31.3.09
Desenha?
velocidade necessária
No dia 17.02.2006 eu abri o BibideBicicleta assim: "Começar é sempre difícil, mas necessário. A partir do momento em que temos o compromisso de observar o mundo, novos espaços são criados dentro de nós mesmos. O lugar que sempre habitamos, torna-se um ponto misterioso, pronto para ser desvendado. Esse blog é a minha tentativa de aumentar o meu campo de visão e passear pela cidade com a minha bicicleta...com a velocidade necessária de quem aprecia e desfruta a paisagem".
Hoje eu comecei a me perguntar por que foi que comecei. Que sentimento era esse que me fez dar início a tudo isso que virou o BibideBicicleta? Retrospectiva. Não retrocesso. É preciso parar o processo, para se ter noção do todo. E sabendo no que me tornei, ter condições de me posicionar para onde quero ir.
Gosto de ter opções simples. Poucas. Mas ainda assim opções. E saber quais delas eu escolhi e com que intenção, durante boa parte do processo. Ou nele todo. Esse lance de "deixa a vida me levar" parece uma ode à aventura, ao acaso; mas também à inconsequencia. E mesmo conhecendo a mágica imprevisibilidade da vida [e estar sujeita e aberta a ela] sinto que sou responsável pelos meus passos e deixo ao acaso a surpresa de passos incertos. Surpresa. Não todos aqueles que eu preciso dar. Ninguém conseguiria viver de sobressaltos! Eu não poderia e duvido que você também!
O compromisso de observar o mundo é, de certa forma, a necessidade de se olhar por dentro. Porque é através do que vem de dentro, que você projeta a maneira com que vai racionalizar o que vem de fora. É um fluxo constante. Como a sinapse. E quando eu não conheço, há a experimentação. Há a degustação e a avaliação pela aproximação. Fica complicado compreender o que está ai fora, se por dentro existe um tal furacão, que te traga para o fantástico mundo de OZ, tal qual Dorothy e Totó.
Novos espaços são necessários. Lembre-se sempre disso. Temos a chance de agregar conhecimento útil até o último suspiro da vida. Mas ponderemos: de que adianta tanto espaço se a mobília é minimalista? Gosto da simplicidade, mas ela, para funcionar a contento, tem que estar aliada a funcionalidade. Esse blog aumentou meu campo de visão. Ele me transformou em uma espécie de revisionista; não da constituição política do meu país, mas da minha compleição [constituição do corpo; organização física; temperamento; disposição de ânimo; inclinação]. Fomos mudando: eu e a minha forma de escrever e contar a história. Fomos mudando: eu, minhas paixões, minhas ilusões, meus desejos, minhas definições de certos aspectos, o mundo à minha volta, algumas das minhas preferências, a intenção de certas curiosidades, o alvo de certas setas. Tudo passa. Tudo se transforma. Valores e crenças também. Evoluem, se consolidam. Caso contrário, se transformam em fardo e amarras.
Hoje eu não quis passear pela cidade com a minha bicicleta. E não foi a chuva fina que me afugentou. Nem o vento cortante, que em arrefeceu. A realidade é pontual: quis parar de andar de bicicleta e me aquietar. Encapsular os sentimentos mais gritantes. Daí pensei. E pensei. E vi que se existe um pra que, também existe um porque. Finalidade. Quem estou não tipifica quem sou. E sou feita de palavras, de muitas palavras. Embora hoje queira calar todas elas.
OBS: José Bino e Galera! Eu não vou parar de escrever não! Avisa em casa e na vizinhança! Hoje eu me senti vazia! E não quis pedalar! Pela primeira vez pensei em não mais escrever. Mas ainda não é tempo de calar. Embora assim eu me sinta. Agora!
Love
Não há uma relação monetária.
São laços.
Somos todos convidados a ir e vir.
Eventualmente.
Sistematicamente.
Para rir.
Para se emocionar.
Para trocar experiências.
Para ler sobre a vida de uma garota como tantas outras.
Para saber que estamos em barcos tão semelhantes.
Para compreender que o olhar sobre o mesmo faz a diferença.
Para perceber que sentimentos podem virar palavras.
Para acreditar que palavras motivam.
Para fixar no coração que motivação gera mudança.
Para encontrar na mudança a força necessária.
Para que nessa descoberta você tenha coragem de fazer resgates importantes.
Para que esses resgates te tirem do lugar comum.
Para que o lugar comum deixe de ser um lugar vazio.
Para que o lugar vazio não esconda mais uma dor não trabalhada.
Para que a dor se transforme em tratamento.
Para que o tratamento seja combustível para encontros:
Para que encontros íntimos e pessoais garantam o direito de se estar em paz.
E para que a paz produza calor interno.
Para que o calor interno motive sorrisos sinceros.
Para que sorrisos sinceros inspirem novas vidas.
