23.5.09

Happy Luke's Day 2


Dizem que você não conhece realmente uma pessoa até que você divida o mesmo
teto com ela. Pois bem. Eu e o Luke moramos juntos por oito meses.
Dividíamos um quarto minúsculo por três pessoas e um carro por sete. Trabalhávamos na mesma empresa, na mesma função, mas em setores diferentes. Vizinhos. Não era raro ele ser transferido emprestado para a minha área, sempre com falta de pessoal.

Conheci o Luke ao dormir, ao acordar, depois de tomar banho, antes também. Ficamos juntos catando lixo, de cabeça para baixo, limpando a casa, indo ao posto ou fazendo expedições. Eu o ajudei a comprar roupa, íamos juntos ao supermercado, fiz almoços e jantares para ele, fomos juntos e coroados a um show medieval, alugamos três filmes por dia durante um mês, "traficava" sanduba da lanchonete para ele.

Vi o Luke fumar, beber, chorar, gritar, beijar, pular, “amassar”, construir, destruir, fazer planos, mudar de planos, de ótimo humor, de mau humor, de sacanagem. Fomos mais que amigos, uma família, irmãos. Cantamos We are The Champions trancados dentro de um Buick estacionado no Parking Lot vazio. Andamos de mãos dadas por Manhattan, patinamos na pista de gelo do Rockfeller Center, assistimos A Bela e A Fera, jantamos no Applebee’s, pilotamos montanhas russas, ficamos abraçadinhos, disputamos uma “race” com pistolas de água, quase ficamos na estrada porque a van "morreu", vimos o Brasil ser Penta e rolamos no asfalto para celebrar, ouvimos Enya antes de dormir, elegemos a Cássia Eller como a trilha daquela estação.

Eu já não me lembro como celebramos seu aniversário em 2002, quando ele completou 21 anos. Eu me lembro, no entanto, da presença dele no dia mais difícil da minha história até aqui. Não há dinheiro ou distância que apague ou afaste o que somos e o que vivemos. Dizem que sete é um número cabalístico. Eu gosto desse número, que está intimamente ligado a mim. Há sete anos conheço esse carinha. Estivemos juntos em todos os momentos importantes. Se a presença não pode ser física; ela com certeza foi espiritual, porque o nosso encontro é de almas.

A foto que ilustra o texto tem sabor especial. Fui eu que fiz. Está fora de foco, porque a máquina estava com defeito. Hoje, analisando, penso que é um registro perfeito de um momento singular. O Luke estava voltando para o Brasil. Essa foi a última foto no nosso universo paralelo. Não podia ser em outro lugar! O Looping Lucas sentado em um trilho de Montanha Russa, dando adeus a um sonho. A gente acompanhava o nascimento da Superman Ultimate Flight. Sentimos a sua textura. Ali a gente também se despedia do nosso grande amigo Juan: o americano, descendente de Porto Riquenhos, que dizia ser Canadense.


A última trilha do trilho. O caminho, por um presente divino, estava destinado a nos juntar aqui; tanto quando nos uniu por lá. Ele diz que nosso amor é muito mais intenso e real, porque é um amor sem sexo. Não estamos unidos por desejo; mas pelo maior dos sentimentos – aquele que dá liberdade de sermos, através do outro, além daquilo que imaginamos.

6 comentários:

Luke disse...

Você tá querendo me fazer chorar, né?

Eu lembro bem como comemoramos meu aniversário em 2002: Eu não ia fazer nada e fui acordado de manhã cedo por vocês entrando no meu quarto com um bolo na mão cantando parabéns pra você.
Sério, agora to chorando mesmo, com a lembrança.
Não dá pra explicar. Acho que foi mesmo o melhor aniversário da minha vida.

Nunca vou esquecer. Nunca. Não esperava, foi fantástico. Nunca me senti tão acolhido, nunca tive tanta certeza de estar em casa. E podia ser qualquer lugar do mundo. Eu estava em casa porque estava com amigos de verdade. Porque você estava ali. Minha fiel companheira.

Nossa, tá foda! Ainda faltam 23 horas para o meu aniversário e já to com o coração a mil!

Te amo demais!

Só uma correção: em 2002 eu fiz 20 anos. Não pude ir pra Atlantic City...rs

beijão

Bibi disse...

Não dava para lembrar de tudo! Ainda bem que o que eu esqueço, você lembra!

Saulo disse...

Já são dois parac me apresentar: Elma e Lucas... tá na dívida! Bjuss

Bibi disse...

Elma é do curso de roteiro. Luke é mais fácil!

valmir disse...

Conheça alguém de verdade dividindo o mesmo teto ou a mesma viagem!

Bibi disse...

Com ele fiz as duas coisas ao mesmo tempo!