Com licença?
Sua intimidade está me invadindo!
Sim. Você leu certo.
Na era da espiadinha do BBB, você pode imaginar que eu troquei as bolas, a ordem natural das coisas, mas não.
Sim. Você leu certo.
Na era da espiadinha do BBB, você pode imaginar que eu troquei as bolas, a ordem natural das coisas, mas não.
A verdade é essa.
Muito mais que invadir a privacidade de alguém, a intimidade de muitos anda invadindo o meu espaço.
Exemplos não faltam.
Vou começar pelo menos óbvio deles, que terminaram de me contar na semana passada. Sim. Foi uma invasão em etapas crescentes.
Exemplos não faltam.
Vou começar pelo menos óbvio deles, que terminaram de me contar na semana passada. Sim. Foi uma invasão em etapas crescentes.
Um amigo meu trabalha em um prédio comercial no Rio, que fica bem em frente a um prédio residencial. Daqueles. Um pombal, diriam os mais relapsos [ou pudicos]. Não tem como disfarçar. Um prédio grande de muitas janelas, de cara para um outro, de muitas salas. Pois bem. Todos os dias, por volta das três da tarde, um homem e uma mulher se encontram em uma daquelas janelinhas residenciais. Todos os dias tem “A FESTA NO AP", como cantaria Latino. Rola mesmo bundalelê com as janelas e cortinas abertas. Tudo aberto!
Muito provavelmente, um dia, um dos trabalhadores entediados, exaurido, sem força para pensar no mercado financeiro após um almoço caprichado, deixou-se levar pela movimentação além de sua janela. Viu, àquela hora da tarde, o que ele provavelmente só assistia no escuro [não falo de praticar, mas de assistir]. Sexo ao vivo e de graça. Às 15 horas.
Não demorou muito, a notícia se espalhou. A freqüência era assídua. Todo dia tinha filme e a platéia ia crescendo. Alguns já iam para a janela esperar a hora do gol. Sim, meus caros, havia torcida. E a coisa chegou a tal ponto, que a direção da empresa teve que mandar uma circular pedindo seriedade aos funcionários. Compostura. Quer dizer, sem ligar para a postura dos outros. Algo assim.
Muito provavelmente, um dia, um dos trabalhadores entediados, exaurido, sem força para pensar no mercado financeiro após um almoço caprichado, deixou-se levar pela movimentação além de sua janela. Viu, àquela hora da tarde, o que ele provavelmente só assistia no escuro [não falo de praticar, mas de assistir]. Sexo ao vivo e de graça. Às 15 horas.
Não demorou muito, a notícia se espalhou. A freqüência era assídua. Todo dia tinha filme e a platéia ia crescendo. Alguns já iam para a janela esperar a hora do gol. Sim, meus caros, havia torcida. E a coisa chegou a tal ponto, que a direção da empresa teve que mandar uma circular pedindo seriedade aos funcionários. Compostura. Quer dizer, sem ligar para a postura dos outros. Algo assim.
Tudo bem que não é o caso de ir para a janela e fazer a ôoooooooolaaaa. Mas, vem cá, a intimidade deles [os funcionários] estava sendo invadida. Ou não?
Outro fenômeno se mostra bem atuante. Manifestações de todas as ordens e nos lugares mais impróprios. Veja bem: todo Mané agora tem um celular que toca mp3. Todo Mané agora quer mostrar status, colocando a sua música favorita nas alturas. Seja no trem, no ônibus, no metrô, dentro do elevador. Muito em breve estarei vendo esses aparelhos tocarem dentro da igreja ou dentro do caixão.
- O último desejo de Wescley, era ser enterrado com seu celular com mp3 ao som de Charlie Brown Junior, Tupac e Netinho de Paula.
Dia desses é que tomei um susto com isso. Estou sentada na janela do ônibus. Chega um grandão e se espalha do meu lado. Braços e pernas soltos, me esmagando contra a lataria do busão. Se a folga já não fosse suficiente, o Mané pega seu celular e coloca, às alturas, o repertório inteiro de Beth Carvalho. Peraê! Eu estava ali primeiro e lendo! Eu podia gostar ou não do sambinha! Juro que cheguei a olhar para ver se em seguida viria um fone de ouvido. Louca eu, né? Coisa mais ultrapassada essa paradinha de fone de ouvido.
- Com licença? Sua intimidade está me invadindo!
Acho que ele percebeu meu muxoxo. E? Trocou de lugar. Simples assim. Sentou-se naquele banco mais alto, onde o som se propaga melhor. O ônibus inteiro tinha que ver que o fã de Beth Carvalho [o “Carvalheth”] tinha um celular mp3.