Para que tendo nova vida, enfim, tenha-se a coragem de seguir esse caminho que se chama transformação:
Para que o amor genuíno seja a raiz de toda a felicidade.
Basta um passo.
E esse passo gera um processo.
Basta não olhar para trás.
Mas para o alvo.
A luz.
A escolha certa.
A vontade.
A entrega cega, mas consciente.
A vontade de se doar não só ao outro, mas a si mesmo.
Primeiro.
Todos temos sentimentos escondidos em baús.
Não são fantasias.
Não são lembranças.
São fantasmas que nos impedem e limitam.
Mesmo relegados ao esquecimento aparente.
Ao let it be.
O amor.
Ele é real.
Ele existe.
Ele é tudo ou mais que sonhamos e desejamos.
O amor.
No entanto.
É destinado a quem tem coragem.
Não pelo outro.
Mas acima de tudo por si mesmo.
Basta um passo.
E assim começa o processo.
Também é preciso colo, ouvido, mão e um pouco de fé.
Só um pouquinho.
Como tempero.
Nesse processo, a nossa humanidade se transmuta.
Seremos cheios de tudo aquilo que se precisa para viver.
Não é utopia.
O amor é a fonte de toda a riqueza interna.
O real.
Aquele que começa em você.
E quando você conquista.
Você não o quer para você.
Apenas.
Porque um novo desafio é lançado.
De uma forma que não se pode mais voltar.
Quando se encontra o amor.
Você compreende o que é partilhar.
E nessa matemática incompreensível.
"quanto mais se partilha, mais ele cresce".
Um homem e uma mulher.
Um encontro.
Sem tempo.
Só verdades.
Coragem para ir além do óbvio.
Das palavras.
Das convenções sociais.
Dos dissabores.
Do medo.
Somos gente.
Como tanta gente.
Somos medo e desejo.
Somos o desejo de estar.
Somos pele e somos instantâneos.
Eu e você.
Aonde quer que a gente se encontre.
Temos uma vida pela frente.
O futuro nos espera.
Urgente e tranqüilo.
Incoerente
Equilibrado e latente.
O tempo nos espera.
Embora ele voe.
Embora ele nos pressione.
Há um pouco de teia de aranha na ansiedade.
Há saudade.
Há desejo.
Há urgência.
O amor tem as asas do infinito.
Tem o número das estrelas.
Sabe os grãos das areias da praia.
O universo somos nós.
E eu não sei onde está você...
Ainda.
Oooops!
30.3.09
Xô!
Você sabia que existem mais de 300 espécies destas famílias distribuídas em todos os continentes? Podemos dizer que é uma praga multinacional. Tem gente que gosta de alimentar um pombinho... Mas, no geral, esse bicho piolhento gera mais encrenca, que compaixão e alegria. Um pombo pode viver até 15 anos. Isso quer dizer que aquela turma que faz cruw-cruw de manhã, perto da minha janela, pode me atormentar por mais de uma década! E seus filhos e seus filhos e seus filhos... Xô!
28.3.09
Águas
Vinícius e um amigo entraram em uma casa onde havia um incêndio e salvaram três crianças. O menino foi condecorado pelos bombeiros. E , mais recentemente, viu um amigo ter a perna decepada por uma embarcação em um canal da cidade. Pulou na água para resgatá-lo e agora torce por sua recuperação, no hospital.
Ato nobre e bonito. Digno de todo o destaque. Embora toda a ação tenha sempre seus riscos. Por um lado, acho que um guri de 13 anos ainda é uma criança. Mas veja só como é a vida...
Eu tinha 14 anos. Participava do Movimento Escoteiro. Não ficava com as meninas da minha idade. Na época, eu gostava de chefiar as crianças de 6 a 11 anos [o chefe era meu Pai, mas tudo acabava ficando sob a minha orientação e responsabilidade dele]. Planejava brincadeiras, contava histórias, cantava, ensinava sobre Cidadania, companheirismo, valores importantes. Nesse dia a gente tinha ido para a região da Costa Verde do Rio de Janeiro. Eram umas nove crianças e eu. A gente tinha acabado de chegar à praia. Ainda na areia, todos procuravam se acomodar. Tudo tinha ordem.
O Bruno, o mais velho e mais alto deles [mais alto que eu, inclusive] ficou em pé, olhando para o horizonte. Foi no mesmo momento que eu também avistei uma coisa estranha dentro do mar. O Bruno se aproxima de mim. Eu digo:
- Vai lá ver o que é!
- Eu não! Tenho medo.
Bruno só tinha tamanho. Pedi a ele que olhasse as crianças e deixei claro que ninguém poderia entrar na água. Outro menino de 11 anos foi até a casa onde estávamos para chamar meu Pai, que é da área de saúde.
