9.5.09

Beleza na Ousadia

“Embora a sensibilidade freqüentemente penda para a hipersensibilidade, quanto mais uma pessoa aprende a destilar o prazer nos pequenos detalhes da vida, mas ela é saudável emocionalmente. Não espere encontrar, em abundância, homens ricos na matemática da emoção na Avenida Paulista, na Avenida Champs Elisee, em Wall Street e entre os milionários listados pela Forbes. Procure-os entre aqueles que acham tempo para observar ‘o brilho das estrelas’”. (AJ Cury)

Esta semana recebi uma sentença: “você é sensível. Um pouco sensível de mais para o meu gosto, mas isso é parte de quem você é”. Não era um julgamento, obviamente. Também não havia pedido para alguém me descrever. Foi parte de uma conversa muito louca que eu tive, mas tremendamente proveitosa. Geralmente “quem diz o que quer, ouve o que não quer”. O ditado não é assim? E quando o contrário acontece? [hehe. Quantos testes empíricos] Eu disse o que não queria e acabei ouvindo uma coisa boa. Que não era exatamente a que eu esperava. Como eu não esperava dizer; a única reação que supunha vir, do contrário, era choque. Não foi. Resultado? Há beleza na ousadia. Guarde essa frase. Acho que vai sair um texto fragmentado.

Sempre fui de engolir a minha opinião. Quem não fala também não se expõe. Sentimental que sou, guardava para mim tudo o que pudesse desestabilizar o outro. Assim sendo, a instável se tornava quem? Euzinha! Sempre achei que era mais fácil controlar a mim mesma. Ledo engano. Contudo, sempre é possível reescrever algumas características da personalidade. Há beleza na ousadia. Com o outro e consigo mesmo.

Você me pergunta: “então é preciso driblar a sua natureza humana para ser, no final, outra pessoa?” Não! Eu te digo. Há dentro de você um monte de ferramentas para as quais você não sabe o uso. Para saber, é preciso experimentar cada uma delas individualmente e também as suas recombinações. Ou você pode simplesmente optar por ficar ali no bom e velho trio: prego, martelo e serra. O desafio está em conseguir sair da condição de espectador passivo do espetáculo da sua vida e passar a ser o seu próprio agente modificador. Quantas vezes eu já não falei aqui sobre escolhas? Quando você não faz as suas, alguém escolhe por você. O resultado nem sempre é agradável e você acaba pagando uma conta que nem é sua afinal. Sem parcelas e sem garantias! Então, repito, há beleza na ousadia de viver da melhor forma que você pode.

Eu também já comentei aqui, que grandes coisas me machucam tão menos que pequenos detalhes. Talvez eu esteja preparada para os grandes tombos [no sentido de saber como me posicionar para cair melhor], mas os pequenos machucados me pegam na curva: desprevenida. Então as pessoas julgam que é isso a hipersensibilidade. Eu iria além. Essa é a minha sensibilidade. A hiper está na capacidade de ver além do óbvio; de ser burra, quando a questão se mostra clara como água cristalina na minha frente; de sofrer a dor do outro e esquecer-me das minhas. Só que não se esquece; acumula-se nos bueiros emocionais. O passado é um cara às vezes meio chato, meio inconveniente, que volta a bater na porta para te assombrar. Tipo aquele cunhado que vai sábado à hora do almoço para a sua casa, come de tudo, chupa os dentes [odeio isso mortalmente] e depois se esparrama e vai dormir no seu sofá, com a sua TV ligada num canal que você nem curte. Babando baldes. Convenhamos: não precisa ser assim!

Gosto de encontrar prazer nos pequenos detalhes da vida. Como nas férias passadas, que estava em NY, na casa de amigos, e passei uns dois ou três dias em casa, vendo televisão ou usando o computador. Esperando o Tom voltar para casa pra gente dar uma volta a pé pelo quarteirão. Algumas amigas ficaram chocadas com essa atitude. E eu pergunto: e daí? Encontro prazer em fazer e tomar uma xícara de café, por exemplo, e andar com meu amigo-irmão até o supermercado, só para que a gente tenha um momento de conversa íntima, sem a interrupção de pessoas e aparelhos eletrônicos. E como já fizemos isso. Vento frio no rosto, cabelos sedosos pelo ar, passos apressados para se chegar a lugar nenhum, mas ao centro de nós mesmos. Foram dias felizes.

