10.6.09

Amor, Verbo em Transição - Parte 2

Amor, Verbo em Transição - Parte 2


* Continuação do post anterior


A sensação de inadequação causa sérias complicações. Estamos expostos a todo tipo de armadilha, conseqüência do não-entendimento de tantos processos. A perda da identidade, leva a um estímulo exacerbado do eu exterior. Estamos cada vez mais preocupados com nossa imagem externa, justamente porque a interna é de difícil decodificação. E o que é um apelo sistêmico passa a ser a demanda da sociedade. Mulheres deusas, mulheres oníricas aquém da realidade da maioria. E os homens caminham para o mesmo protótipo. Uma geração que caminha para a insatisfação. Quem não se ama ou busca aquilo que é praticamente impossível, como vai amar ao outro?


Uma questão, no entanto, deve-se deixar claríssima: o amor não é a chave que abre as portas para a felicidade suprema, ele é apenas o caminho. O amor é o processo e não o acesso imediato. O amor se desenvolve com a convivência e se aperfeiçoa e nos aperfeiçoa como seres humanos. Só o percurso desse caminho nos dá tempo para a real análise, observação e ponderamento. Na paixão, não nos encantamos pelo outro propriamente dito, mas pelo reflexo que fazemos de nós mesmos nessa pessoa que nos encanta. Em geral, projetamos no outro a soma das nossas qualidades. “Narciso acha feio o que não é espelho”. A paixão nos torna narcisista à priori. E é dessa forma que caímos em perigosas armadilhas emocionais.


Quem é que nunca viveu a dor de um amor iludido? Quem é que nunca projetou a âncora da sua vida em um relacionamento idealizado? O revés dessa atitude é muito perigoso e tem gente que prefere fazer olhos de mercador. Quantos de nós não varremos a nossa dor emocional para debaixo de tapete da alma, achando que nesse caminho nunca mais tropeçaríamos? Basta a primeira corrida desatenta para cairmos ao chão. Basta as primeiras gotas das chuvas que anunciam a tempestade, para então percebermos que nossos bueiros emocionais jazem entupidos. Encontros e desencontros causam um vácuo amedrontador; mas são experiências que servem para o bem quando conseguimos elaborar o luto e partir para frente. Evolução pessoal interpessoal.


A dependência do amor romântico é inversamente proporcional a nossa necessidade de individualidade. Quando o amor machuca, a nossa tendência é buscar o isolamento. Só o que encontramos é o vazio da alma. Vivemos a era dos amores vazios, das vidas vazias sem um direcionamento emocional saudável. Não desenvolvemos amor e apreço pelo nosso corpo, pela nossa alma, pela nosso intelecto, pelo nosso semelhante. Buscar o isolamento é negar a nossa característica social; é fazer cursinho para ser egoísta. Isolamento e individualidade são conceitos diferentes. A dependência do amor não necessariamente aniquila a nossa necessidade de individualidade. O amor vivido de forma madura constrói as bases de um relacionamento único. Para tal, a parceria amorosa deve ser uma escolha e não um bote salva-vidas.


ESSE TEXTO TERMINA AMANHÃ...

2 comentários:

Josselene Marques disse...

Olá, Bibi!

Que profundo, hein?! Adorei!

Aprende-se muito por aqui...
Ótimo feriado!

Abração.

Bibi disse...

Que bom querida Joss! Suas mensagens sempre me incentivam a continuar!