Fui entrando na água e me aproximando do que parecia ser um menino boiando. A cabeça estava para baixo da água. Tive medo, mas fui pensando:
- Se esse garoto estiver de brincadeira, ele vai ver só uma coisa. Não conheço e nunca vi, mas isso não é brincadeira que se faça.
Ao chegar bem perto, meu maior temor mostrou-se real. Empurrei ele e nada. Já não dava pé para mim. Assim mesmo, puxei ele pelo braço, tirando sua cabeça de dentro da água. Mole. Caiu, sem firmeza. Desespero total. Comecei a puxar essa criança para o raso e a nadar contra a corrente, tentando manter a cabeça dele para fora da água e a minha também. Foi difícil.
Quando cheguei à parte rasa, eu o peguei pelos braços e comecei a tentar sair do mar. As minhas crianças [ele não era do meu grupo] já estavam aflitas na areia. Meu Pai vinha correndo lá atrás, pude ver. E uns fortões me viram com a criança nos braços e correram para me ajudar. Ali, né, já na parte final?!
Deitaram o menino na areia. Meu Pai começou a fazer as manobras de ressuscitação cardio-respiratória. Eu tentava afastar os meus meninos daquela cena, quando vi um grupo vir correndo na nossa direção. Juro que a cara de curiosidade mórbida daquelas pessoas me deu um embrulho no estômago. Uma dessas caras, no entanto, se transformou. Era a tia do moleque. Ela se jogou na areia em desespero. Eu só pude segurá-la e comecei a fazer perguntas, a tentar acalmá-la [impossível, não é?]. Ele tinha apenas 8 anos. Brincava sozinho no mar. Estava morto.
O mais impactante dessa história aconteceu nos bastidores, digamos assim. Cerca de 10 anos antes, meu Pai comandou uma manobra de ressuscitação cardio-respiratória que teve muito êxito. Por isso, antes mesmo de entrar na água do mar [na Costa Verde], eu pedi para chamar e-l-e [especificamente]. Dez anos antes daquela cena, eu caí em uma piscina e ali fiquei, roxa, inerte, até uma menina da minha idade perceber e mostrar para um adulto que eu havia “parado de nadar”. Meu Pai não foi o primeiro a chegar e pular na água, mas foi ele que me “trouxe de volta à vida”.
Com licença?
Sim. Você leu certo.
Na era da espiadinha do BBB, você pode imaginar que eu troquei as bolas, a ordem natural das coisas, mas não.
Exemplos não faltam.
Vou começar pelo menos óbvio deles, que terminaram de me contar na semana passada. Sim. Foi uma invasão em etapas crescentes.
Muito provavelmente, um dia, um dos trabalhadores entediados, exaurido, sem força para pensar no mercado financeiro após um almoço caprichado, deixou-se levar pela movimentação além de sua janela. Viu, àquela hora da tarde, o que ele provavelmente só assistia no escuro [não falo de praticar, mas de assistir]. Sexo ao vivo e de graça. Às 15 horas.
Não demorou muito, a notícia se espalhou. A freqüência era assídua. Todo dia tinha filme e a platéia ia crescendo. Alguns já iam para a janela esperar a hora do gol. Sim, meus caros, havia torcida. E a coisa chegou a tal ponto, que a direção da empresa teve que mandar uma circular pedindo seriedade aos funcionários. Compostura. Quer dizer, sem ligar para a postura dos outros. Algo assim.
Outro fenômeno se mostra bem atuante. Manifestações de todas as ordens e nos lugares mais impróprios. Veja bem: todo Mané agora tem um celular que toca mp3. Todo Mané agora quer mostrar status, colocando a sua música favorita nas alturas. Seja no trem, no ônibus, no metrô, dentro do elevador. Muito em breve estarei vendo esses aparelhos tocarem dentro da igreja ou dentro do caixão.
- O último desejo de Wescley, era ser enterrado com seu celular com mp3 ao som de Charlie Brown Junior, Tupac e Netinho de Paula.
Dia desses é que tomei um susto com isso. Estou sentada na janela do ônibus. Chega um grandão e se espalha do meu lado. Braços e pernas soltos, me esmagando contra a lataria do busão. Se a folga já não fosse suficiente, o Mané pega seu celular e coloca, às alturas, o repertório inteiro de Beth Carvalho. Peraê! Eu estava ali primeiro e lendo! Eu podia gostar ou não do sambinha! Juro que cheguei a olhar para ver se em seguida viria um fone de ouvido. Louca eu, né? Coisa mais ultrapassada essa paradinha de fone de ouvido.
- Com licença? Sua intimidade está me invadindo!
Acho que ele percebeu meu muxoxo. E? Trocou de lugar. Simples assim. Sentou-se naquele banco mais alto, onde o som se propaga melhor. O ônibus inteiro tinha que ver que o fã de Beth Carvalho [o “Carvalheth”] tinha um celular mp3.
