Amor, Verbo em Transição
Essa semana li uma matéria que falava exatamente sobre isso: “Amor, Verbo em Transição”. Era o título e a temática de todo o artigo. São palavras que me chamam a atenção. Fiz o meu ensaio sobre o tema.
Gosto de uma frase da Bíblia que diz que Deus é o Verbo. A oração, nada mais é, que os sentimentos transformados em palavras. A verborragia dos sentidos na direção Daquele que lhe faz sentido. Orar é uma arte para poucos; assim como perseverar. A segunda analogia bíblica que faço tem relação com o sentimento: Deus é Amor. Assim sendo: Amor = Verbo. Um verbo que todo mundo sonha em conjugar; mas para que isso ocorra, é preciso transformar sentimento em ação. Assim como na ORAÇÃO.
E você acha que o amor é estático ou um verbo em transição? Fácil diagnosticar, mas complicadíssimo de explicar. Vamos aos fatos históricos. O amor era algo que se encontrava dentro de um contexto familiar praticamente único: a tal família Doriana. Só que o conceito de família – concepção e formação – foi se alterando ao longo do tempo. Os papéis deixaram de estar historicamente definidos, quando a mulher começou a processar a sua evolução enquanto ser pertencente e atuante dentro da sociedade. Resultado? Queima dos sutiãs em praça pública, inserção da pílula no cotidiano feminino, inserção da mulher no mercado de trabalho. Conquistas que levaram a outras grandes, de efeito interno bombástico {o que não quer dizer ruim}, como o abandono de relações insatisfatórias e a produção independente. Mulheres não precisavam mais dos homens para criar seus filhos. Mais tarde, na revolução masculina pela qual passamos, eles assumem a tarefa de criar crianças também. E o fazem com muita perfeição.
Hoje, o ideal da família Doriana tende a não mais existir. Homens e mulheres trabalham, cuidam da casa, da educação das crianças. Os filhos não são mais apenas os filhos do casal, mais um de cada casamento; formando uma legião de quase irmãos. O amor romântico idealizado vai dando lugar ao amor prático e companheiro. Isso não quer dizer que não há mais romantismo {se ele acabar, ai de nós}... Apenas revela que estamos mais conscientes em relação a nós mesmos e as escolhas que fazemos na vida. Amar também é decisão. Ou seja, o castelo cor-de-rosa deu lugar à casa em tons pastéis.
Veja bem: ser a princesa dos contos de fadas já não cabe na sociedade moderna. No outro oposto, o que se apresenta é a mulher que decide viver os prazeres do instante, sem necessariamente se ater a uma relação estável {o que para mim é o auge do individualismo hedonista}. Tem quem encare e nesse mundo há espaço para todos. Mas assim como há opções, também lidamos com as consequências, que ainda não foram bem definidas. Ser absolutamente revolucionária, hoje, não é a melhor opção.
Esse andar da carruagem, desde a revolução feminina, suas bases e consequências, até a revolução masculina – que ainda se desenrola em um processo único – gerou um acumulo de novidades mal digeridas. Talvez por isso os consultórios psiquiátricos andem tão cheios. Maybe. Vivemos uma perda de identidade, tanto de quem somos, como de para onde estamos indo. Já reparou?
*ESSE TEXTO CONTINUA AMANHÃ...
4 comentários:
Quando li a manchete, log pensei no livro do Mário de Andrade: "Amar verbo intransitivo", mas ao longo do texto compreendi do este trata, concordo plenamente contigo, as revoluções causaram um tremendo mal estar na humanidade, a qual agora não sabe o que fazer com suas conquistas, como escreveu Bob Dylan:"It´s not dark yet/But we´re getting there."
Talvez até a assimilação total dessa instabilidade!
Engana-se quem confia na estabilidade da humanidade! Estas duas "...dades" não combinam!! As mudanças são contínuas, necesárias, irrevogáveis... e nós lentos o suficiente para sofrer com elas (ou não!). Ou mudamos, ou resistimos até o limite da razão. Não é razoável lutar contra tudo e contra todos. Também devemos deixar o "eu" mudar com naturalidade. É um constante aprendizado, também necessário!
Quem resiste à mudança marca passo, pára no tempo, vive do avesso!
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