máquinas.
Fiquei à deriva.
Nadei, nadei, nadei...
Acabei encontrando uma nova praia deserta.
Que precisava ser explorada!
Nova aventura!
Foi ali que me fiz mais forte e valente.
Foi assim que me tornei mais confiante.
Então uma Gaivota me disse:

- Relaxa! A maioria dos barcos naufraga. Mas enquanto se navega... Ah, enquanto navega você acha ou tem certeza de que nunca haverá tempestades, monstros marinhos, nem praias desertas. Até que um dia...

Percebi. Estava escrito em uma "Bandeira": "Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu".
Quero o azul do céu na imensidão do mar.
Liberdade.
A Gaivota insiste:

- Tome cuidado ao entrar em mar bravio. Espere acalmar. É só não deixar que alma adormeça e que endureça o coração...

Ah, Gaivota... Sois ave.
E eu uma âncora.
Tuas asas já te levaram a tantos destinos.
Sabes usar as palavras perfeitamente.
Fico encantada, inebriada, seduzida.
A imaginação é uma coisa louca.
Os sonhos também.
Por tua causa espero uma nova embarcação.
Tenho a tendência de tentar enfrentar tudo sozinha.
Sou frágil nesse ambiente hostil.
No fundo, quero me perder num abraço.
E assim me sentir protegida.
Em terra seca ou em alto mar.

6 comentários:

jose luis disse...

o mar sempre foi melhor personagem

Bibi disse...

Você acha?
Gosto de todo o enredo!

Anônimo disse...

Lindo, Bibi, você superando-se sempre. Emocionante.
Abraços. Saúde e Paz.
Bino.

Bibi disse...

Bino, a vida me surpreende sempre! Obrigada pelo recado carinhoso!

Fernando Rocha disse...

É... Esta é uma situação de risco sempre, não adianta tentar prever o futuro.

Bibi disse...

Alguém me empresta a bússola?