Minha vizinha do lado começou a fazer obra na cozinha dela. Situação normal de prédio velho. O pinga pinga tem que ter um fim. Obras? Mas é claro! E o pum tac pow plac tum tum tum começou a comer solto em horário comercial. Situação normal de obra. A vizinha de baixo sobe para fazer escândalo, alegando que o não era possível aquela barulheira, que o prédio parecia uma favela. Oi? Talvez eu devesse sugerir fones de ouvido para as marretas também... Só que, claro, história não pára por ai. É justamente essa vizinha que diariamente grita com seus filhos. É como se os meninos estivessem sentados aqui na minha sala e ela lá debaixo esculhambando a garotada. São dois meninos. A gente sabe de tudo. Não porque quer, essa é a pior parte. A intimidade dela invade a minha sala sistematicamente.
E quanta gente não fica aos brados ao celular. Você sabe a lista de compras, a programação do fim de semana, as viagens programadas, a situação difícil pelo qual a sogra passa. Você pode saber toda a vida de uma pessoa em um percurso de ônibus ou metrô. E briga de namorado? Outro dia, quase me levantei para consolar a menina que estava sentada no banco de trás. Era de partir o coração. Ah, peloamordedeus!
Zé
27.3.09
Bafão
razão e simplicidade
26.3.09
Hoje
Cegos
Saí do vagão com preguiça de subir o lance de escadas que se interpunha em meu caminho. Olhei para frente e vi um casal de cegos vencendo os degraus na maior disposição. Sozinhos. Rápidos. Ele com a bengala e ela segurando o braço dele. Um, dois. Um, dois. Um, dois. Sem parar, sem vacilar. Aumentei o meu ritmo, porque não queria perder aquela dupla de vista. Ao sair da estação, eles começaram a perguntar para as pessoas em volta onde havia uma igreja evangélica. Os motoristas do ponto de táxi fizeram caras de interrogação, tentando balbuciar alguma coisa. Teve um até que apontou a direção. [Pumf! Pensei eu... Quem é o deficiente agora? As pessoas que não enxergam ou a pessoa que dá uma informação ineficiente?].
Assim que venci os degraus, me aproximei do casal. “Para onde vocês querem ir?”. “Posso acompanhar vocês até lá”, eu me ofereci. E entreguei o antebraço [a parte perto do cotovelo], para que a moça cega pudesse se apoiar em mim [aprendi que é assim que se faz e já me posicionei da maneira certa para eles]. “Nós vamos andar o equivalente a um quarteirão”, disse. Eles têm noção de deslocamento sim. E fomos andando. “Eu conheço um pouco desse lugar. Já passei por aqui”, me avisou a moça. Ela é esperta e gosta de um papo. “Passamos em frente à Lojas Americanas. Se depois você quiser alguma coisa Fulano...”. [Olhei para ela! Como é que ela sabia? O som das coisas... Assim como eu me preocupo em ver os obstáculos à frente e foco nisso; toda a atenção dela estava voltada para escutar as coisas ao seu redor]. Àquela altura dos acontecimentos, a gente não estava apenas andando, mas quase correndo. Eles estavam me impondo um ritmo muito rápido. E eu tendo que balançar o braço para que essas pessoas desavisadas, que andam olhando para ontem, não colidissem com o nosso grupinho de três.
Eu estava mesmo preocupada com o ritmo das nossas passadas. Falei isso para eles. “Vocês andam muito rápido. Reparei isso, enquanto vocês subiam as escadas do metrô”. Ele responde: “A vida passa voando, moça. A gente não tem tempo a perder”. Eu dei risadinha e disse: “É verdade”. A cega completou, marota. “A nossa deficiência é no olho, não é no pé não!”. E ria da bobeada que eu dei! Ela tem razão! Não precisa de outras deficiências, que não a sua de origem. Fiquei tão orgulhosa daquela dupla e da lição de vida que eles estavam me dando...
Nosso destino chegou. Era a direção oposta da que eu devia ir. Mas foi o melhor desvio que eu tomei nesses últimos tempos. A gente pensa que está fazendo algo nobre ao ajudar as pessoas. Que nada! A resposta interna é tão grande, que o auxílio, na verdade, acaba sendo um grande prazer. E a lição sempre vem. Ali, por exemplo, eu percebi que não são muitas as pessoas que se dispõe a orientar o outro. Existe gente com medo de gente e isso é uma coisa que não posso compreender. Foi quando me voltou à mente a questão dos valores passados de uma geração à outra.
Tenho exemplos em casa! Minha Mãe sempre ajudou aos cegos. Lembro de ouvi-la contando como fez, principalmente, de vê-la fazendo. Foi com ela que aprendi a questão de deixar que a pessoa se apóie no seu antebraço. Porque ela aprendeu isso com um cego, durante uma ajuda. Isso sempre foi muito espontâneo e natural aqui em casa. Também não foi a primeira vez que ajudei um cego a atravessar a rua; ou que falei com um surdo; ou que segurei o meio braço de quem não tinha um inteiro [um grande amigo do meu Pai perdeu metade de um braço em um acidente e para mim, ainda muito menina, nunca houve nada de diferente]; ou tive paciência com gente de idade; ou dei carinho para pessoas no hospital ou orfanato.