Minha vizinha do lado começou a fazer obra na cozinha dela. Situação normal de prédio velho. O pinga pinga tem que ter um fim. Obras? Mas é claro! E o pum tac pow plac tum tum tum começou a comer solto em horário comercial. Situação normal de obra. A vizinha de baixo sobe para fazer escândalo, alegando que o não era possível aquela barulheira, que o prédio parecia uma favela. Oi? Talvez eu devesse sugerir fones de ouvido para as marretas também... Só que, claro, história não pára por ai. É justamente essa vizinha que diariamente grita com seus filhos. É como se os meninos estivessem sentados aqui na minha sala e ela lá debaixo esculhambando a garotada. São dois meninos. A gente sabe de tudo. Não porque quer, essa é a pior parte. A intimidade dela invade a minha sala sistematicamente.
E quanta gente não fica aos brados ao celular. Você sabe a lista de compras, a programação do fim de semana, as viagens programadas, a situação difícil pelo qual a sogra passa. Você pode saber toda a vida de uma pessoa em um percurso de ônibus ou metrô. E briga de namorado? Outro dia, quase me levantei para consolar a menina que estava sentada no banco de trás. Era de partir o coração. Ah, peloamordedeus!
Outro fenômeno se mostra bem atuante. Manifestações de todas as ordens e nos lugares mais impróprios. Veja bem: todo Mané agora tem um celular que toca mp3. Todo Mané agora quer mostrar status, colocando a sua música favorita nas alturas. Seja no trem, no ônibus, no metrô, dentro do elevador. Muito em breve estarei vendo esses aparelhos tocarem dentro da igreja ou dentro do caixão.
- O último desejo de Wescley, era ser enterrado com seu celular com mp3 ao som de Charlie Brown Junior, Tupac e Netinho de Paula.
Dia desses é que tomei um susto com isso. Estou sentada na janela do ônibus. Chega um grandão e se espalha do meu lado. Braços e pernas soltos, me esmagando contra a lataria do busão. Se a folga já não fosse suficiente, o Mané pega seu celular e coloca, às alturas, o repertório inteiro de Beth Carvalho. Peraê! Eu estava ali primeiro e lendo! Eu podia gostar ou não do sambinha! Juro que cheguei a olhar para ver se em seguida viria um fone de ouvido. Louca eu, né? Coisa mais ultrapassada essa paradinha de fone de ouvido.
- Com licença? Sua intimidade está me invadindo!
Acho que ele percebeu meu muxoxo. E? Trocou de lugar. Simples assim. Sentou-se naquele banco mais alto, onde o som se propaga melhor. O ônibus inteiro tinha que ver que o fã de Beth Carvalho [o “Carvalheth”] tinha um celular mp3.
Minha vizinha do lado começou a fazer obra na cozinha dela. Situação normal de prédio velho. O pinga pinga tem que ter um fim. Obras? Mas é claro! E o pum tac pow plac tum tum tum começou a comer solto em horário comercial. Situação normal de obra. A vizinha de baixo sobe para fazer escândalo, alegando que o não era possível aquela barulheira, que o prédio parecia uma favela. Oi? Talvez eu devesse sugerir fones de ouvido para as marretas também... Só que, claro, história não pára por ai. É justamente essa vizinha que diariamente grita com seus filhos. É como se os meninos estivessem sentados aqui na minha sala e ela lá debaixo esculhambando a garotada. São dois meninos. A gente sabe de tudo. Não porque quer, essa é a pior parte. A intimidade dela invade a minha sala sistematicamente.
E quanta gente não fica aos brados ao celular. Você sabe a lista de compras, a programação do fim de semana, as viagens programadas, a situação difícil pelo qual a sogra passa. Você pode saber toda a vida de uma pessoa em um percurso de ônibus ou metrô. E briga de namorado? Outro dia, quase me levantei para consolar a menina que estava sentada no banco de trás. Era de partir o coração. Ah, peloamordedeus!
Estou achando que eu é que estou precisando de fones de ouvido!
URGENTE!
13 comentários:
ai, também sofro com tanta poluição sonora. eu tenho celular com mp3, nao saio de casa sem ele, mas tenho vontade alguma de dividir meu gosto musical com ninguem sem fone de ouvido. outro dia na praia, eu precisei mudar de lugar, por conta de uma familia que ouvia pagode sem parar. mas é aquilo bons modos nao sao ensinados em todos os lugares...
corrigindo: nãoo tenho vontade alguma de dividir meu gosto musical...
hahahahah
Caramba, Bibi!! To morrendo de rir aqui com o seu texto!! Eu acho que, de fato, o que falta atualmente nas pessoas são duas coisas: Respeito e bom-senso (tem hífem ou não?)
Como diz uma socialite velha conhecida nossa, "Eu não sou de falar palavrão, mas me deu vontade de falar um palavrão: poxa!", as pessoas não tem mais noção!! parece que estamos cercados por loucos, uma Joselitolândia!!
Isso do celular tocar alto é terrível! Eu já fico chocado com as pessoas que ouvem música NO FONE DE OUVIDO tão alto que a gente consegue ouvir de fora. Mas essas eu rio baixinho lembrando que elas vão pagar com a surdez e isso me deixa feliz (já vou pro inferno mesmo: viado, tatuado e m*). Então, por que não ser logo cruel também? Pelo menos eu me divirto...)
