Sou uma pessoa em análise. Busco o conhecimento tanto para dentro, quanto para fora de mim com a mesma fome e avidez. E temos sempre tanto a aprender! Tanta gente conhece muito do mundo externo [sua grandeza e sua beleza; suas curiosidades, pormenores e história] e não se dá conta de que é preciso também saber-se por dentro, conhecer aquilo que rege o mundo das emoções... Por isso tem tanta gente triste, frustrada, vivendo Invernos existenciais sem se dar conta de que o primeiro passo é o de fora para dentro. Eu penso, eu me reconheço. A realidade interior é senhora do destino também.
Tenho muitos defeitos. Não fujo deles [não gosto deles e sofro quando são apontados por mim, pelos outros, pela vida. Fato: é um dado de realidade]. Todos nós temos defeitos e virtudes, somos fruto do meio. Recebemos sentimentos em excesso e temos em falta tantos outros necessários. Por isso o ser humano é complexo. Eu não me furto a tentar descobrir e entender os percalços da minha existência e assim trabalhar o que há de mais importante em mim: meu ser. Ao fazer isso eu trabalho o amor em mim, por mim e pelos que me cercam. Não tenho o altruísmo de querer construir um mundo inteirinho melhor, porque o mundo é muito grande para ser abraçado pelos meus curtos bracinhos. E as minhas tarefas, quando maximizadas, me assustam. O desafio é o de se impor metas saudáveis e não cobranças enlouquecidas. Eu penso no hoje e planejo o amanhã. O agora é o que tenho em mãos para trabalhar. Amanhã? Talvez... Já disse isso aqui em outro texto, mas o tema é recorrente. Se não posso fazer do mundo todo um lugar melhor, posso fazer de mim mesma uma experiência válida, um ser produtivo e encorajador, posso aprender com meus erros e consertar os meus excessos. Só posso começar em mim.
Nessa busca, aprendi que dor e prazer fazem parte da mesma moeda. Só estão em faces diferentes. Ganhar e perder. Dar e receber. Existe uma balança dentro de nós. E ela deve estar bem azeitada para não nos pregar peças e pender de forma diferente para um dos lados. Quando isso acontece é arriscado, sinal de que lá na frente seremos cobrados por esse cálculo inválido. Sentimentos não são matemática, mas eu acredito muito mais na ciência do amor que na lógica das circunstâncias. Não sou cartesiana. Desenvolvo a filosofa de uma vida que faz sentido a mim e que visa a minha evolução e a felicidade daqueles que me rodeiam. Mas nunca me esqueço que sou responsável COM aqueles que cativo e não POR eles. Cada um deve dar conta de si e eu devo dar conta dos sentimentos que dou e doou a quem comigo comunga dias, horas, instantes. Instantes, inclusive, podem ser eternos, inequívocos e inesquecíveis. Não sou feita de instantes, no entanto. Sou feita de histórias. E construo a minha com o cuidado de uma engenheira de ideias e emoções.
Sou fiel ao que sinto, mas nem sempre o que sinto é fiel a mim. Ninguém nunca vai poder corresponder aos nossos anseios. Nem nós mesmos. Não podemos projetar expectativas no outro, mas é o que a lógica do pensamento abstrato nos incita a fazer. Porque as coisas precisam de uma espécie de lógica para existir. Só que o amor não obedece à lógica das relações. Ele se transforma e engrandece; ele cresce nos espaços emocionais que permitimos que sejam abertos. E enobrece. Só não temos é a coragem suficiente de lidar com a insustentável leveza do ser [do amar] por muito tempo na vida. A lógica vem restringir aquilo que não tem limite, porque ao delimitar criamos fronteiras e colocamos barreiras visíveis ao que não é compreendido plenamente quando é ilimitado e intangível. O amor é insensível à palma da mão, mas completamente tangível ao coração. Só requer ousadia, coragem e uma dose de risco.
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