25.3.09
Rio Antigo
Há
24.3.09
Meus Braços
Vamos transcender a autora da frase [sei que ela é polêmica e alguns dos meus leitores especiais têm certa aversão pela escritora. Normal, ninguém pode agradar a todos e querer tal mérito é buscar o imponderável]. Vamos nos ater ao profundo significado de suas colocações. Li essa frase em uma revista que estava jogada aqui em casa. Exemplar antigo sim, de onde tirei a frase, que ganhou nova compreensão diante de fatos urgentes da vida.
Deus me deu muitos presentes em forma de amigos. Alguns deles acabam por se tornar a minha família escolhida, cujos laços não são sanguíneos, mas emocionais. Dessa forma, tenho alguns melhores amigos. Uma grande família escolhida por mim para dividir alegrias, tristezas, vitórias e segredos. Não gosto de agregar valor às pessoas. Na visão que tenho, todos fazem parte de um corpo, cada um importante na sua função, com suas características particulares e únicas.
Em uma semana eu vou ter que dizer adeus a um pedaço dessa família, que está de partida para outro país. Só de pensar, dói. E eu, sinceramente, gostaria que aquele que lê esse texto agora, saiba a dimensão do que estou falando. Porque só quem ama de verdade e é amado em retribuição, pode ter noção de que essas palavras não são a conjunção de algo piegas, mas de algo estrondoso e retumbante [com o perdão do exagero, que aqui encontra lugar]. E felizes são os que se permitem e se entregam ao amor.
Vivi e Ellus são casados. Amor compacto. Indivíduos únicos, também, para mim. Consigo amar a cada um individualmente e os dois ao mesmo tempo. Lembro como, quando, onde e porque nos conhecemos. Cada detalhe. E nos tornamos tão unidos, que as pessoas achavam que eu e a Vivi havíamos feito a mesma faculdade. Isso foi em Julho de 2005. Amor imediato.
E nesse tempo bendito, vivemos tudo o que se há para viver. E pareceu tanto e tão pouco. Nem sempre juntos, mas sempre por perto. Do lado de dentro. Testemunhei momentos especiais, mudanças, planos e mais mudanças. E mais planos e agora a mudança definitiva e para tão longe... Não sei me despedir. Não sei como é a dor de arrancar um braço. Meus braços estão indo para longe. Mas se a gente acompanhar a metáfora, eu posso acreditar que meus braços estão alcançando espaços maiores. Prontos para abraçar o mundo. Amor liberto.
Esse afeto tão natural, agora é parte de uma dor pessoal. Que eu queria não sentir, mas é preciso olhar e testemunhar a evolução pessoal da dupla tão amada por mim. Não há distância suficiente capaz de barrar o meu amor e a minha gratidão. Tem um trecho do verso de E.E. Cummings que eu gosto demais e que aqui cabe: “Carrego seu coração comigo. Eu o carrego no meu coração. Nunca estou sem ele. Onde quer que eu vá, você vai”.
Eu não sei me despedir. E não quero. Prefiro acreditar no até já. Contudo, é difícil demais me imaginar sem eles. Estão tirando o meu porto do lugar conhecido e agora, terei que saber que o porto seguro estará um pouquinho mais longe, mas lá estará. Amor tranquilo.
Eu não sei me despedir. E não quero. E me faltam palavras, embora as lágrimas expressem que é mesmo difícil transformar tudo em palavras. Texto não tem gestos. Estou confusa: triste e feliz. E tensa, por não conseguir traduzir o que sinto de verdade.
Eu não sei me despedir. E não quero. Mas quero deixar claro o meu amor. Que vai com eles. Recebi de uma amiga, uma vez, uma bênção irlandesa, que aqui também quero registrar, para tentar terminar, o que, na verdade, não tem fim:
"...que o caminho seja brando
Round 1
22.3.09
Olha só
O que o vento faz com papel / E traga ele a notícia que for / Vai voar, voar
É assim quando se gosta de alguém / Não se consegue mais impedir
Que o amor, Faça o mesmo com o coração / Traga ele que razões trouxer Nem o tempo sabe mais dizer / Quando é ontem, hoje ou amanhã
Olha só, Como a gente nem sabe onde está / Nós somos o papel a voar
Contemplando esse mundo tristonho, profundo
Olha bem,
Porque quando se tem tanto amor
A gente pode ver muito mais
Voa...voa...voa...voa..