Eu e a Onça já andamos algumas vezes por Wall Street. Vimos pessoas sem rosto. Apressadas dentro de suas roupas impecavelmente arrumadas. Falando ao celular, para não ter que falar com mais ninguém que não viva dentro da mesma ‘bolha’. Dia desses, ela me fez parar em um monumento no centro financeiro da América. Uma grande parede vermelha. E, nós duas, ali, começamos a fazer um monte de poses para a nossa máquina fotográfica. Um ou outro parava para olhar a cena inusitada. Quem comia cachorro-quente de almoço, ali, sozinho, teve um espetáculo para se distrair. Poderia ter sido um mico total, se eu não estivesse ali, me divertindo com a minha grande amiga, sem me importar com os porquês do resto do mundo. Ali eu observava o brilho das estrelas.


Eu amo a sensibilidade como característica de uma personalidade. A sensibilidade é multiforme. Sem ela, fica difícil contemplar o belo, ser criativo e agregar pessoas internamente. Hoje os sentimentos, as relações interpessoais andam tão descartáveis quanto as garrafa pet ou papel de bala. Chupa que é de uva! Não aprendemos a desenvolver nossas emoções e, tampouco, a protegê-las. E a proteção não é o contrário da superexposição. Não é a retração total; mas fazer bom uso das ferramentas que se tem. Isso é um passo de ousadia. E há beleza na ousadia!

15 comentários:

Saulo disse...

O texto não foi fragamentado, foi diverso. Não te reconheço quando diz que reprime suas opiniões... não sei se é pelo fato de que sempre tivemos liberdade para expressá-la. Quanto á sensibilidade... é... vc é sensível. Especialmente quando o Chico lhe visita. Ops!

Bibi disse...

Buarque? Qualquer mulher ficaria sensível com uma visita dessas... Ai, ai.

valmir disse...

Eu tb quero andar por wall streat. hehe

Bibi disse...

Val... Vc só fala! hahahaha Nem visto tem!

Bibi disse...

Ai, gosto tanto dessa minha foto com a Onça... Um homem lindo que se ofereceu para fazer o registro. Em NY? Anjos existem e a gente ficou bem risonha...

Anônimo disse...

Risonhas e lindas.
Viva o sorriso.
Bino.

Bibi disse...

Viva Bino!
A gente estava muito feliz com o passeio!

Ana Martins disse...

(Bibi disse...

Buarque? Qualquer mulher ficaria sensível com uma visita dessas... Ai, ai)

Hahahahahahahahahahaha
ADOREI a resposta!

Ana Martins disse...

Vou fazer uma declaração rsrsrs
EU SOU SENSÍVEL!!!
Ou EMO, como quiserem. AMO ser assim.
E equilibro bem razão e sensibilidade. Mas sei que sou muito mais feliz quando sinto e expresso meus feelings. É demais isso.
A emoção delineia a vida. Quanto melhor vc se sente com ela, melhor vive seus dias.

Bibi disse...

Ana é perfeito o que vc escreveu! Já somos mulheres e mulheres sensíveis, inteiras, internas, profundas e sonhadoras na medida certa! Isso é muita coisa para se elaborar, mas é incrível de se conquistar! Uia!

jose luis disse...

a vida e' fragmentada
e e' feita de peuenos grandes prazeres
pequenos grandes momentos
so' que pouca gente sabe reconhece-los
pobres coitados

Bibi disse...

Pequenos grandes momentos! "repletos de toda satisfação". Somos todos pobres coitados de vez em quando, honey. Não há lei, não há regras, não há sempre os mesmos vencedores nas mesmas batalhas... Há, no entanto, os que sempre têm disposição para se reinventar!
Um beijo!

Sah. disse...

aiii eu amo voces duasss!

quero voces aquuuiii!

Sah. disse...

eu lembroooooo da historia da paredeeeee! a onca quis me levar la! soh nao tivemos temos... =/

Bibi disse...

Lembra Sah!!!??? hahahha Vc ia pagar o maior micão, mas ia entrar para as minhas histórias! A Onça vai voltar; ela te leva! hahahaha