Mas essas pessoas que ouvem música alto SEM FONE, eu tenho vontade de pegar a cara e esfregar naquele adesivozinho que diz em letras garrafais "PROIBIDO O USO DE EQUIPAMENTO SONORO". Simples.
Falta respeito. Falta bom senso (sem hífem?).
Falta educação. Sinceramente, falta porrada também.
Sou a favor da popularização. Assim, sem complemento mesmo. Acho que tudo tem que estar ao alcance de todos. Sou a favor da tecnologia chegar a todos, da inclusão digital, do carro mais barato do mundo, das tvs de LCD a preço de banana e das companhias aéreas genéricas. Sim, sou.
Mas se o mané que liga o som do celular bem alto no ônibus começar a fazer isso no avião tb, o que vamos fazer? A Gol e a WebJet vão ter que distribuir folhetinhos ensinando as pessoas a se comportarem em lugares públicos? Vão ter que inventar uma primeira classe em vôos (nunca vou tirar o acento!) nacionais? Ou vamos todos ter que juntar dinheiro para comprar aviões particulares?
Não tô pagando de metido, não! Nem tenho grana pra isso, pelo contrário! Mas as pessoas precisam entender que a discriminação contra pobres e novos-ricos, não é por conta do saldo bancário, é pelo comportamento!!!!!
Enfim, falei.
bjo
Sarinha: Bons modos! Até a Veja Rio já fez uma matéria de "etiqueta" na praia! Porque pode até ser o lugar mais democrático do Rio, mas também existe um preço por isso...
Luke: Poxa! hahah
Não há pensamento elitista ou excludente nesse texto reflexivo que você fez! É uma ótima complemetação à minha crônica! Amo isso!
Você disse tudo: respeito e educação. Pensar que vc não é o único no planeta e/ou que todos vão ter que te engolir!
Realmente, parece que estamos vivendo num mundo onde ninguém mais desenvolveu ou desenvolve o super-ego, e o pior é que as armadilhas do consumismo são tão eficazez que suas vítimas se exibem com ar de algoz.
Longe das idéias marxistas,mas há atualmente no mundo uma falta de senso de coletividade e auto-afirmação de quem não têm nada pra afirmar.
A coisa tá brava!
Ufa! Um texto pra rir! Mt interessante notar q hoje em dia as pessoas q forçam dividir sua intimidade com os outros... não tem nem mais graça ser um voyeur!
"Chega um grandão e se espalha do meu lado. Braços e pernas soltos, me esmagando contra a lataria do busão. Se a folga já não fosse suficiente, o Mané pega seu celular e coloca, às alturas..."
Bia isso é cruel! Muito cruel! Eu odeio isso no bus! Odeio! rsrsrs
Beijosss
Fernando: a gente vive a era da auto-afirmação de quem não têm nada pra afirmar. Os tais 15 minutos de fama, nada mais são que o reflexo disso ai. E todos os desdobramentos que vamos vivendo em decorrência.
Anne: Tem que alterar o tom dos textos para a galera não ficar cansada!
Ju: Adoro quando destacam a sua parte preferida no texto. Gosto de ver a identificação! Todo mundo sofre isso, mas a gente só se dá conta depois que alguém escreve! O busão está cheio de Manés! hehehe
Sua privacidade me invade quando:
Vc é mal educado e joga lixo no chão
Vc usa nextel ou celular no viva-voz
Vc beija e agarra e amassa o namorado (a) na fila do banco/mercado
Vc não limpa o cocô do seu cachorro em frente a ‘minha’ calçada
Vc lê jornal em voz alta
Vc quer falar de sua vida no consultório dentário
Vc manda email em estilo spam..........
Val, nextel tá entrando para a lista de coisas comuns, infelizmente!
"Vc beija e agarra e amassa o namorado na fila do banco/mercado" - ahhhh Isso é uma delícia! Pior é qdo os namorados resolvem expremer espinhas uns dos outros! Já vi muito!
Cara, spam, corrente e pps é de matar! Dá nos nervos e quem tenta contar a vida depois de um simples bom dia, tb! rs
Eu tive um casal de vizinhos (S & E) que não se continham dentro dos limites de seu apartamento. Tinham dos adoráveis rebentos que utilizavam cada centímetro do apto para treinar suas práticas desportivas e marciais. Eram uns amores! Amanheciam animados e começavam a berra antes do café da manhã! Se tratavam sempre com doçura: "Sua Burra", "Seu corno", "Criança insuportável!"... Assim viviam dia após dia...
Há um ano e meio eles se fora...
Nem preciso dizer que o edifíco ficou BEM mais silencioso!!
Saulo, mas a sua intimidade, que eu sei, também já invadiu a vida alheia! hahahah
Putz... um tantão de vezes
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