Depilação
E como mulheres gostam de ter opções, eu mesma, representante desse clã, fico impressionada com a quantidade de depilações diferentes que se pode fazer. Principalmente quando falamos da depilação da virilha. Bem, virilha, no caso, foi o “apelido” que deram para suavizar o todo a que esse ritual de escalpo comporta. Outro dia eu entrei em uma clínica de depilação e a mulher estava me oferecendo um adesivo para colocar nas partes depiladas. “Uma surpresinha para o namorado”, disse a atendente. Eu estava só checando o preço. Caí na gargalhada. E imaginei que o homem que visse aquilo nas partes de sua namorada, também reagiria da mesma forma. Só imaginei... Na verdade, nunca perguntei aos meus amigos heteros, se eles têm alguma preferência em relação à depilação.
Estou tocando no assunto, porque li hoje mesmo no G1 que o estado americano de New Jersey desistiu dos planos de banir a depilação de virilha conhecida como "Brazilian". Há algum tempo venho acompanhando as notícias de que esse tipo de depilação pegou mesmo na América de cima. Acho até estranho, porque todas as calcinhas de lá parecem fraldas. Até que a Victoria’s Secret resolveu lançar a linha “Brazilian Cut” – com o corte mais cavadinho, que a gente usa por aqui. Fico pensando o que seria da sensualidade americana sem os itens “Brazilian”...
As Maravilhas
History
Você pode me perguntar: e daí? Sabe o que eu disse para ele? Tira fotos, viva as experiências com intensidade, registre as histórias, anote fatos. Com a abertura gradual que a Ilha vem experimentando, a gente sente que muito em breve tudo será diferente. Não estou aqui para discutir se a mudança vai acontecer para melhor ou para pior ou os rumos e consequências que uma abertura vá gerar. O fato é que quem está indo agora, vai visitar um lugar que está no limiar de uma transformação. Pronta para virar história.
Nesse caso, a gente bem observa que há indícios fortes que nos façam perceber a condição histórica de tempo e espaço. Fico imaginando que também não era difícil saber que alguma coisa aconteceria na Alemanha, na passagem da queda do Muro de Berlim. Os acontecimentos já registravam que não havia mais a separação entre as duas Alemanhas e a derrubada daquela fronteira foi um ato altamente simbólico para a concretização do fato histórico. Eu me lembro da matéria que o Pedro Bial fez nesse dia. Ele foi um grande correspondente internacional, daqueles que a gente diz que tem vontade de ser quando crescer. Ou também nessa última mudança de Papa que acompanhamos. Vamos combinar que João Paulo II veio dando indícios de que ia "bater a caçoleta" e entrar para a história.
No entanto, existem aqueles momentos que nos pegam absolutamente de surpresa. Por exemplo: os ataques de 11 de Setembro. Acho que todo mundo se lembra onde estava, quando soube que as Torres Gêmeas haviam sido atingidas. Eu me lembro bem. Estava na Faculdade. Minha amiga Renata passou no corredor dizendo que não teria aula, porque atingiram uma das Torres Gêmeas e estava para acontecer a Terceira Guerra Mundial. Eu fui correndo para o laboratório de publicidade, onde o professor tutor era brother e ia me deixar usar os computadores [você veja só uma coisa. Sou da época em que a faculdade tinha pouquíssimos computadores à disposição]. Os sites de notícias estavam congestionados. Já nem baixavam fotos, só textos mudados em uma velocidade constante. Fomos para o auditório acompanhar o desenrolar dos fatos.
Vamos pensar juntos: um dia como esse é inesquecível, certo? Não tem como não entrar para a história. Mas conheço gente que não deu tanta importância ao fato. Uma amiga minha, jornalista, estava visitando a cidade bem no dia da tragédia e não quis se manifestar a respeito. Era um direito dela? Claro! Ela se permitiu não querer fazer parte dessa história. Mesmo que fosse apenas mandando para o jornal um relato em primeira pessoa de como estava a situação na Ilha. Nada. Mas ela estava lá! Fato! Uma maré da história a pegou no meio do curso normal da sua vida. Somos expostos a situações como essa a todo e qualquer momento. Ou você acha que aquele povo que foi tragado pela Tsunami estaria lá, de prancha na mão, esperando a maior onda do mundo?
Gosto de ver a história acontecendo. Gosto de saber-me parte desse livro sem fim. Ainda me assusto ao pensar que Veneza pode afundar, que a Califórnia pode se partir no Grande Terremoto, que as pequenas ilhas podem ser tragadas por grandes ondas... É triste saber que não conheci o Salto das Sete Quedas [maior cachoeira do mundo em volume de água. E que não havia sete quedas, como o nome sugere, mas 19], que foi destruída para que o lago da Usina Hidrelétrica de Itaipu fosse construído [Já visitei a Usina. Já visitei as cachoeiras da Foz do Iguaçu com todos os níveis de água que se possa imaginar].
