15.6.09

amor é o processo


Para quem eu escrevo? Escrevo para o infinito particular. Escrevo para aplacar a intensidade do meu coração e, obviamente, para que vocês me leiam. Certos dias eu escrevo para mim e só me dou conta depois... Calma, parece estranho, mas tem explicação. A inspiração vem e se transforma em um texto. Tempos depois eu me debruço sobre essas mesmas letras juntadas por mim e descubro um novo viés para aquele exato momento de vida.

Um amigo querido elogiou meu post Amor, Verbo em Transição, inspirado num texto de mesmo título que vi numa revista. Ele destacou algumas frases desse trabalho e estas mesmas é que ficaram a martelar o meu pensamento. After. Curioso é que esse foi um texto que comecei a fazer sem pretensão ideológica e sem saber aonde chegar. Foi além das minhas expectativas. Esse era um trabalho-exibição mesmo – confesso, para alguém em especial – mas que acabou se transformando em lição de vida. Para muitos e para mim. Amo as possibilidades da escrita.

“O amor não é a chave que abre as portas para a felicidade suprema, ele é apenas o caminho. O amor é o processo e não o acesso imediato”. Preciso dizer que essa frase se formou na minha cabeça como peças de um quebra-cabeça. Gostei dela plasticamente, sintaticamente, sonoramente... Namorei a frase dentro do contexto depois de impressa e expressa. Ela ainda me provoca, me perturba e me aquece.

O amor verdadeiro sentido e repartido é felicidade suprema. No fundo, acho o ser humano tão aquém na sua capacidade de compreender o valor exato do real sentido que cada palavra exprime ou é capaz de resumir. Somos tão fracos em pesar a intensidade e a densidade das emoções. O amor é apenas o caminho da felicidade e a alegria é o caminho para o amor. O amor é conquistado através de uma série de processos físicos, químicos e biológicos. O amor é construção. O amor é decisão. O amor é participação. O amor é troca.

Não é possível minimizar ou maximizar virtudes. O amor tem caráter pessoal, mas abrangência universal. Não é apenas bilateral, mas se espalha como aroma suave. O amor é atração e repulsão, segundo a capacidade que temos dentro de nós para lidar com essa força imensa. O amor não é imoral e é de sabor distinguível. E ele aumenta à medida que é repartido, desafiando lógicas e teorias. Seria o amor inato? Seria uma disposição mental? Seria ele fonte/parâmetro de todos os outros sentimentos?

O amor é o caminho e a chave. É o processo que nos conduz à vida em amplos sentidos e direções. Não é acesso imediato, porque o amor precisa de tempo para ser formado, tratado, elaborado, amadurecido, encontrado, realizado. O verdadeiro amor lança fora o medo. E como temos medo de amar. E como queremos ser amados. Quem quer perder tempo construindo castelos de areia? Amar é sim um risco, mas um risco calculado, que até quando você perde, você ganha.

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