25.3.09

Rio Antigo


Outro dia veio um amigo aqui na minha residência. Meu Pai, garoto moderno do século XV, resolveu dizer que na época dele de jovem [da pedra lascada, diga-se de passagem] a garotada ia para a praia da Barra da Tijuca para ver "corrida de submarino".

Meu amigo ficou olhando o meu pai com cara de bocó. Devia estar pensando: "que será que o tio joinha tá querendo dizer?". Pois é, minha gente, eu cresci em meio a gírias idosas e piadinhas sem graça de duplo sentido. Situação normal. Eu nem quis tentar explicar o significado da gíria "da onda" que meu Pai usou. Passa amanhã.

Dias se passaram desde então. Peguei na estante o livro "Vida Modelo", do John Casablancas, que ganhei da Sassá da Vejinha de aniversário. Leitura muito interessante. Gosto de biografias. Gosto de quem tem coragem de contar a sua própria história. Gosto de ler sobre quem teve uma vida bem diferente da minha; alguém que está tão perto e ao mesmo tempo, tão longe. Pois não foi que nessa leitura eu encontrei a expressão "corrida de submarino"? Casablancas, um estrangeiro bem carioca, dizia que agora já sabia o que era.

Fui atrás de definições para o termo, embora eu saiba o que é graças aos causos repetitivos do meu genitor. "Corrida de Submarino" foi uma expressão criada na Segunda Guerra, quando jovens cariocas levavam as moças mais liberais para a praia do Arpoador ou da Barra da Tijuca, então deserta, sob o pretexto de avistar "navios" alemães.

Teve um engraçadinho que foi além na cunhagem da expressão. Dizia que ia ver os submarinos da SS: só sacanagem!

Falo do meu Pai, mas eu adoro as histórias do Rio Antigo e suas piadinhas de duplo sentido!

9 comentários:

Anônimo disse...

Ok, vc me convenceu a ler o livro do agenciador.

Fernando Rocha disse...

A língua é algo vivo em contínuo curso, sem ponto de chegada, viva a a criatividade dos seus usuários e suas mudanças.

Anônimo disse...

Expressão de um Rio não tão antigo assim é "da lata", conhece?
Quando alguma coisa é legal, é "da lata".

Isso por conta de um navio que em 1988 trazia 22 TONELADAS DE MACONHA em latas do tamanho de uma lata DE NESTON quando foi surpreendido pela polícia federal.

Para não serem pegos, enquanto a polícia se aproximava, despejaram as MILHARES de latas CHEIAS DE MACONHA no MAR!!!

Resultado: as praias do rio viram o verão mais RELAX da história! Tem foto da praia de copacabana com a areia COBERTA de latas!

Foi um ano péssimo para o tráfico, pq uma lata dessas dura mais de um ano pra ser consumida inteira....rs

beijão!

Bibi disse...

Luke, eu já conhecia esse fato. Nelson Motta contou com riqueza de detalhes no livro sobre o Tim Maia. Tai livro "dus bauns", sô!

Fernando: a língua é viva e isso é uma beleza! Adoro novas expressões, mas fiquei chateada de terem mudado a nossa regra ortográfica!

Val: eu estou me deliciando. Como vc já notou! rs

Sambeira disse...

Parei de lever o livro do agenciador (como diz o Valmir) na metade...aquela vida surreal dele tava me deprimindo...rs

Bibi disse...

Sambeira, o livro me diverte! São coisas que não são tão longes do que posso ver, mas que estão a uma distância bizarra do que posso viver! Narrativa gostosa! Gosto das letras!

Bibi disse...

Aiiii... Passei aqui, outra vez, para dizer que o final do livro do agenciador é ainda mais empolgante. Passei da fase em que ele esculhamba a Gisele Bundchen e cheguei na parte em que ele encontra o amor. Ai, o amor...

Saulo disse...

Agora está explicado! Lembra que seu pai contou esta piadinha pra mim no seu aniversário e me deixou com cara de paisagem! And the "Troféu Joinha" goes to...

Bibi disse...

Ah!!!! Então foi vc! hahahhaahahaha