A gente também faz história, direto, quando deixa a nossa marca na vida das pessoas. E essa marca é registro da nossa passagem, da consequência das nossas ações na vida do outro. Eu faço história na vida de quem convive comigo e tento registrar aqui, para que outros nos saibam história. Não posso trazer a minha vida para a tela, mas essa já é uma outra história.
21.3.09
Minhas Respostas
Os romanos sempre foram muito concretos para acreditarem em coisas abstratas. Zero é um número muito abstrato para fazer parte da contagem Romana. Isso é coisa de Grego e suas histórias místicas.
Porque nós, que não estamos no vácuo, mas no cinema, precisamos dar emprego [e Oscar] aos engenheiros de som.
Eu já vi um chester congelado no supermercado! Bem vi sim... Acredito na Sadia, que deve ter uma criação deles em laboratório numa região X, tão protegida, quanto àquela região que o pentágono guarda as informações sobre os ETs. Chester também é um nome masculino americano, mas eu nunca comi um! Eu juro!
Pede? Sinceramente nunca tive que instalar um computador. Mas o mouse tem teclas também, não?
Faria a mesma pergunta para os homens. Embora eu não ache os homens sejam todos iguais.
Para que nenhuma delas sofra de complexo e continuem servindo ao seu propósito na língua portuguesa sem reclamar.
Porque tudo junto são duas palavras independentes, descoladas e separado é uma palavra só. Ela não gosta de coexistir.
Porque o garçom passa um paninho no suor da garrafa antes de nos servir. Há outros que não ligam para esse detalhe.
Porque a nossa é Matrix. Tem gente que canta que a Lua é de São Jorge. Aliás, o namorado do meu amigo Jorge deu a lua para ele [já falei sobre isso aqui no Bibidebicicleta]. Será que é por isso?
Porque essa é a oportunidade que o universo nos dá de fazer novos amigos. Aproveita, boba!
Porque tem sempre um dedo de chumbo em cada residência, que vive para estragar esses frágeis aparelhos e a gente é levado a pensar que ele já estragou mais um ao invés de imaginar o mais óbvio, que é problema de pilha. Vai ver a pilha do nosso cérebro também enfraqueça vez ou outra.
Pela Cientologia! Perguta só ao Tom Cruise.
Pela posição do sol ao meio-dia.
A Coca-cola não é parte do nosso DNA? Já já descobrem!
Porque mamãe pagou durante quatro anos a faculdade de jornalismo para que eu me tornasse alguém capaz de fazer perguntas pertinentes. Sabia não!?
Essa é um dos itens das tarefas diárias de um chato. Se eles não fizerem, como poderão saber-se chatos?
Por mais que
Por mais que você pense que esse estágio é passageiro, qualquer estágio sempre será, porque estamos nessa vida de passagem;
Por mais que a gente ame o dia que estamos vivendo, o amanhã nos chama e ele vem inexoravelmente;
Dias especiais tornam-se lembranças especiais – uma sobrepondo-se a outra para formar a teia de um pensamento;
Por mais que a gente busque adquirir conhecimento, a vida sempre vai parecer um enredo de poucas respostas ou de muitos questionamentos;
Nada é igual, ninguém é o mesmo sempre, tudo muda e se transforma em oposição ao tempo dos acontecimentos que não se espera esperar;
Por mais que algo ou alguém te dê segurança, dentro de nós há sempre uma insegurança de nascença, um instinto de sobreviver ao que lhe parece ser desconhecido;
Mesmo a fé sendo a certeza de coisas que se esperam e a convicção de fatos que se não vêem, a entrega a ela é um passo difícil, porque a nossa humanidade clama pela concretude dos acontecimentos, porque assim fomos gerados;
Por mais que se tenha fé, sempre teremos a humanidade a nos lembrar das nossas inseguranças;
Por mais que se tenha amor, o desamor reina e nos declara que o caminho à frente é cheio de espinhos. Mas é preciso continuar;
Por mais que se tenha amor, a gente nunca sabe o quanto dele é suficiente;
Por mais que se tenha amor... Por mais que você tente viver sem expectativas, a gente está sempre esperando por alguma coisa ou alguém.
20.3.09
Robertão
A primeira vez que vi o Roberto Carlos, eu nem pensava em ser jornalista. O irmão da minha vizinha fazia um tratamento na Urca e a gente sempre parava ali na mureta, em frente ao apartamento dele. Um dia eu o vi passar com a Miriam Rios, sua mulher, na época. "Grande coisa", lembro de ter pensado.
Anos mais tarde, Esmê, meu chefe, me dá a missão de descobrir se o Roberto faria missa de dois [ou três, já nem lembro] anos da morte de Maria Rita. Sabe qual foi a primeira coisa que pensei? “Caraca, eu estou de preto!”. Já ia pedir para descer e comprar uma roupa azul, quando me dei conta de duas coisas:
1) Não sou fã;
2) Ele não gostava de marrom, não era isso? Missa de preto tem até relação...
