26.4.09

Medos



"Deixe seus sentimentos acontecerem. Não se vista de medo.

Ou ninguém saberá que você está lá".



Anotei essa frase em um pedaço de papel. Não sei de quem é. Estupidamente não registrei o seu autor, coisa que gosto de fazer. Sempre. Jamais quero ter o desgosto de ver a minha obra "voando" por outra vizinhança apátrida. Embora saiba que isso é bastante provável de acontecer. Tento apenas não pensar no caso e [até] sei que levaria numa boa se estivesse sendo usada para um bem maior. Por isso uso essa frase sem seu autor.

Por que revisitei esse escrito? Ora, porque quero me despir da roupa do medo. É um vestido que não me cai bem, mas que andou sendo meu uniforme constante. Tenho pensado muito nisso: por que ter medo de tantas coisas? "Chego a ter medo do futuro e da solidão que em minha porta bate".

Alguns medos são pedras que carrego na mochila. Por exemplo? Ando com medo do que escrevo aqui. E se me julgarem pela embalagem? E se acharem que sou APENAS isso que escrevo aqui? Ou que sou bem menos do que me suponho? As palavras refletem meus pensamentos, não todos. As palavras refletem meus sentimentos, que são transparentes e reais. E se acharem que é uma grande bobagem? E se estiverem rindo de mim por trás, quando sorriem para mim pela frente? E se isso tudo aqui for uma grande exposição que vai me jogar na roda dos lobos?

Tenho esses e outros medos. Mas se eu não seguir adiante, ninguém saberá que estive aqui. Daí a importância da frase. Eu preciso saber de mim. Escrevo para mim, mas já me pego pensando em vocês. Em você. Sou transparente, mas sou frágil. Tenho as partes escuras que escondo de mim e de quem está comigo. Tem uma seqüência de códigos que ainda não consegui decifrar. A minha sensibilidade me faz navegar por águas profundas. Não busco elogios, mas resultados. Não espero pelo tapinha nas costas, mas por motivação. Sei que a cada encontro eu me deparo com uma despedida. E sigo o fluxo. Não há outra direção.

Em muitas horas acho que tudo o que escrevo é bobagem. Mas há significância nas minhas ações. Há concretude. Meu amor dispensado é real. A solidariedade anda de mãos dadas com o carinho. A doçura da minha alma se declara em sorrisos. O calor do meu corpo, em abraços. Sou uma boba. Alguém que quer o bem onde só há maldade. Os tombos não cercearam a minha inocência, nem incapacitaram a minha fé. As dores não alijaram o meu bem querer. Mas me tornaram uma pessoa com muito medo. De ser quem é
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14 comentários:

Unknown disse...

Estive por aqui aprendendo um pouco!!
Abraço Ademar!!!

Bibi disse...

Oi Ademar! Sinta-se em casa! Mas aqui não se aprende! Aqui a gente troca!
Como você "me encontrou"?
Bjs

Ana Martins disse...

Bibi, nada mais encantador do que aquele que se permite "SER".
Medo temos, mas ele não pode ser maior que vc.
Aqui vc mostra que ele não é.
Não estamos livre de julgamentos. Para isso, nem é preciso se expor.
Basta estar vivo.
Não temos o controle do pensamentos dos outros. Contudo, para toda crítica destrutiva, podemos viver de tal forma, que a mantenha no seu lugar: insignificante.
bjo carinhoso
Ana

Anônimo disse...

Amiga....
Não tenha medo nunca. De nada!
Você é linda, inteligente e extremamente talentosa! Parabéns pelos textos!
Beijos,
Giovanna Pagnoncelli

Bibi disse...

Que honra a sua visita Gio!
Muito bom te ter por perto!

Sah. disse...

ahhh! nao tenha medo! voce expondo ou nao as suas ideias as pessoas sempre vao julgar voce... assim como acontece comigo e com os outros ciclistas e como as outras pessoas deste mundo todo...


quem nao eh visto nao eh lembrado... deixe-nos ver o seu belo dom de escrever...

desculpe-me os vicios de internet! hihihi

Saulo disse...

Por que temer a solidão?! Ela não é maior que sua simpatia, sua sensualidade, sua capacidade de "encher" de alegria tudo e todos!! Preencha todos os espaços com vida e confie que o que é seu está sempre bem guardado!!

Saulo disse...

"Não se admire se um dia um Beija-flor invadir a porta da sua casa, te der um beijo e partir! Fui eu quem mandei o beijo, que é pra matar meu desejo. Faz tempo que não lhe vejo! Ai que saudade d'ocê!"

Bibi disse...

Por que temer a solidão?! Talvez porque eu seja mais para os outros que para mim mesma. Talvez porque eu precise de companhia para achar graça nas atividades. Essa saudade vai acabar já já! Deixa o Beija-Flor dormir, porque já está tarde!

Fernando Rocha disse...

Lembrei de um livro do Chico Buarque, no qual ele faz uma paráfrase da história da chapaeuzinho vermelho, se não estou enganado o título é "Chapeuzinho Amarelo", na história o medo é desmistificado.

Bibi disse...

E é mesmo dismistificado Fernando? Qual a premissa da história?

Dani Lomba disse...

"...não temerei mal nenhum, porque TU estás comigo;..." Salmos 23.4Ele está comigo, está contigo está com todos nós!
Beijo

Fernando Rocha disse...

Creio que sim, mas quando puder leia e tire suas conclusões.

Bibi disse...

Combindo Fernando!