Hoje me dá vontade de rir com essa preocupação boba. “É o Rei, é o Rei"... A gente logo pensa. Pô, bicho, é o Robertão! E fui eu para a porta da igreja farejar se haveria missa. As caixas de equipamento de som azuis denunciavam. Chegando mais perto, vi a marca RC. Já é!
Fiz a cobertura daquela missa e de, pelo menos, mais uma três [ou quatro]. A liturgia era sempre a mesma. Mesmo padre, mesma sequência de acontecimentos. E a tristeza no rosto de um homem que perdeu o seu amor. Porém, quando ele abria a boca para cantar... Vou te dizer! Roberto ao vivo é sensacional. Aquela voz inconfundível, que te embala, que te emociona. Mesmo que as músicas também se repetissem “ad eternum”. Meu bicho carpinteiro sossegava no banco ao ouvir qualquer acorde “Del Rey”.
E eu me lembro da última vez em que estive na missa. Foi tão especial, quanto a primeira. A estréia sempre rola sob o signo da novidade e você se impressiona até com o ZzzZzzz de um mosquitinho que passa ali, desavisado. Na última [que fui], a gente já sentia que o Roberto estava começando a reagir. Seguia firme no tratamento do TOC, já havia voltado a fazer os shows e até a “marombar”, como ele mesmo disse em uma de suas coletivas.
Finda a missa, fotógrafos e repórteres correm para frente da capela. Só que os fotógrafos ainda não haviam sido liberados. Nós, repórteres, estávamos em um grupinho, atrás de um cordão de seguranças, esperando o Rei falar com seus familiares. Nisso, vem atrás de nós uma horda de fotógrafos enlouquecidos; tal qual estouro de manada. Eu estava presa entre um segurança e o banco da igreja e comecei a ser esmagada. E o fotógrafo gritando comigo, porque eu estaria atrapalhando a sua foto [ora você veja!].
Nessa situação esdrúxula, ele me pegou pela mão. Foi isso. Roberto Carlos me pegou pela mão e me colocou na parte de dentro do tal cordão de isolamento. E ficamos lá: eu, ele, o padre Jorjão, a Kassu (assessora dele) e uns três familiares. E só o que me vinha à cabeça era: “Não adianta nem tentar me esquecer. Durante muito tempo em sua vida, eu vou viver. Detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grandes pra esquecer e toda hora vão estar presentes, você vai ver”.
19.3.09
Meus Mendigos
A frase pode parecer estranha, mas é, de fato, verdadeira.
Mas tem que ser mendigo mesmo, daqueles de carteirinha. Que escolhe um lugar na calçada e ali vive.
Não compactuo com o que agora chamam de população de rua. Gente que tem casa e vive nas calçadas por uma série de razões. Não gosto dos que exploram crianças e feridas em busca de um trocado. Nem dos que se juntam a outros tantos para cometer crimes ou fazer baderna.
Aprendi a ter respeito pelos mendigos que tinham código de ética nas ruas.
Está achando estranho? Eles existiam!
- Come! Come mesmo Mulher! Depois não vai dizer que passou fome na minha companhia!
Hein!? hahaha
Marílio era boa praça. Cumprimentava os moradores.
Gostava de cantar. Essa era a parte ruim.
Era educado. Minhas tias passavam e mexiam com ele:
- Como é que vai Marílio?
- Tudo belezinha, minha querida santa!
Minha querida santa era algo de muito especial.
Passei um dia com uma Tia que adorava uma cervejinha. Ela viu que Marílio bebia a sua, em copo de água mineral.
- Aí, Marílio, tomando a sua cervejinha!
- Estou sim minha querida santa. Quer um gole?
E esticou o copo na direção dela. “Vai encarar?”, eu perguntei, já morrendo de rir. “Eu não! Aquele copo todo babado”, ela respondeu. Foi quando eu ri ainda mais, porque não é possível que ela tivesse considerado a minha pergunta. Daquele dia em diante, disse que era o namorado dela. Ela dizia que era o meu. Mas toda vez que eu aparecia lá, ela me contava uma novidade. “Vi a bunda do Marílio hoje”... A gente ria. Era prenúncio do Big Brother Brasil.
Ele ficava ali dia e noite. Às vezes sumia. Minhas Tias iam para a janela, esperando por sua volta.
- Acho que dessa vez não tem volta. Devem ter levado ele para o abrigo!
Que nada! Dias depois estava ele de volta, cantarolando. Alegria da rua.
Tia N descobriu o número do pé dele e comprou um kichute. Tinha épocas que dava comida, noutras dava roupa.
Até que um dia ele sumiu mesmo. Virou história.
Lucia era loira e vivia sentada entre dois carrinhos de supermercado. Seus bens.
Estava sempre suja.
Soube depois que ela havia sido manicure.